UMA AVENTURA NA RUA JAVARI
Hoje vamos fazer uma homenagem ao Moleque Travesso, um dos últimos times no Brasil que ainda mantém vivo o que já foi chamado de futebol de bairro. O relato de hoje é do amigo Aldanny Rezende, que tirou algumas horas de suas férias para assistir um jogo do Juventus na Rua Javari.
A saga de um mineiro torcendo pelo Juventus – Gigante da Mooca
Mineiro de férias vai para praia. Normalmente “farofar”. Dito e feito, neste esquisito verão de 2017. Praia Grande interior de São Paulo, metade dos dias chovendo…..
Ao final da praia, sobem a serra de Santos um velho atleticano e seu sobrinho cruzeirense, para passar um dia na maior cidade da América Latina, que tem a maior população da America latina, maior numero disso e daquilo da América Latina. Mas você só tem um dia. O que fazer? MASP? Ibirapuera? Vila Madalena? Anhembi? Faria Lima? Rua Javari. Quarta, 19 de Janeiro, 16 horas.
Não tenho três times. Apenas dois. O Galo e o que joga contra o Cruzeiro. Mas veja bem, era jogo de Juniors e ficar uma tarde com a Juve da Mooca não é trair meu Galo. Vamos lá sim.
Passeio definido, visita ao Museu do Futebol e chuva. Muita chuva. Chama UBER – há um lance UBER POOL. Chega depois de meia hora o UBER, com duas outras pessoas, além do motorista dentro. Pool é coletivo, Uber coletivo.
O horário, antes folgado para chegar a Rua Javari começa a apertar, e você descobre que o pool vai entregar os dois outros passageiros antes. O tempo fecha de vez, tempestade danada, transito parado. Vai começar o jogo, mas calma, é jogo do JUVENTUS , o moleque travesso da Mooca. E é Junior, Copa São Paulo de Juniors. Adversário: Bragantino. Quatro horas da tarde, uma quarta feira. Chegando no horário do jogo é tranqüilo.
Depois de uma volta por São Paulo, chega a Rua Javari, tal qual o time a rua não é muito grande. Mas intransitável. Desce do carro, chega a portaria do Estádio Conde Rodolfo Crespi e mais de uma centena de pessoas pressionando o portão do estádio e a PMSP na contenção. Bomba de gás na rua, muita chuva, não faz efeito, mas dispersa a pequena multidão que ameaçava invadir o estádio LOTADO.
Não vale o risco tentar enfrentar o Choque da PMSP, vamos roda debaixo de chuva o bairro. Encontro um bar, cheio, bandeira da Juventus e bandeira do bairro MOOCA na porta, telão e tudo. Churrasco e cerveja.
O goleiro da Juventus chama Vitor, ameniza a traição.
Começa o jogo.
Pega um gol certo do Bragantino inicio do jogo, a chuva não para, o campo já não é lá grandes coisas. E o Juventus manda no jogo. Borá Galo… ops Juve! Pênalti, pro Bragantino. Na minha cabeça passou por um instante o lance do Tijuana. Confundi os “Vitor”. Partiu Riascos… ops, Bruno Oliveira… Defendeuuuuuu Vitor!
Segundo tempo, vai Moicano, chuta, goleiro pega! Vem outro, bate no zagueiro, depois de passar pelo goleiro, para na água e num carrinho à la Luan, Cesinha faz o gol.
O bairro inteiro explode. Do bar escuta-se o estádio, mas escuta-se o bar, escuta-se o bairro. Mooca em festa.
Ai foi só meia hora de sofrimento, jogador expulso, milagre do Vitor, bola na trave e o Moleque travesso sai vitorioso.
Mais duas cervejas com torresmo e metrô. Do Bresser até o outro lado da cidade, duas baldeações. Da Bresser Mooca a Sé, da Sé a Ana Rosa, de Ana Rosa ao Alto do Ipiranga.
Três dias depois o Gigante da Mooca não aquenta o Timão nas semifinais, perde de 3×0 e fica em terceiro na Copinha.
Não é Galo – não tenho outro time – mas o sofrimento e a torcida me fez respeitar o mais tradicional bairro de São Paulo e sua fanática torcida pelo time de seu bairro.
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