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GP DO JAPÃO 2014: 20 ANOS DEPOIS, UMA NOVA MORTE NA FÓRMULA 1

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A Fórmula 1 foi por muitos anos um esporte sangrento. A quantidade de pilotos que morreram a bordo de um carro de Fórmula 1 é divergente (uns colocam 36, outros quase 50). O certo é que até 1982 dificilmente uma temporada acabava sem pelo menos um piloto morto durante o campeonato.

Porém, após as mortes de Gilles Villeneuve e Ricardo Paletti em 1982, a Fórmula 1 teve um período relativamente tranquilo até o início da temporada de 1994. A única morte registrada neste meio tempo foi a do italiano Elio de Angelis pela Brabham durante os treinos particulares em Paul Ricard na França, no ano de 1986.

Com as mortes de Roland Ratzemberger e Ayrton Senna em 1994 foi quebrado um hiato de quase 12 anos sem mortes de pilotos em um final de semana na Fórmula 1. Porém estas tragédias serviram para aumentar o nível de segurança na principal categoria do automobilismo mundial. Mudanças importantes como a adoção do dispositivo de segurança HANS (visando proteger o pescoço), macacões feitos de materiais antichamas, um “cockpit” mais forte (feito à base de fibra de carbono) e mais alto, visando proteger melhor a cabeça do piloto e uma suspensão reforçada dificultando a soltura das rodas em uma batida fizeram com que durante 20 anos o espectro da morte ficasse longe dos pilotos da Fórmula 1… Até o GP do Japão do ano passado.

Jules Bianchi: promessa francesa viria a falecer após nove meses após o acidente sofrido em Suzuka em 2014. FOTO: formulafreak.kinja.com.
Jules Bianchi: promessa francesa viria a falecer após nove meses após o acidente sofrido em Suzuka em 2014. FOTO: formulafreak.kinja.com.

Naquele dia a chuva esperada por causa do tufão Phanfone ocorreu obrigando que a largada ocorresse com o Safety Car. Porém depois de 2 voltas a bandeira vermelha foi acionada e a corrida interrompida devido às condições climáticas. Antes da parada, porém Ericsson rodou e escapou da pista, mas conseguiu voltar para a corrida.

Chuva intensa causou muitos problemas para os pilotos durante boa parte da corrida. FOTO: formula1.com
Chuva intensa causou muitos problemas para os pilotos durante boa parte da corrida. FOTO: formula1.com

Após quase 25 minutos a corrida foi reiniciada novamente com o Safety Car na pista. Somente na volta 9, após o pedido de alguns pilotos, é que o Safety Car recolheu para os boxes. A relargada foi limpa. Ninguém arriscou uma ultrapassagem. A visibilidade não era das melhores.

Uma chuva fina voltou a cair no circuito na volta 20, mas não provocou grandes mudanças naquele momento. Enquanto isto, lá na frente Hamilton se aproximou de Rosberg na luta pela liderança da prova. Porém, sob chuva é proibido utilizar a asa móvel e Hamilton não pode utilizar este recurso para tentar superar Rosberg. Na volta 29 finalmente Hamilton conseguiu ultrapassar Rosberg e assumir s liderança na corrida após a utilização da asa móvel ter sido liberada quatro voltas antes.

Mais tarde a pista voltou a ficar mais molhada por causa de um aumento no volume da chuva, mas insuficiente para fazerem os pilotos colocarem pneus de chuva naquele momento. Porém a mesma “apertou” algumas voltas depois e alguns pilotos, entre eles Button, pararam no Pit Lane e colocaram pneus para chuva extrema. Na volta 44 o Safety Car voltou para a pista desta vez com o carro médico e alguns pilotos aproveitaram para fazer mais um pit stop.

Na volta 46 a bandeira vermelha foi acionada e na volta seguinte a corrida foi interrompida. O motivo desta bandeira vermelha foi uma batida do piloto Jules Bianchi no guindaste que estava içando o carro de Adrian Sutil que havia saído da pista, batido o carro e abandonado a corrida três voltas antes.

