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A FORÇA DA TRADIÇÃO E O SONHADO OURO OLÍMPICO DO FUTEBOL DO BRASIL

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Foi o penúltimo dia dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e ficou claro que, em muitos esportes, a tradição pesa na hora de decidir as medalhas. Mas no caso do futebol, ela demorou a ser confirmada.

Acabou o sofrimento. Depois de inúmeras derrotas doídas o futebol brasileiro finalmente ganhou o ouro. O ouro que virou uma obsessão por ser o único título que a seleção canarinho não possuía, veio em casa, na base de muita tensão. Uma campanha que começou mal e cheia de críticas virou uma campanha vitoriosa. Quando ficou definida a final entre Brasil e Alemanha, o trauma do 7×1 voltou a tona. Mas o que se viu na final foi bem diferente. O Brasil jogou melhor, mas a Alemanha também teve suas chances – incluindo três bolas na trave. O 1×1 no tempo normal e o 0x0 na prorrogação decretou o sofrimento dos pênaltis. E brilhou o atleta que entrou no grupo de última hora. Weverton pegou o pênalti que determinou o 5×4 e o ouro brasileiro. O Maraca explodiu. No pódio não teve a Nigéria, terceiro lugar, pois a vitória por 3×2 sobre Honduras foi no Mineirão, mas não teve problema. O Brasil voltou a figurar no topo do pódio em uma competição de futebol. E os Jogos Olímpicos finalmente ouviram o hino brasileiro na entrega do ouro no futebol.

Se o Brasil, maior potência do futebol, conquistou seu primeiro título, os EUA seguem dominando o basquete. A superioridade do Dream Team no basquete feminino é tão gritante que a Espanha fez uma enorme festa pela prata. O 101×72 foi um mero reflexo da discrepância entre as duas equipes. De Los Angeles para cá, as americanas só não ganharam o ouro em Barcelona 1992, quando o ouro foi para o Time Unificado da ex-União Soviética. O bronze ficou com a Sérvia, que bateu a França 73×60.

No handebol feminino, a Rússia foi campeã e pode tentar retomar a tradição dos tempos de União Soviética. A conquista veio com uma vitória consistente sobre a França por 22 a 19, com pleno domínio do jogo. O bronze ficou com a Noruega, que derrotou a Holanda por 36×26. No fim, ficou claro que havia vaga para a seleção brasileira no pódio. Mas paciência.

Deu Rússia também na ginástica rítmica. Bom, ai não falta tradição para as russas, pois já é a quinta edição olímpica consecutiva que elas ocupam o topo do pódio na prova individual geral da ginástica rítmica. E desta vez teve dobradinha, com o ouro de Margarita Mamun e a prata de Yana Kudryatseva. Duas vezes vice-campeã mundial da prova, Mamun superou Kudryatseva pela primeira vez em uma grande competição internacional. O bronze foi para a ucraniana Ganna Rizatdinova.

Aproveitando o assunto Rùssia, vamos falar sobre o que aconteceu no pentatlo moderno masculino. O russo Alexander Lesun manteve a tradição de seu país (desculpe, não era para ser repetitivo) e ganhou o ouro. Ele foi o principal destaque da prova, que teve cinco recordes olímpicos serem derrubados. Lesun ganhou o ouro, o quarto do seu país nas últimas cinco edições, com o somatório de 1.479 pontos, novo recorde Olímpico da prova. O russo também alcançou a melhor marca da história dos Jogos na esgrima. A prata foi para o ucraniano Pavlo Tymoschenko e o bronze ficou com o mexicano Ismael Uscanga. Campeão da prova em Londres, o tcheco David Svoboda, foi apenas o nono. Os outros dois recordes Olímpicos que caíram na prova foram os da natação, com o tempo de 1min55s60 de James Cooke, da Grã-Bretanha, e o do evento combinado, com a marca de 11min02s50, obtida por Woongate Jun, da República da Coreia. Ou seja, não dá para dizer que não foi uma competição equilibrada.

Russo Alexander Lesun quebrou o recorde Olímpico de pontos do pentatlo moderno FOTO: Getty Images/David Rogers
Russo Alexander Lesun quebrou o recorde Olímpico de pontos do pentatlo moderno FOTO: Getty Images/David Rogers

E tem mais russo para ser destacado. Na luta olímpica até 86kg, a vitória foi do russo Abdulrashid Sadulaev, que venceu o turco Selim Yasar. J’den Cox, dos EUA, e Sharif Sharifov, do Azerbaijão, levaram os bronzes. No duelo de gigantes da modalidade a Turquia teve mais sorte. Na categoria até 125kg, a mais pesada do esporte no estilo livre, Taha Akgul, bicampeão mundial, conquistou o ouro ao superar o iraniano Komeil Ghasemi. Os bronzes foram para Geno Petriashvili, da Geórgia, e Ibrahim Saidau, de Belarus.

