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MEDALHAS NÃO VÃO SALVAR O FUTEBOL FEMININO NO BRASIL

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Foi a primeira vez que o hino nacional brasileiro tocou em uma Olimpíada na América do Sul. Ou melhor, em casa. Foi mais do que justo que essa honra coubesse à seleção brasileira de futebol feminino. Foi um momento histórico, porém com uma pequena dose de melancolia.

Se em 96, a participação na primeira das edições do torneio olímpico da modalidade se mostrou uma grande aventura, as edições de Atenas e Pequim foram muito promissoras para o esporte.

Em Atlanta, a China – contra quem o Brasil estreou sem maiores problemas nos jogos do Rio – impediu uma inacreditável final. O bronze acabou não vindo, mas a disputa de medalha foi muito mais do que se esperava para um time completamente amador. Nas duas pratas de 2004 e 2008, o Brasil tinha um timaço, além da melhor do mundo, Marta. Jogou demais mas perdeu as duas finais nos detalhes para os EUA.

Isso fez o esporte evolui? Não. Em 2004, com a primeira medalha, não havia investimento. Hoje, doze anos depois continua não havendo.

Numa reportagem de Igor Rezende para a ESPN, Vadão, técnico da seleção feminina, demonstrou pouca esperança de mudança. “”Vamos supor que a gente ganhe a medalha de ouro para dar um grande impulso à modalidade. No dia seguinte, vai ter futebol feminino nas escolas? No dia seguinte, as prefeituras vão decidir fazer uma escolinha de futebol feminino? O que nos falta é isso. O incentivo social. Eu não acredito nessa responsabilidade da medalha para salvar o futebol feminino. Ele só será salvo quando todo mundo pegar e falar: ‘Vamos desenvolver realmente a modalidade do futebol feminino no Brasil”, disse o comandante da seleção brasileira.

O técnico Vadão terá a missão de levar a seleção feminina ao outro. FOTO: Getty Images
O técnico Vadão terá a missão de levar a seleção feminina ao outro. FOTO: Getty Images

Enquanto no Brasil as jogadoras se formam em peladas de rua, jogando muitas vezes com os homens e sendo alvo de todo o tipo de preconceito, lá fora países com menos tradição no futebol demonstram muito mais investimento e organização. Ligas como a dos EUA, China, Coréia do Sul, Japão, França e países escandinavos são fortíssimas. Na Suécia, por exemplo, existem quatro divisões de futebol feminino. Quatro! Isso é o que temos no masculino.

Desde 96 se tenta fazer uma liga no Brasil e até agora nada dela vingar. Quase sem repercussão e com pouquíssimas equipes no campeonato nacional, a solução encontrada pela CBF foi montar uma seleção permanente para que as atletas que não tivessem lugar nas ligas internacionais tivessem como jogar e se mantivessem empregadas. Esse é o caso da goleira Bárbara por exemplo.

Iniciativas como a do Santos e anteriormente o São Paulo, que montaram equipes fortes e conquistaram títulos, geralmente acabam em pouco tempo, pela ausência de patrocínio.

Depois do apogeu nos resultados a seleção brasileira despencou. Nos dois últimos mundiais foi eliminada nas quartas e nas oitavas e nem disputou medalha em Londres. Já o investimento no esporte jamais saiu do seu nível paupérrimo. A culpa é das jogadoras? Com certeza não. Mas também não se pode esperar que elas resolvam tudo sozinhas. Já passou da hora de repensar o futebol feminino.

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