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CHAMA O BAIXINHO QUE ELE RESOLVE! O DIA DE ROMÁRIO

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Hoje vamos falar do jogo do Romário. Um dos jogos mais míticos do futebol brasileiro. Daqueles que ultrapassam o limite das enciclopédias e ganha o imaginário popular, povoando a lembrança dos torcedores por muito tempo. Depois dessa introdução quase poética, vamos falar do Brasil x Uruguai de 1993, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Foi a chance real do Brasil não ir para a Copa.

Mesmo sendo um clássico, o que por si só já vale a lembrança, aquele jogo talvez não marcasse tanto se não fosse pelo contexto dramático. O Brasil fazia uma campanha complicada nas eliminatórias. Num grupo onde deveria sobrar, Brasil e Uruguai se complicaram e viram a Bolívia, da dupla ‘El Diablo” Etcheverry e Erwin Sánchez, chegar a última rodada com os mesmos 10 pontos dos dois, mas ainda assim a frente nos critérios de desempate. Para melhorar as coisas, ia jogar com o Equador por um empate, enquanto brasileiros e uruguaios se matariam por uma vaga no Maracanã.

O Brasil chegava desacreditado, criticado pelo futebol que demonstrava. Na campanha vinha a primeira derrota para a Bolívia na história e um primeiro turno de atuações fraquíssimas – ressaltando a bizarra tabela que fez o Brasil jogar o quatro primeiros jogos fora de casa. Mesmo assim a torcida lotou o Maracanã e jogou junto com o time a peleja inteira. Como terminaram os resultados finais da rodada, o empate bastaria, mas a vitória serviria demais para ganhar moral.

E a vitória veio com show de Romário. Aliás, na sua estreia nas Eliminatórias. Por problemas com o técnico Parreira ele não vinha sendo convocado desde 92 (situação que nunca fará sentido nenhum, convenhamos). Em uma entrevista ao Estadão, Romário falou sobre sua convocação: “eu sabia que era um jogo em que eles (Parreira e Zagallo) não tinham outra opção e que eu era a última esperança. Só que quem me convocou mesmo foi o Ricardo Teixeira (presidente da CBF). Descobri isso depois”. Problemas à parte, ele veio de Barcelona para o jogo como o salvador da pátria.

Manchete mais do que direta da Gazeta Esportiva de 93, pós-jogo. FOTO: Arquivo
Manchete mais do que direta da Gazeta Esportiva de 93, pós-jogo.

O jogo foi dramático, como sugere qualquer confronto contra o Uruguai, sempre um time muito chato de se enfrentar. Jogo truncado, catimba, juiz se enrolando… Tudo o que pede um jogo para entrar na história.

Até os 20 minutos do segundo tempo, o Brasil levava bem o jogo, mas o placar não saía do zero. O goleiro uruguaio, Siboldi, fez um grande jogo além de contar com a ajuda da trave. Fatores que afetavam mais ainda o nervosismo do Brasil. Já Romário parecia jogar uma pelada com os amigos no fim de semana.

Logo nos primeiros minutos de jogo já tinha dado uma caneta e um chapéu no meio-de-campo, parecendo não sentir a pressão do jogo. Ainda no primeiro tempo, tabelou com Raí (que fez um lançamento genial) e com um tapa encobriu o goleiro, parando no travessão. E ainda sofreu um pênalti escandaloso não marcado.

Além do Baixinho, Branco, Bebeto (3 vezes) e Jorginho pararam nas grandes defesas de Siboldi. Veio o segundo tempo e o goleiro uruguaio operou mais dois milagres. O empate não interessava para o Uruguai, que teve que sair para o jogo. Caminho facilitado para o gol Brasileiro.

O técnico uruguaio tirou um zagueiro para colocar um atacante (numa época que isso representava sair para o jogo, diferente de hoje). Logo no primeiro ataque brasileiro depois dessa troca, Mauro Silva lançou Bebeto que conseguiu achar a CABEÇA (!) do Baixinho no meio da zaga da celeste e Brasil 1×0, Maracanã explodindo, vaga na copa garantida e Romário mostrando para o mundo que a escalação da seleção era ele mais 10.

Com isso o jogo ficou um pouco mais tranquilo para o Brasil, muito por causa da extrema necessidade de o Uruguai propor o jogo para fazer dois gols, situação que nunca foi a preferida deles.

Por consequência, Mauro Silva rouba a bola no meio e novamente faz um lançamento primoroso para Romário (três dedos, pressionado, na medida certa para o Baixinho, coisa linda demais). O Baixinho faz um de seus lances históricos: tira do goleiro, que até pula tentando agarrá-lo, mas o craque da área se livra dele, bate sozinho para o fundo do gol e sai para a galera.

Romário passando por Siboldi para o marcar o segundo gol. FOTO: Arquivo
Romário passando por Siboldi para o marcar o segundo gol. FOTO: Arquivo

Olhando o jogo com os olhos de hoje, depois que já sabemos no que deu aquela apresentação da seleção (marco zero da saída da fila de 24 anos de espera pelo tetra), é incrível pensar que aquele time era criticado. O time tinha só Taffarel no gol (ponto final); Jorginho (pisou no pescoço do Uruguai), Ricardo Gomes (jogava muito!), Ricardo Rocha e Branco (craque); Dunga (o que é péssimo como treinador, era bom como jogador), Mauro Silva (jogaria de camisa 10 em qualquer time do mundo hoje), Raí e Zinho (dispensam comentários); Bebeto (infernal) e Romário, o gênio.

Claro que a comparação com os resultados atuais da seleção é inevitável, mas é difícil de acreditar que o Brasil criticava esse time. Esses caras poderiam enfrentar a Alemanha de hoje vinte vezes que não tomariam sete gols no somatório dos resultados. Uma seleção brasileira com camisa amarela para dentro do calção azul, meião branco e 11 pares de chuteiras pretas. Cabelos bem cortados, sem foto no insta e com muita seriedade em campo.

Muito diferente dos dias atuais. Muito!

Ah! E tinha “Os Trapalhões” depois do jogo!

O time que levou o Brasil para a Copa. FOTO: Divulgação
O time que levou o Brasil para a Copa. FOTO: Divulgação

Ficha Técnica

LOCAL: Maracanã, Rio de Janeiro, Brasil.
DATA: 19 de setembro de 1993.
PÚBLICO: 101.533 pagantes
ÁRBITRO: Alberto Tejada Noriega (Peru)
CARTÕES AMARELOS: Jorginho e Branco (Brasil); Ricardo Canals, Enzo Francescoli, Ruben Sosa, José Herrera e Diego Dorta (Uruguai).
BRASIL – Taffarel, Jorginho, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha e Branco; Dunga, Mauro Silva, Raí e Zinho; Bebeto e Romário. Técnico: Parreira.
URUGUAI – Siboldi; Canals (Adrián Paz), Herrera, Kanapkis e Méndez; Dorta, Batista, Gutiérrez e Francescoli (Zalazar); Fonseca e Rubén Sosa. Técnico: Ildo Maneiro.

Vale muito rever a partida! Além de um jogo de primeira, você pode lembrar que a maior tecnologia bancaria do Itaú na época era o Bankfone, se assustar com uma época em que o placar só aparecia quando vinha o sinal sonoro e ver como a voz do Galvão era diferente. Tudo isso ouvindo a musiquinha da Copa e, de quebra, ouvindo os comentários do Pelé! Entende?

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