ENCONTRANDO RONALDINHO PROCURANDO POR ASSIS
Ronaldinho Gaúcho é um dos maiores craques da história do futebol mundial. Disso ninguém duvida. Mas é curioso ver que sua primeira aparição se deu por acaso, num momento em que o grande destaque era o seu irmão.
A matéria “Nasce uma estrela” (não sou capaz de dizer se o título era por conta do filme), assinada por Álvaro Almeida na edição da revista Placar de janeiro de 1988, entrevistou a grande promessa do Grêmio naquele ano: Roberto de Assis Pereira, o Assis. A reportagem basicamente destaca a fama que o jovem vinha construindo na base do tricolor gaúcho, o assédio que havia sofrido por parte do Torino da Itália – que o queria para o lugar de Júnior – e o esforço da diretoria gremista para mantê-lo no Brasil, com um novo contrato, uma casa nova e um salário de estrela do time.
O que chama atenção na matéria é que o meia que mal tinha se tornado alguém no futebol e que já sofria assédio da mídia, já falava sobre o irmão Ronaldo, de apenas 7 anos: “Esse é o verdadeiro craque da família”. Isso ocupou duas linhas da matéria e passaria completamente batido na época, inclusive com a histórica foto dos dois, que ilustrou a página. Uma matéria de perfil de jogador bem comum no editorial da revista, mas que se tornou história por esse detalhe inusitado.
Anos mais tarde, já sabemos que Assis se deu muito bem como jogador, atuando também por clubes como Vasco, Fluminense, Corinthians, Sion e Sporting. O Ronaldo, nem precisa falar. Como o irmão previu, ele se tornou um gigante para as torcidas do Grêmio, PSG, Barcelona e Galo, passando também por Milan, Flamengo e Fluminense. Ganhou todos os títulos e deu espetáculo enquanto pôde e quis.
A relação dos dois foi muito mais forte do que o futebol mostrou. Após a morte do pai, Seu João (que na época da matéria era porteiro do Olímpico), Assis assumiu a figura de pai de Ronaldinho, mesmo mal tendo chegado à vida adulta. Isso sempre foi muito lembrado pelo “Bruxo” ao longo da vida, inclusive em seu depoimento ao The Players Tribune, em 2017.
Essa relação explica muito também a parte mais obscura da vida dos dois, quando Assis se tornou empresário do Ronaldinho Gaúcho, começando a colecionar polêmicas fora de campo, desde as mais simples, até as de páginas policiais, como a prisão dos dois no Paraguai, no início de 2020. Assis e Ronaldinho são um exemplo que ilustra muitos casos do futebol brasileiro: uma trajetória que leva anônimos à glória muito rápido e muda drasticamente suas vidas, muitas das vezes, sem a devida preparação para lidar com os percalços e decisões que lhes serão impostos e exigidas.
No caso de Assis e Ronaldo a vida mudou muito (MAS MUITO) mais do a matéria previa ao dizer que “a felicidade seria completa quando Assis fizesse 18 anos e ganhasse o carro que o Grêmio lhe prometeu”.
Para acessar a revista na íntegra, clique aqui.
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