Jules Bianchi sofreu um grave acidente ao colidir seu carro no guindaste que rebocava o carro do alemão Adrian Sutil. FOTO: Getty Images
Jules Bianchi sofreu um grave acidente ao colidir seu carro no guindaste que rebocava o carro do alemão Adrian Sutil. FOTO: Getty Images

Por causa do gravíssimo acidente de Bianchi a corrida foi encerrada com esta bandeira vermelha confirmando a vitória de Hamilton com Rosberg em segundo, e Vettel em terceiro, valendo as posições ao final da volta 44.

Bianchi foi retirado inconsciente do seu carro em função de um traumatismo severo na cabeça que recebeu com o impacto do acidente. Imagens, como a seguir, rodaram o mundo e demonstravam a gravidade do estado de saúde de Bianchi.

Imagem de Bianchi recebendo atendimento médico ainda dentro do carro demonstrou a gravidade do acidente sofrido pelo piloto francês: FOTO: Formule1nieuws.nl
Imagem de Bianchi recebendo atendimento médico ainda dentro do carro demonstrou a gravidade do acidente sofrido pelo piloto francês: FOTO: Formule1nieuws.nl

O grave acidente sofrido por Bianchi pode ser visto no vídeo a seguir.

A imagem a seguir mostra o clima de apreensão que pairava sobre todos os envolvidos na Fórmula 1 após o acidente de Bianchi.

Clima de apreensão era visível entre Nico Rosberg (segundo), Lewis Hamilton (primeiro) e Sebastian Vettel (terceiro) na hora do pódio em 2014. FOTO: Getty Images.
Clima de apreensão era visível entre Nico Rosberg (segundo), Lewis Hamilton (primeiro) e Sebastian Vettel (terceiro) na hora do pódio em 2014. FOTO: Getty Images.

No hospital foi detectado que Bianchi sofrera uma lesão axonal difusa em função do forte impacto do seu cérebro com o crânio. Neste caso de lesão, 90% das pessoas que sobrevivem a ela ficam em coma pelo resto da vida e os 10% restantes sofrem sequelas que variam de problemas leves a estado vegetativo. Bianchi ainda lutou pela vida por mais nove meses. Até que em 17 de julho deste ano foi confirmado o falecimento do mesmo.

Em função desta morte voltou-se a discutir a segurança dos pilotos da Fórmula 1. Enquanto algumas novidades já foram implantadas, como o Virtual Safety Car (VSC), outras como a implantação de uma cobertura nos carros da Fórmula 1 ainda está no campo da discussão.

Em 2015, quem pode começar a viver um drama é a Mercedes. Após o “passeio” tomado em Cingapura pelos carros da Ferrari e Red Bull, Hamilton e Rosberg vão ter a chance de provarem que, mesmo com a recente evolução da Ferrari, ainda são os melhores carros do grid e que não permitir mais nenhum “penetra” na disputa da temporada de 2015. Olho na Ferrari.

O circuito da corrida

O Grande Prêmio do Japão foi, por durante anos a única etapa asiática da Fórmula 1. Tirando-se os anos de 1994 e 1995, onde ocorreu o Grande Prêmio do Pacífico em Aida, também localizado no Japão, somente a partir de 1999, com a inclusão da Malásia, é que a Ásia passou a ter mais etapas do campeonato de Fórmula 1.

Detalhe do circuito de Suzuka onde, em 11 ocasiões um piloto saiu de lá como campeão na Fórmula 1. FOTO: planetf1.com
Detalhe do circuito de Suzuka onde, em 11 ocasiões um piloto saiu de lá como campeão na Fórmula 1. FOTO: planetf1.com

Apesar de nunca ter possuído um piloto em condições de lutar por um título mundial da categoria, os japoneses constituem-se de uma das torcidas mais apaixonadas por automobilismo no mundo.

O circuito de Suzuka possui uma particularidade: é o único no qual o traçado da pista se “cruza” (como se fosse um 8). Ou seja, em vários momentos temos os pilotos no mesmo “rumo” da pista, porém, quem está passando “por cima” (se estiver na mesma volta) estará à frente de quem está passando “por baixo’ da pista.

Imagem obtida a partir de uma animação gráfica que mostra o “cruzamento” na pista de Suzuka. FOTO: youtube.com
Imagem obtida a partir de uma animação gráfica que mostra o “cruzamento” na pista de Suzuka. FOTO: youtube.com

Composto por longas retas e 18 curvas (incluindo uma sequência de 5 curvas próximas após a curva 2) o traçado possui 5807 metros e o mesmo é um dos últimos circuitos “a moda antiga” como são os casos de Spa na Bélgica e Monza na Itália.

