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O TRÁGICO GP DA BÉLGICA DE 1960

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Quem tem pelo menos 30 anos se recorda bem daquele fatídico final de semana em Ímola no ano de 1994, que custou as vidas de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna e também do grave acidente sofrido por Rubens Barrichello. Porém 34 anos antes, no antigo Spa-Francorchamps de 14 quilômetros de extensão, ocorreu um episódio único na história da Fórmula 1: dois pilotos morreriam no mesmo dia durante a mesma corrida por poucos minutos de diferença de um em relação ao outro. E a forma como ocorreram as suas mortes variam entre o terror e o bizarro.

Chris Bristow e Alan Stacey: dois pilotos promissores que morreram na mesma corrida e em situações bizarras. FOTO: projetomotor.com.br
Chris Bristow e Alan Stacey: dois pilotos promissores que morreram na mesma corrida e em situações bizarras. FOTO: projetomotor.com.br

Naquele fatídico final de semana iniciado em 17 de junho de 1960: Nos treinos de sexta-feira, o eixo traseiro do Lotus 18 de Moss quebrou-se e perdeu o controlo do seu carro, sendo cuspido para fora. No acidente, o piloto britânico quebrou as duas pernas e ficava fora de combate, embora vivo. Nessa mesma tarde, um outro Lotus 18, o de Mike Taylor, sofreu também um acidente, onde os seus ferimentos foram ainda mais graves, pois sofreu fraturas múltiplas por todo o corpo. Mais tarde, recuperaria dos ferimentos, mas a sua carreira como piloto terminaria nesse dia.

Apesar dos acidentes, a sessão continuou, com o Cooper oficial de Jack Brabham a fazer a pole-position, tendo a seu lado outro Cooper, mas privado, de Tony Brooks. A completar a primeira fila estaria o Lotus de Stirling Moss, mas sem poder competir, no seu lugar ficou o Ferrari de Phil Hill. Na segunda fila estava outro Cooper privado, o de Gendebien, e o BRM de Graham Hill, enquanto que na terceira fila estaria outro BRM, o de Jo Bonnier, e os Lotus de Ireland e Bristow. A fechar o “top ten” estava o terceiro Lotus de Jim Clark.

Quando os carros alinhavam para a pista, naquele dia 19 de Junho de 1960, não se poderia adivinhar que para dois deles, Chris Bristow e Alan Stacey, este iria ser a sua última corrida das suas vidas. Num espaço de minutos, eles estariam mortos em acidentes separados, e num deles, a roçar o bizarro. Mas quando foi dada a partida, Jack Brabham tomava o comando após fazer o Radillon, para não mais o largar até à 36ª e última volta. Mas entre um e outro momento, iria se assistir a momentos negros do automobilismo.

Largada do GP da Bélgica de 1960. FOTO: flyinglap.com.br
Largada do GP da Bélgica de 1960. FOTO: flyinglap.com.br

Com Brabham na liderança, e sem adversários à altura, os motivos de interesse aconteciam atrás. O local Gendebien ficou com o segundo posto, mas cedo foi passado pelo Lotus de Ireland, que andou na perseguição a Brabham, mas na volta treze, sofreu um pião devido a problemas de embraiagem e não conseguiu voltar à corrida. O lugar voltou a ser ocupado por Gendebien, mas cedo foi ultrapassado por Bruce McLaren.

Por esta altura, Chris Bristow e Willy Mairesse lutavam pelo sexto posto, o ultimo lugar pontuável. Conhecidos pelo seu estilo agressivo, nenhum deles cedia e corriam nos seus limites. Até que na volta 18, quando ambos os carros passavam pela curva Bruneville, o Cooper de Bristow perdeu o controle e bateu forte na berma, matando-o instantaneamente.

As circunstâncias da sua morte parecem que foram tiradas de um filme de terror, pois naquele sitio, havia um banco com um metro e 20, e três metros mais adiante existia a vedação com arame farpado. Quando Bristow perdeu o controle do seu Cooper, a berma serviu de impulso para que o carro caísse na rede e no impacto, decepasse a cabeça do jovem piloto de 22 anos. Era a primeira fatalidade do dia.

