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O legado da Euro 2012

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Ao final de uma competição, a primeira coisa que fica são os resultados que, afinal de contas, ficam paras os livros e almanaques. Daremos destaque a eles, mas antes de tudo, trataremos de algo maior: o legado a Eurocopa deixou para o futebol europeu e mundial. O que ela deixou de bom para os países sedes? Houve algo de novo nas seleções? O que esperar para o futuro?

Falando primeiro das sedes, Ucrânia e Polônia encararam um desafio enorme e, num contexto geral, se saíram muito bem. Para duas economias pouco expressivas de um continente em crise financeira, os gastos de 553 milhões de reais em média para cada arena, sem dúvida geraram protestos. Entretanto o evento já foi muito marcante do ponto de vista político, por inserir uma grande competição no leste europeu. Apesar da euforia dos donos da casa, as anfitriãs não passaram à segunda fase. Isso já era cogitado pela fragilidade das seleções da Ucrânia e da Polônia. Porém os poloneses deixaram boa impressão, e apesar de serem a seleção com pior ranqueamento entre as que participaram da competição, alguns jogadores mostraram potencial pela seleção, casos de Lewandowski e Blaszczykowski, que jogam juntos no Borussia Dortmund, e fizeram uma bela Euro. Já a Ucrânia, que teve sua classificação prejudicada pelo erro de arbitragem na partida contra a Inglaterra, teve como destaque Shevchenko, que realizou o seu sonho, ao jogar uma Eurocopa pela Ucrânia em casa. Não só realizou o dele, mas o sonho de um povo que viu o seu ídolo marcar os dois gols na única vitória da sua equipe na competição. O momento merece a lembrança, pois deve ficar marcado na história do futebol ucraniano.

Fora de campo, o racismo manchou a competição, mostrando que a intolerância no leste europeu ainda possui raízes sólidas. As brigas entre russos e poloneses também levaram a competição para as páginas policiais. O bom exemplo veio dos beberrões irlandeses que fizeram festa mesmo com as três derrotas de sua seleção.

Algumas seleções deixaram a impressão de terem ido a passeio. O vexame holandês e a inesperada eliminação russa na primeira fase foram as grandes surpresas do torneio. Os países do leste europeu ainda mostram um futebol um pouco atrasado em relação aos demais, sendo que seu principal representante, a Rep. Tcheca, mostrou uma queda na qualidade técnica em relação a outras gerações, como a de Nedved. Jogadores de futuro como Madzukic e Modric deixam claro que a Croácia é uma seleção para se ter atenção no futuro.

A Euro 2012 ficou marcada por novidades e por alguns fatores já recorrentes. Vimos surgir grandes revelações como Jordi Alba, da Espanha, e Dzagoev, da Rússia. A revolução do futebol italiano é uma boa nova, já que uma seleção marcada historicamente por defesas sólidas com nomes como Gentili, Baresi e Maldini, foi a seleção que passou a jogar com a bola nos pés, com habilidade e ofensividade que não se via anteriormente. A campanha alemã mais uma vez foi marcada por uma eliminação nas semifinais, e a terceira colocação. Com uma geração ultra talentosa, essa seleção germânica ainda não se mostrou preparada para o título. Com derrotas nas semifinais das duas últimas copas, e na final da Euro 2008, a geração de Scheweinsteiger e cia ainda precisa de um algo mais para ser campeã. Ingleses e franceses começam uma tímida renovação, mas ainda não tem muito o que comemorar. Cristiano Ronaldo foi um capítulo a parte. Começou mal, mas depois da partida contra a Holanda passou a ser decisivo e a comandar a seleção lusa às semifinais. Em sua carreira, ele já disputou três Euros. Em 2004, em casa, como a promessa, em 2008 como a esperança e este ano procurou a redenção. Foi muito bem, mas encontrou uma super Espanha no caminho.

Da Espanha não temos muito o que falar, pois todos os elogios foram feitos após a épica partida contra a Itália, na decisão da Euro. Mas talvez esteja ai o maior legado da competição. Numa temporada em que, até então, o futebol defensivo, onde não deixar jogar e explorar os contra-ataques velozes, vinha se sobressaindo (veja os títulos do Chelsea na Champions e do Corinthians na Libertadores) a Espanha deu o seu recado. É possível aliar eficiência na marcação, qualidade no toque de bola e resultado no mesmo time. E as vezes jogar o futebol arte. A Espanha mostra ao Brasil o que nossa seleção parece ter esquecido. Hoje a Fúria é o sopro do bom futebol, que ainda tenta valorizar a técnica e a habilidade, ao invés de esquemas táticos e o anti-jogo. Ela faz o que a Holanda de Crujff fez na década de 70, porém com títulos. Ela é o presente e talvez seja uma amostra de como será o futuro.

Foi uma ótima competição, melhor até do que a mediana Copa do Mundo de 2010. Duelos táticos, como o de Itália e Alemanha; seleções mais preparadas fisicamente; gols épicos, como os de Ibrahimovic e Balotelli; e a supremacia do melhor futebol fizeram dessa Eurocopa um grande evento. O futebol agradece.

Para encerrar a cobertura da Euro 2012 escalamos nossa seleção com aqueles que, segundo nossos olhares, foram os maiores destaques da competição. Até a próxima Euro!

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