Em situações normais, os pilotos deverão fazer este traçado por 53 vezes para que se, conheça o vencedor da etapa japonesa da Fórmula 1.O traçado do circuito, pode ser visto na figura a seguir.

Circuito de Suzuka onde se realiza o GP do Japão. FOTO: en.wikipedia.org
Circuito de Suzuka onde se realiza o GP do Japão. FOTO: en.wikipedia.org

A chuva já “deu as caras” algumas vezes na corrida japonesa, sendo que a do ano passado foi um dos fatores que causou o acidente de Bianchi.

Dados históricos

O GP do Japão ocorreu pela primeira vez em 1976. Em Monte Fuji, circuito localizado em Shizuoka, o americano Mario Andretti venceu naquele ano. Após 1977, o Japão só voltou a receber uma etapa do mundial de Fórmula 1 em 1987, já em Suzuka, vencida por Gerhard Berger. De lá pra cá a corrida japonesa sempre esteve presente no calendário da Fórmula 1 realizada quase sempre em Suzuka (somente em 2007 e 2008 a corrida nipônica foi realizada novamente em Monte Fuji) totalizando assim 30 corridas até agora, as quais foram vencidas por 16 pilotos diferentes.

O maior vencedor do GP do Japão (e também em Suzuka) é o alemão Michael Schumacher com 6 vitórias alcançadas (todas em Suzuka), seguido pelo alemão Sebastian Vettel com 4 vitórias alcançadas (também todas em Suzuka). Por equipes, quem mais venceu até agora foi a McLaren com 9 vitórias (7 em Suzuka), seguida pela Ferrari com 7 vitórias (todas em Suzuka).

A pole mais rápida foi feita por Felipe Massa pela Ferrari em 2006 com o tempo de 1min 29s 599 (com os carros com motores V8) e a volta mais rápida também foi feita por Kimi Raikkonen pela McLaren, em 2005, com o tempo de 1min 31s 540 (com os carros com motores V10).

Expectativa para a corrida

Quando parecia que tudo se encaminhava para uma sequência tranquila para Hamilton e a Mercedes conquistarem seus títulos em 2015, eis que o GP de Cingapura voltou a colocar interrogações sobre o circo da Fórmula 1. Após o “passeio” dado pelas Ferraris e o abandono de Hamilton o campeonato pode ganhar mais um intruso na disputa pelo título, pelo menos do Mundial de Pilotos. E Vettel provou que em 2010, o que vale é ser o líder após a última corrida da temporada.

A bem da verdade é que o circuito de Suzuka favorece bem mais os carros da Mercedes do que em Cingapura. Mas nunca duvide de um alemão vestido de vermelho na Fórmula 1. Com Schumacher, foram simplesmente 5 títulos consecutivos entre 2000 e 2004. Abre o olho Mercedes.

A McLaren voltou a decepcionar. E para piorar, o time inglês pode perder a sua experiente dupla de pilotos para 2016. E a paciência de Ron Dennis com a Honda está quase acabando. Que drama.

A Williams voltou a fazer uma corrida limitada. Pior para Felipe Massa que, com o seu abandono e os pontos conquistados por Raikkonen e Bottas caiu do quarto para o sexto lugar no Mundial de Pilotos. Em uma pista rápida como Suzuka, a chance dos carros britânicos conseguirem resultados melhores aumenta.

Já Felipe Nasr voltou a pontuar e terminar uma corrida a frente de seu companheiro de equipe Marcus Ericsson. Será que no Japão Nasr conseguirá isto novamente? Vamos ver.

Vettel venceu o GP de Cingapura e a Ferrari quer mais ainda em 2015. FOTO: AFP
Vettel venceu o GP de Cingapura e a Ferrari quer mais ainda em 2015. FOTO: AFP

Horários:

Classificação – 26/09/2015 (sábado), 03:00h (03:30 começa a transmissão na TV aberta) (horário de Brasília),
Corrida – 27/09/2015 (domingo), 02:00h (horário de Brasília)
O treino e a corrida serão transmitidos pela Rede Globo. Boa corrida para todos.

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