Carro de Bristow em chamas após o acidente. FOTO: fabioseixas.blogfolha.uol.com.br
Carro de Bristow em chamas após o acidente. FOTO: fabioseixas.blogfolha.uol.com.br

Na volta 25, quando tudo estava mais ou menos decidido, acontecia a segunda fatalidade do dia. E teve tanto de horrível como de bizarro. Perto da temível Masta Kink, uma sequências de curvas à esquerda de direita, feitas em alta velocidade, Stacey foi atingido por um pássaro enquanto rolava a mais de 260 km/hora. Perdeu o controlo do seu carro, bateu na rampa, não muito longe do sitio onde morrera poucos minutos antes o seu compatriota Bristow, e o carro, um Lotus 18, pegou fogo. Até agora não se sabe bem se ele já estaria morto quando foi a colisão com o pássaro ou se quando foi projetado para fora do carro, mas uma coisa era certa: aos 26 anos, a sua vida chegara ao fim.

No final, houve mais confusão: se Brabham e McLaren fderam à Cooper uma dobradinha bem merecida, a atribuição do terceiro lugar foi confusa: Graham Hill parou na última volta devido a problemas de motor, quando estava no terceiro posto, mas como ele não puxou pelo carro até à meta, não foi considerado, e esse lugar ficou nas mãos do Cooper privado de Olivier Gendebien. O Ferrari de Phil Hill conseguiu o quarto posto, enquanto que Jim Clark conseguia os seus primeiros pontos da carreira com o seu quinto posto, e a fechar os pontos estava outro belga: Lucien Bianchi.

Contudo, dadas as circunstâncias daquela tarde sombria, não houve celebrações no pódio belga. E algum tempo depois, um os feridos, Mike Taylor, processou Colin Chapman num tribunal britânico pelo facto do seu chassis lhe ter causado a sua invalidez. O processo demorou algum tempo, mas no final, Mike ganhou e a Lotus foi obrigada a pagar uma indemnização. A fama dos seus chassis, no pior sentido, já começava a surgir… (Texto retirado do blog Continental Circus)

No vídeo a seguir temos um compacto de alguns momentos daquela fatídica corrida:

Fim das férias de verão! Recomeça a temporada de 2016 da Fórmula 1. Em Spa o domínio das Mercedes será mantido ou será que algum piloto de outra equipe desbancará os carros alemães? Em Spa, tudo é possível.

O circuito da corrida

O Grande Prêmio da Bélgica é um dos mais tradicionais da Fórmula 1. Está no calendário da categoria desde seu início em 1950 e de lá pra cá, somente em seis ocasiões não integrou o calendário da categoria.

De 1950 a 1970 a corrida era realizada no antigo Spa-Francorchamps com 14 quilômetros de extensão. Em 1972 e 1974 a corrida foi realizada em Nivelles. Em 1973, 1975 a 1982 e 1984 a corrida foi realizada em Zolder. E em 1983 e de 1985 em diante a corrida foi realizada no novo circuito de Spa-Francorchamps.

Vista aérea do Circuito Spa-Francorchamps onde se realiza o GP da Bélgica desde 1950. FOTO: womotor.wordpress.com
Vista aérea do Circuito Spa-Francorchamps onde se realiza o GP da Bélgica desde 1950. FOTO: womotor.wordpress.com

O lendário novo circuito de Spa-Francorchamps localizado nos arredores das cidades de Spa, Stavelot e Malmedy, é o maior circuito em extensão da atual Fórmula 1. Seus 7004 metros são compostos por extensas retas e curvas lendárias, como a travada La Source situada logo após a reta dos boxes e a insuperável Eau Rouge que é feita de “pé cravado” a quase 300 km/h.

Eau Rouge: A curva mais rápida e mais lembrada da Fórmula 1. FOTO: pt.wikipedia.org
Eau Rouge: A curva mais rápida e mais lembrada da Fórmula 1. FOTO: pt.wikipedia.org

Em situações normais, os pilotos deverão fazer este traçado por 44 vezes para que se, conheça o vencedor da etapa belga da Fórmula 1.O traçado do circuito, pode ser visto na figura a seguir.

Circuito de Spa-Francorchamps onde se realiza o GP da Bélgica. FOTO: pt.wikipedia.org
Circuito de Spa-Francorchamps onde se realiza o GP da Bélgica. FOTO: pt.wikipedia.org

A corrida da Bélgica é caracterizada pela alta imprevisibilidade das suas condições climáticas. A floresta ao redor do circuito ajuda ainda mais nisto. Inúmeras vezes os treinos foram realizadas com pista seca e a corrida ocorreu com chuva e vice-versa. Traduzindo: emoção é o que não falta nesta corrida.

Dados históricos

Nas 60 edições realizadas até agora do GP da Bélgica desde 1950, 25 pilotos diferentes venceram lá. O argentino Juan Manuel Fangio foi o primeiro vencedor correndo no antigo circuito de 14 quilômetros de Spa-Francorchamps. No novo traçado, o primeiro vencedor foi o francês Alain Prost em 1983.

Um fato curioso: das 48 corridas realizadas até agora em Spa-Francorchamps, nada menos que 41 delas foram vencidas por campeões mundiais. E duas delas por vice-campeões mundiais. Por isso costuma-se dizer que só “os grandes” vencem em Spa.

O maior vencedor do GP da Bélgica é o alemão Michael Schumacher 6 vitórias alcançadas (todas no novo traçado de Spa), seguido pelo brasileiro Ayrton Senna, com 5 vitórias (todas também obtidas no novo traçado de Spa). Por equipes, quem mais venceu até agora foi a Ferrari com 16 vitórias, seguida pela McLaren com 14 vitórias.

A pole mais rápida foi feita por Mark Webber pela Red Bull em 2010 com o tempo de 1min 45s 778 (com os carros com motores V8) e a volta mais rápida foi feita por Sebastian Vettel em 2009, também pela Red Bull com o tempo de 1min 47s 263 (com os carros também com motores V8).

Expectativa para a corrida

Já virou tradição esta parada de quase um mês durante a temporada da Fórmula 1. Ela serve mais é como um período de descanso para pilotos e equipes uma vez que grandes mexidas nos carros são vetadas neste período.

O retorno no mítico circuito belga marca o início da “segunda metade” do campeonato. Restando ainda 9 corridas a serem realizadas, contando ainda que a última terá pontuação dobrada, a única coisa que parece certa é que o título do campeonato de construtores será novamente da Mercedes.

O que se viu até agora é quase uma cópia das duas temporadas passadas: domínio quase total dos carros da Mercedes com um detalhe adicional: ele foi ampliado. Se em 2014 e 2015 chegamos à Bélgica com 2 vitórias de times rivais dos alemães, este ano somente Max Verstappen da Red Bull quebrou o domínio alemão no topo do pódio na Espanha. Mas sabemos bem que foi porque Hamilton e Rosberg bateram naquela corrida entre eles na primeira volta. Do contrário…

Entre Hamilton e Rosberg a disputa se assemelha mais a de 2014: Nico começou melhor, mas Lewis já “virou a mesa” e está 19 pontos a frente do alemão. Porém Rosberg terá uma vantagem nesta corrida: Hamilton vai ter que trocar de motor e como já utilizou as cinco propulsões que teria direito na temporada vai tomar uma punição de 30 posições em relação a posição que alcançar no treino classificatório de amanhã e largará em penúltimo. Traduzindo: vai ser uma corrida cheia de ultrapassagens com Hamilton saindo lá de trás.

Entre destaques positivos e negativos, melhor para o holandês Max Verstappen e a Red Bull e pior para a Williams e Sauber.

Max entrou para a Red Bull após o GP da Rússia para substituir o criticado Danii Kvyat e logo na estreia pelo time austríaco venceu no GP da Espanha se tornando o mais jovem piloto a vencer na história da Fórmula 1. A Red Bull mostrou uma franca evolução ao longo da temporada e assumiu o posto de segundo time na temporada superando a Ferrari e vencendo a única corrida não triunfada por um carro Mercedes na temporada.

Os carros dos dois pilotos brasileiros estão sendo a grande decepção nesta temporada. A Williams, que em 2014, chegou a disputar o posto de segundo time do grid, está nesta temporada tendo que se esforçar para ser o quarto time nas corridas. Pior para Felipe Massa, que vem “apanhando” constantemente de Valtteri Bottas, tanto nos treinos quanto nas corridas.

Já a Sauber que fez um bom início de temporada em 2015, volta a decepcionar mais uma vez. Volta e meia os carros suíços estão ficando na “rabeira” do grid e até agora é o único time da atual temporada que não pontuou (até a Manor pontuou em 2016 e a Sauber não!). Isso está prejudicando muito a temporada de Felipe Nasr. O brasileiro está na penúltima colocação no campeonato de pilotos de 2016. É… Não tá fácil pra ninguém. Fé em Deus e “pé na tábua” que a Fórmula 1 está de volta em 2016!

Hamilton venceu na “casa” de Rosberg antes das férias de verão. FOTO: formula1.com
Hamilton venceu na “casa” de Rosberg antes das férias de verão. FOTO: formula1.com

Horário:

Corrida – 28/08/2016 (domingo), 09:00h (horário de Brasília). A corrida será transmitida pela Rede Globo. Boa corrida para todos.

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