GÊNIOS DO ESPORTE | MUHAMMAD ALI, O ADEUS DO MAIOR DE TODOS
Ele voava como uma borboleta e picava como uma abelha. Era assim que Ali se definia e assim construiu sua carreira, que transcendeu o esporte e ganhou a história. Nascido Cassius Marcellus Clay Jr., em Louisville, no Kentucky, foi uma figura gigante para o esporte e ainda maior para a sociedade do seu tempo.
Teve uma carreira de sucesso como amador, culminando com o ouro olímpico de Roma, em 1960. O feito foi motivo de orgulho, mas acabou sendo uma das primeiras experiências traumáticas com o preconceito racial, que o perseguiu em seu próprio país. Em sua biografia, ele conta que certa vez negaram lhe servir em um restaurante, mesmo apresentando-se como campeão olímpico, apenas por ser negro. Irritado, atirou a medalha de ouro no Rio Ohio, no que marcou o início do seu impeto de luta pelos direitos dos negros.
Profissionalizou-se e assombrou o mundo em 64, ao vencer o campeão dos pesos pesados Sonny Liston e provocar o mundo ao dizer que era o “maior boxeador que já existiu”. Marra ou não, ele provaria estar certo.
Cassius se converteu ao islamismo e passou a se chamar Mohammad Ali. Isso lhe trouxe rejeição popular, mas Ali polemizou ainda mais pelo seu ativismo na luta contra o racismo. Relacionou diretamente com Martin Luther King, Malcolm X e posteriormente com Nelson Mandela. Foi voz ativa na luta pela igualdade racial.
Tendo que corrigir repórteres que ainda o chamavam de Cassius, foi a vez da revanche contra Liston, que terminou com um polêmico nocaute e muita provocação de Ali, que ficou parado ao lado do rival e disse: “Levante-se e lute”, emendando ainda um palavrão. Foi apenas um round de luta, encerrada com o que ficou conhecido como “golpe fantasma”.
Em 1967, Ali, que era pacifista, se recusou a servir o exército norte-americano na Guerra do Vietnã. Por isso, foi condenado a cinco anos de prisão, multado em US$ 10 mil e banido do boxe por três anos.
Voltou aos ringues em 1970, ainda respondendo na justiça, e nocauteou Jerry Quarry no terceiro round. No ano seguinte, travou com Joe Frazier a “Luta do Século” – uma das primeiras que protagonizou -, sofrendo sua primeira derrota como profissional, após 15 rounds.
Em compensação, ainda em 71, conquistou uma vitória na Suprema Corte dos Estados Unidos, que retirou as acusações de insubmissão, cancelando a condenação.
Em janeiro de 1974, Ali teve sua revanche contra Frazier no Madison Square Garden, vencendo por decisão dos árbitros após 12 rounds. No mesmo ano, aconteceu a famosa luta contra George Foreman, no então Zaire, hoje República Democrática do Congo, quando Ali recuperou o cinturão dos pesos pesados nocauteando o adversário no oitavo round. Ali fez da luta um acontecimento épico, encorporando o papel herói africano, pelo seu ativismo em prol do pan-africanismo.
Ali encerrou sua carreira e passou intensificou sua luta pelos direitos dos negros, tendo um importante papel político no seu país. Durante trinta anos lutou contra o mal-parkinson, que o debilitou muito e acabou culminando em sua morte.
Recebeu inúmeras homenagens inclusive em 1996, na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atlanta, quando acendeu e carregou a tocha olímpica. Recebeu uma réplica da medalha que ganhou em 1960. O ato foi um pedido de desculpas. Ali fica para a eternidade, como poucos atletas fizeram ou farão.
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