Como deu para ver, tradição é o assunto do post. E ela pesou muito nos saltos ornamentais. Aisen Chen fechou com chave de ouro a campanha da China nos saltos ornamentais dos Jogos Rio. O saltador, que já havia ganhado o ouro na plataforma de 10m sincronizado, voltou ao topo do pódio na prova individual da mesma plataforma. O ouro de Chen foi o sétimo da China em oito provas do esporte nos Jogos – a única exceção foi a vitória dos britânicos Jack Laugher e Chris Mears no trampolim de 3m sincronizado. O resultado deu à equipe chinesa a melhor campanha de um país no esporte na história dos Jogos, com sete ouros, duas pratas e um bronze, superando por uma prata a marca obtida pela própria China em Pequim 2008. Atrás de Chen, vieram o medalhista de prata, o mexicano German Sanchez, e o americano David Boudia.

Já em outro esporte que domina, a China teve mais uma discreta: no badminton, nos últimos 20 anos, levou apenas três medalhas. Bicampeão mundial, Chen Long venceu o torneio individual masculino e colocou a bandeira do país no topo do pódio após vencer o maláio Chong Wei Lee por 2 sets a 0, com duplo 21/18. Na disputa pelo bronze, o dinamarquês Viktor Axelsen surpreendeu o bicampeão olímpico, o chinês Lin Dan, e venceu por 2 seta a 1 (15/21, 21/10 e 21/17).

Mas o que chinês nenhum esperava era que a sua seleção feminina de vôlei levasse o ouro. Depois de eliminar a super favorita seleção brasileira, as chinesas venceram de virada a Sérvia, estrante em decisões, por 3 x 1, parciais de (19×25, 25/17, 25/22 e 25/23). Foi a segunda medalha de ouro da técnica Lang Ping. Campeã como jogadora em Los Angeles 1984, e o terceiro título olímpico da China. Ting Zhu foi a principal pontuadora dos Jogos, sendo o destaque da China. O bronze ficou com os EUA, que venceu por 3 sets a 1 a Holanda.

Campeã Olímpica como jogadora e treinadora, Lang Ping entra para a história FOTO: Getty Images/Buda Mendes
Campeã Olímpica como jogadora e treinadora, Lang Ping entra para a história FOTO: Getty Images/Buda Mendes

Deu Ásia também no golfe. Sofrendo com lesões nos últimos dois anos, Inbee Park teve sua participação nos Jogos Rio 2106 ameaçada. A atleta da Coreia do Sul não só se recuperou a tempo de competir como ganhou a medalha de ouro.  A neozelandesa Lydia Ko, ganhou a prata e o bronze foi para a chinesa Shanshan Feng.

Falar em tradição no boxe é falar em Cuba. O penúltimo dia da modalidade teve domínio dos pugilistas cubanos, que saíram com dois ouros, nos pesos galo (até 56kg), com Robeisy Ramirez, e médio (até 75kg), com Arlen López. Entre as mulheres, a britânica Nicola Adams levou o bicampeonato Olímpico no peso mosca (até 51kg). Ouro no peso mosca em Londres 2012, Ramirez subiu de categoria para os Jogos Rio 2016, mas seguiu dominante. O cubano superou o americano Shakur Stevenson e ganhou seu segundo título Olímpico. Os bronzes da categoria foram para o russo Vladimir Nikitin e o uzbeque Murodjon Akhmadaliev. No peso médio, López, atual campeão mundial e pan-americano confirmou o favoritismo e bateu Bektemir Melikuziev, do Uzbequistão, por pontos. Kamran Shakhsuvarly, do Azerbaijão, e Misael Rodríguez, do México, completaram o pódio. No feminino, Nicola Adams voltou a fazer história nos Jogos. Primeira mulher campeã Olímpica do boxe, a britânica tornou-se também a única a repetir o feito, ganhando dois ouros consecutivos. Na final do peso mosca, a pugilista superou a francesa Sarah Ourahmoune por pontos. Cancan Ren, da China, e Ingrid Victoria, da Colômbia, ficaram com o bronze.

Outra mulher que fez história foi a sueca Jenny Rissveds a mais jovem campeã Olímpica da história do ciclismo mountain bike. A medalha de prata ficou com a polonesa Maja Wloszczowska e o bronze foi para a canadense Catharine Pendrel. Maior medalhista da história do esporte, com um ouro, uma prata e um bronze, a alemã Sabine Spitz ficou em 19º lugar.

A tradição e o favoritismo não valeu o ouro à Croácia no polo aquático masculino. Depois de duas medalhas de bronze em Pequim e Londres, a seleção sérvia dessa vez garantiu a medalha de ouro em grande estilo, os atuais campeões por 11 a 7. A medalha de bronze ficou com a Itália, que na disputa decisiva venceu Montenegro por 12 a 10.

