Home»Futebol Nacional»Brasileirão»MOTI NÃO FOI O PRIMEIRO A SAIR DA LINHA PARA MITAR NO GOL

MOTI NÃO FOI O PRIMEIRO A SAIR DA LINHA PARA MITAR NO GOL

0
Shares
Pinterest WhatsApp
Moti se torna heroi na Bulgária. FOTO: site oficial do Ludogorets
Moti se torna heroi na Bulgária. FOTO: site oficial do Ludogorets

Uma equipe de futebol consiste em 11 jogadores, dez na linha e um no gol. Sabemos que existem vários jogadores versáteis, capazes de atuar em muitas posições diferentes. Agora, tem sempre aquela situação onde o time fica sem goleiro e, não podendo mais fazer substituições, tem que eleger alguém da linha para ir para o gol, mesmo sendo – quase sempre – um leigo no assunto. A velha arte do improviso.

Na última rodada eliminatória valendo vaga na fase de grupos da UEFA Champions League, vimos a atuação heroica de Moti, zagueiro romeno que atua pelo Lodogorets, da Bulgária. Seu time conseguiu o suado 1×0 de que precisava para levar o duelo contra o Steaua Bucareste para a prorrogação e, no finzinho do tempo extra, perdeu o seu goleiro expulso. Lá foi o Moti para o gol e para a disputa de pênaltis. Além de converter o seu, o zagueiro defendeu duas cobranças e se tornou o grande responsável pela classificação da equipe.

Inspirada nessa atuação memorável do zagueiro do time búlgaro, surgiu a lista abaixo, que conta a história de outros atletas da linha que foram para o gol salvar suas equipes, ou não. E tem muita gente famosa.

Pelé | Santos 4×3 Grêmio | 1964

O melhor jogador de todos os tempos já viveu seu dia de goleiro. Faltando cinco minutos para o final da partida entre Santos e Grêmio, o goleiro Gilmar recebeu o cartão vermelho. Depois de ter feito três gols no jogo, Pelé assumiu a meta santista e, com a experiência de quem brincava nos treinamentos, não comprometeu em momento algum. Chegou a fazer duas defesas importantes.

Alain Giresse e Marius Trésor | Bordeaux 0x6 Nantes | 1982

E quem disse que por jogador da linha no gol não serve como protesto? Na última rodada do Campeonato Francês de 1982, o Bordeaux resolveu protestar contra a suspensão de um ano dada ao seu goleiro, o iuguslavo Pantelic, acusado de agredir um bandeirinha. Colocou o ídolo francês Alain Giresse para começar a partida no gol. O genial meia era o mais baixinho do time (1,63 m) e, como capitão, assumiu a meta do time, sem a responsabilidade de defender. Aos 15 minutos do segundo tempo, o Nantes vencia por 5×0 e Giresse deu lugar a outro jogador de linha, Marius Trésor, que sofreu o sexto e último gol da partida.

Tressor e Giresse revezaram na meta do time do Bordeaux. FOTO: montagem
Tressor e Giresse revezaram na meta do time do Bordeaux. FOTO: montagem

Chris Hedworth e Peter Beardsley | Newcastle 1×8 West Ham | 1986

Evidentemente, às vezes o desastre é inevitável. Exemplo disso foi Newcastle x West Ham, de abril de 1986, que até hoje tenta ser esquecido pelos torcedores do time do St. James Park. O goleiro titular Martin Thomas não estava com o elenco e o reserva David McKellar saiu de campo devido a uma contusão no quadril quando a sua equipe estava perdendo por 4 a 0. Mas, como sempre dá para piorar, o meio-campista Chris Hedworth vestiu as luvas, levou um gol e pouco depois quebrou a clavícula ao fazer uma defesa. O atacante Peter Beardsley foi para debaixo das traves, mas também não conseguiu impedir uma goleada por 8 a 1. Curiosamente, Alvin Martin marcou três gols na partida, um em cada um dos goleiros.

Gaúcho | Palmeiras 1×1 Flamengo (5×4 penaltis) | 1988

O Palmeiras vencia o Flamengo no Maracanã quando Zetti se machucou numa dividida com Bebeto. Sem poder substituir mais ninguém, o atacante Gaúcho foi para o gol. No primeiro lance acabou sofrendo o gol de empate, que levou a decisão para os pênaltis. Antes das cobranças o “goleiro” sem luvas disse que iria pegar as cobranças. E pegou. Ele defendeu os pênaltis de Aldair e Zinho e ainda converteu o seu, levando o Palestra à vitória contra o Flamengo de Zico.

Niall Quinn | Manchester City 2×1 Derby County | 1991

Niall Quinn tinha aberto o placar para o Manchester City contra o Derby County no primeiro tempo e vinha sendo o destaque da partida. Porém, ainda antes do intervalo, ele precisou trocar de camisa e colocar as luvas, depois que o goleiro Tony Coton foi expulso de campo. O que parecia uma atitude desesperada, se mostrou extremamente sensata. O atacante irlandês pegou um pênalti e efetuou importantes defesas, que fizeram a sua falha no segundo gol parecer irrelevante.

Paulo Sérgio | São Paulo 3×0 Corinthians | 1993

Com um time fraco e tendo que enfrentar o grande time do São Paulo, o Corinthians não tinha muito o que fazer. O time já perdia por 1×0 quando o goleiro Ronaldo foi expulso e, sem mais alterações para fazer, o time colocou o atacante Paulo Sérgio no gol. Pegar o pênalti de Raí não deu, mas o atacante fez pelo menos duas grandes defesas antes de tomar o terceiro gol. Após a derrota, foi um dos poucos poupados pela torcida.


