Circo Portenho: a bagunça do campeonato argentino
No dia 8 de maio de 2012, a AFA (Associação de Futebol Argentino) aprovou mudanças significativas no seu campeonato com destaque para o fim do estranho regulamento que a cada ano tem dois campeões. A partir de 2013, a Argentina passará a ter apenas um campeão, que será conhecido após uma decisão entre o campeão dos tradicionais torneios Apertura e Clausura, que passarão a se chamar Inicio e Final. Dessa forma uma tradição que vinha desde a temporada 1991/1992 será encerrada, enquanto problemas muito maiores continuam.
No último fim de semana, dia 24, foi realizada a última rodado do torneio Clausura, que terminou com o Arsenal Sarandi conquistando seu primeiro título nacional, para festa da sua torcida em Sarandi e do seu mais ilustre torcedor, o presidente da AFA, Júlio Grondona. Entretanto o que mais chamou a atenção na rodada não foi a entrada de um novo campeão no hall da fama da competição, mas sim a inusitada situação do vice campeão.
O Tigre chegou a última rodada disputando o título e com sérias chances de ser rebaixado. Isso mesmo. Como é possível? Pela média de rebaixamento. Essa bizarrice que já fez parte do futebol brasileiro no fim dos anos 90, se baseia em um sistema de média de pontos das últimos três temporadas para definir os dois clubes que serão rebaixados direto, o que é injusto, pois prejudica as equipes que subiram da segundona e não rebaixa necessariamente a pior campanha. Com isso o Boca Júniors fez duas temporadas ridículas e não cairia nem se fosse o pior da tabala. Já o River Plate, outro gigante, conseguiu o feito de cair, após uma série impressionante de más campanhas. Para deixar um pouco mais complicado, ainda existia uma última chance de salvação para os ameaçados de queda, a chamada “Promoción”, que coloca o 17º e 18º colocados para jogar contra o 3º e 4º colocados da segundona. Haja calculadora.
A “Promoción” está com os dias contados, pois no acordo citado no início do post está estipulado que na temporada de 2012/13, ela não ocorrerá mais. Entretanto a confusão do rebaixamento está mantida e promete atormentar muitos times, tanto que os clubes com mais risco (San Lorenzo, Olimpo de Bahía Blanca, Banfield, Tigre, Unión de Santa Fé e Newell’s Old Boys) se uniram na luta para acabar com a média. Isso não é nada se pensarmos que em 2011, quando o River caiu, a AFA tentou uma virada de mesa para acabar com o rebaixamento e favorece-lo, o que foi recusado pelo próprio River, que subiu no campo, pelo Boca e pelo sindicato dos jogadores.
Enfim, deu pra ver que é uma bagunça total, mas porque isso não muda? Talvez pelo fato do maior interessado na organização, o torcedor, ser mais fanático do que lúcido e não se importar, tendo torcidas organizadas repletas de conexões políticas escusas e que se preocupam mais em espalhar a violência pelos campos. Pela corrupção impregnada na decadente estrutura administrativa do futebol portenho. Bom, motivos não faltam. A verdade é que o campeonato argentino e pouco atrativo e com que o Brasileirão parece o paraíso da organização.
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