Mas o dia não passou sem uma gigantesca zebra. O brasileiro Maicon de Andrade, de 23 anos, e apenas o 51º colocado no ranking mundial da categoria acima de 80kg, surpreendeu o britânico Mahama Cho, número 12 do mundo, e conquistou o bronze. O outro bronze ficou com o sul-coreano Dongmin Cha, enquanto o ouro foi para o Azerbaijão, com Radik Isaev, após derrotar Abdoulrazak Alfaga, do Níger. Na categoria acima de 67kg feminina, ouro para a chinesa Shuyin Zheng, prata para a mexicana Maria Del Rosario Espinoza, e os bronzes para Jackie Galloway, dos EUA, e Bianca Walkden, da Grã Bretanha.

Maicon de Andrade surpreendeu na categoria acima de 80kg e levou o bronze FOTO: Getty Images/Jamie Squire
Maicon de Andrade surpreendeu na categoria acima de 80kg e levou o bronze FOTO: Getty Images/Jamie Squire

O Brasil também fez história em outra modalidade, além do futebol. Na canoagem, Isaquias Queiroz se tornou o maior medalhista do país em uma única modalidade, ao conquistar três medalhas. A terceira foi conquistada ao lado de Erlon de Souza, na categoria C2 1000m. Por pouco não veio o ouro, conquistado pela dupla alemã Sebastian Brendel e Jan Vandrey. O bronze ficou com a Ucrânia. No k4 500m feminino, ouro para a Hungria, prata para Alemanha e bronze para Belarus. No K4 1000m masculino, deu Alemanha de novo com o ouro, seguida pela Eslováquia e República Tcheca. E no K1 20om masculino, deu Grã Bretanha, com Liam Heath. A prata ficou com Maxine Beaumont. No bronze, um empate entre o espanhol Saul Craviotto e o alemão Ronald Rauhe.

Dupla brasileira formada por Isaquias Queiroz e Erlon de Souza recebe a prata na canoa dupla (C2) 1.000m FOTO: Getty Images/Ryan Pierse
Dupla brasileira formada por Isaquias Queiroz e Erlon de Souza recebe a prata na canoa dupla (C2) 1.000m FOTO: Getty Images/Ryan Pierse

Saindo da água, passamos pelo pedal e pela corrida. Isso mesmo, agora o assunto é triatlo. Campeã mundial em 2015, Gwen Jorgensen, dos EUA, foi a grande vencedora da prova feminino do Rio 2016. Nicola Spirit Hug, da Suíça, e Vicky Holland, da Grã-Bretanha, ficaram com a prata e o bronze, respectivamente.

E no atletismo, o dia foi de Mo Farah. O britânico de 33 anos venceu a prova dos 5.000m rasos do atletismo, que teve chegada emocionante, e levou seu segundo ouro nos Jogos. Com a vitória, Farah obteve seu “double double”, o bicampeonato olímpico das provas dos 5.000m e 10.000m rasos. Ele fez o tempo de 13m03s30, à frente do etíope Hagos Gebrhiwet, que marcou 13min04s05 e levou a prata, e do americano Bernard Lagat, que ganhou o bronze com 13min06s78. Os americanos e americanas comandaram os revezamentos. O time do revezamento 4x400m feminino que levou o ouro, contou com Allyson Felix, Courtney Okolo, Natasha Hastings e Phyllis Francis e fez o tempo de 3min19s06. O quarteto jamaicano levou a prata e a Grã-Bretanha ganhou o bronze. No masculino, nova vitória americana, com Arman Hall, Tony McQuay, Gil Roberts, LaShawn Merritt fechando a prova em 2min57s30. A Jamaica ficou com a pratae Bahamas levou o bronze.

Mo Farah comemora com o 'Mobot', gesto com o qual costuma celebrar suas conquistas. FOTO: Getty Images/Ian Walton
Mo Farah comemora com o ‘Mobot’, gesto com o qual costuma celebrar suas conquistas. FOTO: Getty Images/Ian Walton

Nos 1.500m rasos masculino, ouro para o americano Matthew Centrowitz, que completou a prova em 3min50s00. A prata foi para o argelino Taoufik Makhloufi e o bronze para o neozelandês Nicholas Willis. Nos 800m rasos feminino, a vitória foi da sul-africana Caster Semenya, com o tempo de 1min55s28. Francine Niyonsaba, do Burundi, ganhou a prata e Margaret Wambui, do Quênia, ficou com o bronze.

No salto em altura feminino, as três atletas que foram ao pódio alcançaram a marca de 1,97m. Pelo critério de desempate do número de tentativas, o ouro foi para a espanhola Ruth Beitia, a prata para a búlgara Mirela Demireva e o bronze para a croata Blanka Vlasic. No lançamento do dardo masculino, o alemão Thomas Rohler foi o vencedor, com 90,30m, à frente do queniano Julius Yego e de Keshorn Walcott, de Trinidad e Tobago.

Como já é tradição, a Maratona encerra os jogos, mas o atletismo já se despediu do Engenhão. O grande nome foi Bolt, mas no último dia ele só apareceu no estádio para buscar seu ouro no revezamento. Sua prioridade foi assistir a final do futebol e ver o Brasil fazer história. Agora, que venha o encerramento dos jogos.

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