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PELÉ: O TAMANHO DO NOME MAIS FAMOSO DO ESPORTE

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Já ouviu falar que o alguém é o “Pelé” de alguma coisa? Pois é. Isso dá a medida do tamanho que esse nome tem. Falar que Pelé é um gênio do esporte é chover no molhado. Hoje vamos falar do seu nome, seguramente o mais famoso do esporte.

Sem dúvida é o apelido mais famoso de todos os tempos. Um dos poucos que não precisa de uma explicação sobre a quem se refere. Basta lembrar de sua visita à Casa Branca, em 1986, quando foi apresentado com a seguinte introdução: “Meu nome é Ronald Reagan, sou o presidente dos Estados Unidos da América. Mas você não precisa se apresentar, porque todo mundo sabe quem é Pelé”. Uma palavra de quatro letras que realmente é reconhecida em praticamente todos os cantos do mundo. Certa vez, o próprio Edson Arantes do Nascimento teria respondido a uma comparação sobre sua fama e a de Jesus Cristo com a brincadeira, ao dizer que “há partes do mundo em que Jesus Cristo não é tão conhecido”. Fanfarronices à parte, os dois nomes estão entre os mais próximos da unanimidade.

Mas como chegar a tanto? Como fazer de um nome um ícone dessa magnitude?

Primeiro, o campo. Lá ninguém foi maior que ele. Você vai encontrar jogos em que Pelé jogou mal mas jamais encontrará um em que ele não foi protagonista. Ele sempre o foi. E durante a maior parte de sua carreira, foi o maior deles. Entre altos (em sua maioria) e baixos, forjou uma carreira única no esporte mundial, se tornando uma referência da excelência. Rodou o mundo desfilando sua técnica e consolidado seu nome como um sinônimo de arte. Encantou como poucos e, como Andy Warhol disse, “Pelé é um dos poucos que contradizem minha teoria: em vez de quinze minutos de fama, ele terá quinze séculos”. Mas nem só de futebol se constrói um mito.

Mito. Relato fantástico de tradição oral, geralmente protagonizado por seres que encarnam as forças da natureza e os aspectos gerais da condição humana. Pelé foi uma força da natureza, sem dúvida. Mas também foi um personagem criado para encarnar os mais diversos aspectos da condição humana. Uma necessidade do Edson, que precisou de alguém para dividir com ele essa difícil missão de ser tão divino e tão humano. E funcionou.

Edson era o ser humano, o que errava. Aquele de quem se tolera falhas, seja na vida pessoal – e foram inúmeras -, na política ou nas decisões dos negócios. Pelé, era o super-humano, o herói e o ser celestial a ser idolatrado. O atleta perfeito. Talvez o primeiro atleta de verdade do futebol. Obstinado a ser o melhor. Mesmo sendo um jogador completo se preparava como nenhum outro. O personagem perfeito para equilibrar a balança com o Edson, que se acostumou a referir-se a Pelé na terceira pessoa, quase que como em reverência.

Mais do que os garotos que deram o apelido ao Edson na infância, deve ser creditado a ele próprio o mérito pela criação do maior personagem de todos os tempos no esporte. Melhor do que foi feito por diversos roteiristas. Talvez, por saber do nível de perfeição de sua criação, sempre fez questão de manter uma distância saudável entre o Edson e o Pelé. Nem sempre conseguiu, o que fez com que essa dupla muitas vezes fosse contraditória nas suas ações e posições. Mas no fim das contas, o resultado foi positivo para ambos. Como disse Tostão, “ele adorava ser Pelé”.

Pelé e a Rainha Elizabeth II
Pelé e a Rainha Elizabeth II, em 1968. FOTO: Acervo

Pelé era midiático e ao contrário de outros gênios, como Garrincha, por exemplo, teve a TV a seu favor. Para um personagem bem construído, foi a combinação perfeita. Ele mostrou ao mundo o que Pelé fazia, onde ia, com quem ia… E, na grande maioria das vezes, com uma forma bem generosa de se referir a ele. A criação de Edson se tornou aquela que pode ser chamada de primeira grande marca pessoal do esporte e – é bem verdade que tardiamente – a mais bem gerida de todos os tempos. Foi o primeiro a ter assessor de imprensa, o primeiro atleta do Brasil a virar garoto propaganda e o primeiro do esporte a se tornar um marca global. Uma marca cobiçada, que fez Adidas e Puma brigarem por ele, numa época em que isso não era comum. Uma marca valiosa, que gerou riqueza e movimentou muita grana. Assim, o nome que conquistou o esporte e o show biz, conquistou também o capitalismo.

Foi um craque em campo, uma marca nos negócios, uma imagem venerável no imaginário dos fãs… Foi o sonho de muitas crianças. Um personagem que respondia a todas as necessidades. Era jogador, garoto propaganda, estrela, inspiração, rei… E o nome, o Edson já tinha. Não o seu, mas o que as outras crianças lhe deram. Um nome com um tamanho muito maior do que as quatro letras que o compunham. Um tamanho difícil de medir. Até para um rei.

Pensando bem, li numa crônica do jornalista Maurício Noriega a frase “Pelé ficará para sempre, mas o Edison um dia vai embora, como todos nós.” Ela define bem o tamanho desse nome. Único e duradouro.

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