Marcelo Ramos | San Lorenzo 1×1 Cruzeiro | 1998 

Valia vaga na semifinal da Copa Mercosul de 98 e o Cruzeiro estava segurando o 1×1 que lhe classificaria até que, no fim do jogo, o goleiro Paulo César – que vinha segurando o empate -foi expulso. Sem poder substituir mais ninguém, Marcelo Ramos foi para a meta celeste. Com todo mundo na frente da área para evitar o pior e com o atacante saindo do gol de maneira segura, mesmo no aperto, o Cruzeiro assegurou a vaga.
Michael Tarnat | Bayern de Munique 2×1 Frankfurt | 1999
Em setembro de 1999, Frankfurt e Bayern se enfrentavam pela Bundesliga quando, em um intervalo de sete minutos, o clube de Munique perdeu os seus dois goleiros. Primeiro Oliver Kahn sofreu uma grave pancada na cabeça e depois, o seu substituto, Bernd Dreher, rompeu o ligamento cruzado. Coube então ao meio-campista Michael Tarnat a tarefa de fechar o gol do Bayern, que àquela altura perdia por 1 a 0. No final, o Bayern venceu por 2 a 1 e o goleiro improvisado surpreendeu, com boa atuação.

Jan Koller | Bayern de Munique 2×1 Borússia Dortmund | 2002

Até o gigante tcheco já teve que viver seu dia de goleiro. Do alto de seus 2,02 m, Jan Koller teve que ir para o gol logo no clássico entre Bayern de Munique e Borússia Dortmund. Em 2002, o gigantesco atacante do Borussia Dortmund substituiu Lehmann, que foi expulso. Incrivelmente seguro e arriscando subidas ao ataque, Koller foi até escalado como goleiro da seleção da rodada, pela revista esportiva alemã kicker.

John Terry | Chelsea 1×0 Reading | 2006

Em outubro de 2006, em uma partida da Premier League entre Chelsea e Reading, Petr Cech precisou ser substituído logo no primeiro minuto devido a uma lesão – desde então ele usa um protetor de cabeça. O reserva Carlo Cudicini estava tendo um bom desempenho até os acréscimos, quando também se contundiu. O capitão John Terry assumiu a responsabilidade e manteve o placar em 1 a 0, embora não tenha sido muito exigido.

Petric | Basel 2×2 Nantes | 2007

O croata Petric salvou o Basel de uma derrota certa contra o Nantes, pela Copa da UEFA de 2007. Depois que o goleiro argentino Constanzo foi expulso, o Petric foi para o gol e ainda ouviu alguns conselhos do arqueiro expulso. E deu muito certo. O croata pegou firme a cobrança e garantiu o empate de sua equipe no apagar das luzes.

John O’Shea | Manchester 4×0 Tottenham | 2007

Por sua vez, John O’Shea ganhou até mesmo um novo apelido devido a uma situação parecida. Contra o Tottenham, o Manchester já havia feito as três substituições quando o goleiro Edwin van der Sar quebrou o nariz. Foi então que o zagueiro irlandês assumiu a função debaixo das traves — e com sucesso. Correu poucos riscos, fez um grande intervenção num contra-ataque e ainda pleiteou parte do “bicho” do lesionado goleiro holandês. Há, e ganhou o apelido “The Cat” do técnico Sir Alex Fergusson.

Edmundo | Vasco 1×3 Cruzeiro | 2008

O Vasco ia mal das pernas e acabaria caindo naquele ano. Mas Edmundo fez de tudo para evitar, inclusive ir no gol. Contra o Cruzeiro, após a expulsão do goleiro Tiago, o “Animal” terminou a partida no gol, sofreu apenas o gol de pênalti e não comprometeu. Depois da partida, desabafou.


Diogo | Juventus 2×3 Palmeiras B | 2010

Em jogo válido pela série A3 do Paulistão, o meia-atacante Diogo já havia feito dois gols na partida e teve que ir para o gol, depois que o goleiro Borges foi expulso. Aos 49 do 2º tempo, o goleiro do Juventus foi para a área tentar o gol. Porém, a bola ficou nas mãos de Diogo, que como bom finalizar, chutou da sua própria área e conseguiu, de forma incrível, seu hat-trick.

Felipe Melo | Galatasaray 1×0 Elazigispor | 2012

Lembra do Felipe Melo? Não, ele não pisou em ninguém. Pelo contrário, salvou o Galatasaray ao defender um pênalti, já nos acréscimos, na vitória por 1 a 0 contra o Elazigispor. Ele foi parar no gol após a expulsão do arqueiro uruguaio Fabián Muslera e comemorou imitando um pitbull.

Agustin Pelletieri | Racing 3×1 San Martín | 2012

O volante Agustin Pelletieri, do Racing, foi para o gol depois que o goleiro foi expulso. Ele praticou uma grande defesa em cobrança de penalti, no fim da partida, garantindo a vitória por 3 a 1.

Houveram muitas outras situações na história do futebol em que um jogador de linha precisou virar goleiro. Sem dúvidas, por trás de cada uma delas há uma história emocionante, inacreditável ou no mínimo muito curiosa. E continuamos vendo isso até hoje e, posso assegurar a vocês que a cada dia nos surpreenderemos ainda mais.

Previous post

JOGADAS DA SEMANA | Golaços e jogadas sensacionais no Mundial de Basquete

Next post

MONZA: A PRIMEIRA VEZ DE UM CAMPEÃO

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *