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O polêmico calendário do futebol brasileiro

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CALENDÁRIO

Ano após ano, surgem as discussões sobre o calendário do futebol brasileiro e o absurdo acúmulo de jogos aos quais os jogadores das principais equipes são sujeitos. Eis que na ultima terça-feira (24/09) surgiu um movimento de vários jogadores do futebol brasileiro, alguns bastante conhecidos do grande público, protestando contra o calendário anunciado para a próxima temporada pela CBF.

Devido a Copa do Mundo no próximo ano no Brasil o calendário que já era apertado graças aos estaduais inchados e cansativos ficou ainda pior. Se antes já contava com um elevado número de jogos desnecessários e que normalmente consomem quatro longos meses do ano, comprometendo o calendário do Brasileirão e das demais competições importantes, em 2014, com uma longa parada de 45 dias para o mundial, espremeram ainda mais o calendário, consumindo não só a preparação para a temporada mas também parte das férias dos jogadores.

Cronograma de jogos do futebol brasileiro em 2014. FOTO: CBF
Cronograma de jogos do futebol brasileiro em 2014. FOTO: CBF

Assim surge um importante movimento vindo dos principais afetados, os jogadores. De forma independente o movimento pede uma ampla discussão com a entidade que gere o futebol brasileiro. É um importante passo para fazer o futebol brasileiro mais profissional e menos desumano com os atletas. Algo necessário para melhorar o próprio espetáculo que o futebol proporciona. E ainda tornar mais racional e menos centralizada a organização das competições levando em conta outros interesses além dos interesses da televisão e dos patrocinadores.

Não é somente o elevado número de jogos que afeta a qualidade técnica (bastante discutível) dos jogos no futebol brasileiro. Ai, também vão discussões que passam por melhor formação de jogadores e técnicos e, portanto, pela estrutura dos clubes, sem falar na melhoria da gestão dos clubes, hoje em grande parte amadora, para que todos os demais avanços no esporte sejam possíveis. Há que se considerar ainda o enorme êxodo de talentos causado pela maior força econômica do futebol europeu e pela situação caótica dos clubes brasileiros, afundados em dividas. Mas isso é discussão para outro post.

Fan page criada para mobilizar seguidores da causa. FOTO: Facebook
Fan page criada para mobilizar seguidores da causa. FOTO: Facebook

Sem dúvida a questão do número de jogos também tem influência muito grande no péssimo futebol praticado por aqui. É impossível que se mantenha uma qualidade de times tendo, frequentemente, grandes sequências de jogos de três em três dias. Não há pernas para isso. As lesões se acumulam jogadores importantes ficam fora de jogos e prejudicam seus times. Esses por sua vez perdem qualidade e se desacertam sem suas peças cruciais e, sem tempo pra treinar, não conseguem recuperar a qualidade e se adequar as perdas. As viagens em cima de viagens dado o tamanho do país ainda diminuem mais o tempo de recuperação das equipes. E com a qualidade do time caindo, vão se os resultados, o torcedor perde o interesse no time e os diretores a paciência com os treinadores. Já é uma cultura no futebol brasileiro e quase sempre se vê exemplos disso nos grandes times por aí.

Os resultados da atual temporada mostram bem que quem faz um menor número de jogos tem se dado bem. O Cruzeiro que tem um campeonato estadual mais enxuto e claro conta também com um bom elenco e boa estrutura de fisiologia e tudo o mais sobra no atual Brasileirão e tem sofrido menos problemas de contusão. O Atlético Paranaense, que boicotou boa parte do estadual aumentado o tempo de preparação para a temporada, também parece estar “voando” por se apresentar mais inteiro fisicamente do que seus adversários. Há que se levar em conta também o menor número de competições que ambos participaram diminuindo a maratona de jogos.

Outros pontos questionados pelo movimento são a adequação do calendário brasileiro ao europeu e ainda uma espécie de fair-play financeiro aos moldes do que e feito na Europa na Champions League. O calendário de acordo com o europeu diminuiria os prejuízos das equipes com a negociação de jogadores no meio da temporada, fato que prejudica muito as equipes que revelam grandes jogadores e precisam vender para equilibrar as contas. Já o “fair-play”, se bem estruturado, poderia coibir os atrasos e os gastos exagerados com salários que causam transtornos aos clubes e desconforto aos jogadores.

Alex do Coritiba é um dos líderes do movimento dos jogadores. FOTO: Coritiba
Alex do Coritiba é um dos líderes do movimento dos jogadores. FOTO: Coritiba

Fato é que o movimento é só um primeiro passo, mas é importantíssimo para que o futebol brasileiro se recicle e se organize melhor. A mudança do calendário é pra ontem. É uma necessidade a anos. O movimento partindo dos próprios jogadores é fundamental para sua sustentação e sucesso, embora os resultados provavelmente demorem e a luta contra o jogo de interesses que predomina no futebol seja árdua. Já é pelo menos um sinal de que a mudança pode acontecer.

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2 Comments

  1. Luis Filipe Chateaubriand
    19/02/2019 at 10:49 — Responder

    Escrevi um documento sobre o calendário do futebol brasileiro e gostaria de enviar por email. Para qual email posso enviar?

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