O que a Copa das Confederações deixou para o futebol
O que a Copa das Confederações deixou de relevante para o futebol? Um bocado de coisa. Ela está longe de ser um parâmetro único para fazer prognósticos para a Copa da Mundo, mas já é possível concluir algumas coisas.
Do ponto de vista logístico, o Brasil tem estádios de primeiro mundo, mas ainda não tem a infraestrutura necessária. Aeroportos, estradas e outros serviços estão longe do ideal para realizar uma competição de porte internacional. Quanto às seleções, podemos dizer algumas coisas.
O México, por exemplo, deixou claro que sua crise interna existe e que, apesar de bons jogadores, corre sérios riscos para a Copa. Chicharito, Geovanni e companhia precisarão jogar muito mais para garantir vaga para a Mundial de 2014, coisa que antes era quase de praxe. A eliminação no grupo do Brasil deixou claro que o time segue forte como em outras épocas, mas cada vez mais mostrar não ter o poder de decisão que suas gerações anteriores tinham.
O Japão cada vez mais mostra que toda a evolução que já conseguiu ainda não é suficiente. Em relação às gerações de 98, 2002, 2006 e 2010, o time é um dos mais técnicos, tem ótimos jogadores, continua determinado e lutando até o final, mas ainda não tem a malandragem e maturidade necessárias para vencer as partidas. Suas boas partidas contra México e principalmente contra a Itália, deram esperança de uma classificação, que afundou em erros cruciais, na defesa e no ataque, em momentos decisivos.
A Nigéria parece que encontrou uma nova boa geração, ainda inferior àquela que venceu as Olimpíadas, porém suficiente para representar bem a África, caso se classifique para o Mundial. Entretanto continua com o mesmo problema: corre muito e não pensa tanto. Duelou de igual para igual com o Uruguai, o que era o esperado, mas ainda não tem um diferencial para se sobressair aos favoritos.
Por falar em Uruguai, a Celeste não mudou absolutamente nada. Continua dando muito trabalho, marcando muito forte, jogando com raça e se valendo de seus ótimos jogadores de ataque. Entretanto está envelhecendo e tornando-se uma seleção cada vez mais lenta, o que deve comprometê-los na Copa do Mundo. As esperanças devem continuar em Forlán, Luís Garcia e Cavani, mas novos valores como Lodeiro, devem ganhar espaço no time.
Se o Uruguai não mudou nada, o que dizer da Itália. Sempre desacreditada e aos trancos e barrancos a Azzurra acaba chegando nas finais. O desgaste físico prejudicou muito o time no Brasil, seja por parte dos veteranos quanto das novas caras. O time se reestruturou com base nos veteranos Buffon, Pirlo e De Rossi, recebendo um novo gás com uma nova geração comandada pelo polêmico Balotelli. No Brasil lutou muito, garantiu o terceiro lugar, e mostrou que, se não é favorita, pode sim entrar para a lista de candidatas ao título.
A grande questão da Copa das Confederações era saber quem era melhor, Brasil ou Espanha. A Espanha passeou na primeira fase, passeou pelo Nordeste e mostrou que sobra em relação a maioria das seleções. O “tic-tac” desagrada a maioria dos apreciadores do bom futebol, mas continua eficiente. O problema da Espanha continua no seu ataque e na previsibilidade do time. Chegou o momento do técnico Del Bosque achar um diferencial, um coelho da cartola para os momentos de dificuldade, onde a Espanha se vê acoada e sem reação. O último deles aconteceu na decisão contra o Brasil.
O jogo mais esperado por todos foi a afirmação que a seleção brasileira precisava. Coroou a reação que teve inicio no amistoso contra a França, passou pela primeira fase, pelas vitórias sobre Itália e Uruguai e chegou a apoteose do título. O time como num passe de mágica se formou, encontrou um padrão de jogo e ganhou a torcida. E ganhou da Espanha, a badalada Fúria, melhor do mundo, campeã de tudo e agora, para os mais afoitos freguesa do Brasil. O Brasil recupera seu favoritismo e o apoio da torcida, importantes para qualquer país sede.
Para encerrar, o maior legado de toda a competição. Aquele que passa longe de título, de vitórias e até mesmo de empates. O legado de um gol. O gol da simpática seleção do Taiti, que veio ao Brasil para a sua primeira competição internacional, cumpriu seu papel de saco de pancadas e aprendeu. Aprendeu que na sua inferioridade era possível jogar de cabeça erguida e assim o fez. Perdeu de 6, 8 e 10, mas marcou um gol, seu primeiro contra alguém de fora da Oceania, e marcou principalmente a torcida brasileira. O Taiti marcou a competição entrando para história do futebol de uma forma mais forte do que qualquer vitória conseguiria.