JAPÃO 90 – BI DE SENNA COM DOBRADINHA BRASILEIRA E JAPONÊS NO PÓDIO
Tem corrida que acontece tanta coisa que tem que seu nível de historicidade atinge um grau altíssimo no contexto geral. E é uma destas corridas “antológicas” que serão recordadas hoje neste artigo.
O artigo de hoje relembrará o mítico GP do Japão de 1990, onde aconteceu de tudo um pouco, envolvendo principalmente brasileiros e japoneses.
O dia 21 de Outubro de 1990 era um dia de sol outonal, algo que a formula 1 ainda não tinha visto nessas paragens nipônicas. Quando todos estavam alinhados na partida, a tensão estava no ar, sabendo que algo poderia acontecer. Quando acendeu a luz verde, Prost largou melhor, mas Senna continuou acelerando, não levantando o pé numa manobra de “tudo ou nada”. À entrada da primeira curva, o inevitável aconteceu: ambos os carros bateram e acabaram na gravilha (fora da corrida). Com este resultado, Ayrton Senna era campeão do mundo pela segunda vez na sua carreira, mas o título fora atribuído da mesma forma polêmica do ano anterior.
O campeonato já estava decidido, mas havia mais 52 voltas para serem disputadas, e as surpresas iriam começar. No inicio da segunda volta, Berger, que tinha superado Mansell da mesma forma, distrai-se e sai de pista, cedendo o comando ao britânico da Ferrari, seguido pelos carros de Piquet e Moreno, pelos Williams de Boutsen e Patrese e pelo Larrousse de Suzuki.
Mansell herdou a liderança de Berger e imprimia o seu ritmo de maneira forte, para assim ter uma hipótese de ganhar, já que iria parar uma vez, algo que os seus adversários não o iam fazer. Na volta 26, Mansell para, para meter pneus novos, uma troca feita de forma perfeita por parte da Ferrari, mas na pressa de sair dali e apanhar os seus adversários, ao engatar a segunda velocidade, o “brutânico” quebra a transmissão e acaba por desistir, deixando caminho livre para os Benetton.
Até ao final da corrida, foi uma corrida controlada por parte da Benetton. Nelson Piquet, que não vencia uma corrida desde o GP de Itália de 1987, pela Williams, e depois de uma passagem apagada pela Lotus, onde “consegui ganhar mais dinheiro que pontos”, estava a caminho da vitória. Com o seu velho amigo de Brasília, Roberto Moreno, mesmo atrás dele, tudo estava controlado. Mais atrás, Patrese tinha passado Boutsen, mas descobriu que os pneus se desgastavam mais rapidamente que esperada e teve de parar, sendo passado por Aguri Suzuki, que ia a caminho de algo inédito: o primeiro pódio de um piloto japonês. E em Suzuka!
Com a bandeira de xadrez a ser mostrada, foi uma festa na equipe italiana. Era a primeira dobradinha de sempre, a terceira vitória da equipa e a primeira vitória de Piquet em três anos. Por fim, Roberto Moreno, aos 31 anos, fazia valer o seu talento num chassis competitivo, ao conseguir o seu primeiro pódio da carreira (detalhe: foi a última dobradinha, até hoje, de dois pilotos brasileiros na Fórmula 1). E isso lhe daria contrato competitivo em 1991, pela Benetton. Aguri Suzuki estava radiante pelo feito, especialmente num carro do meio do pelotão e o seu conhecimento de Suzuka. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram os Williams de Riccardo Patrese e Thierry Boutsen, e o Tyrrell de Satoru Nakajima. (Texto retirado do blog Continental Circus)
As voltas finais daquela histórica corrida podem ser visto no vídeo abaixo (a bandeirada ocorre aos 11min e 20s).
https://youtu.be/I7gUffZ_I6U
Este ano o título não poderá ser decidido no Japão, mas o resultado que ocorrer nele poderá ser determinante na disputa pelo título do Mundial de Pilotos de 2016, entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton, principalmente após o ocorrido na corrida anterior na Malásia.
O circuito da corrida
O Grande Prêmio do Japão foi, por durante anos a única etapa asiática da Fórmula 1. Tirando-se os anos de 1994 e 1995, onde ocorreu o Grande Prêmio do Pacífico em Aida, também localizado no Japão, somente a partir de 1999, com a inclusão da Malásia, é que a Ásia passou a ter mais etapas do campeonato de Fórmula 1.
Apesar de nunca ter possuído um piloto em condições de lutar por um título mundial da categoria, os japoneses constituem-se de uma das torcidas mais apaixonadas por automobilismo no mundo.
O circuito de Suzuka possui uma particularidade: é o único na Fórmula 1 atual no qual o traçado da pista se “cruza” (como se fosse um 8). Ou seja, em vários momentos temos os pilotos no mesmo “rumo” da pista, porém, quem está passando “por cima” (se estiver na mesma volta) estará à frente de quem está passando “por baixo” da pista.
Composto por longas retas e 18 curvas (incluindo uma sequência de 5 curvas próximas após a curva 2) o traçado possui 5807 metros e o mesmo é um dos últimos circuitos “a moda antiga” como são os casos de Spa na Bélgica e Monza na Itália.
Em situações normais, os pilotos deverão fazer este traçado por 53 vezes para que se, conheça o vencedor da etapa japonesa da Fórmula 1. O traçado do circuito, pode ser visto na figura a seguir.
A chuva já “deu as caras” algumas vezes na corrida japonesa, Em 2014, foi um dos fatores que causou o acidente de Jules Bianchi, que o levou a morte em julho de 2015.
Dados históricos
O GP do Japão ocorreu pela primeira vez em 1976. Em Monte Fuji, circuito localizado em Shizuoka, o americano Mario Andretti venceu naquele ano. Após 1977, o Japão só voltou a receber uma etapa do mundial de Fórmula 1 em 1987, já em Suzuka, vencida por Gerhard Berger. De lá pra cá a corrida japonesa sempre esteve presente no calendário da Fórmula 1 realizada quase sempre em Suzuka (somente em 2007 e 2008 a corrida nipônica foi realizada novamente em Monte Fuji) totalizando assim 30 corridas até agora, as quais foram vencidas por 16 pilotos diferentes.
O maior vencedor do GP do Japão (e também em Suzuka) é o alemão Michael Schumacher com 6 vitórias alcançadas (todas em Suzuka), seguido pelo alemão Sebastian Vettel com 4 vitórias alcançadas (também todas em Suzuka). Por equipes, quem mais venceu até agora foi a McLaren com 9 vitórias (7 em Suzuka), seguida pela Ferrari com 7 vitórias (todas em Suzuka).
A pole mais rápida foi feita por Felipe Massa pela Ferrari em 2006 com o tempo de 1min 29s 599 (com os carros com motores V8) e a volta mais rápida também foi feita por Kimi Raikkonen pela McLaren, em 2005, com o tempo de 1min 31s 540 (com os carros com motores V10).
Expectativa para a corrida
Se houve uma etapa neste ano em que a situação dos dois primeiros colocados no Mundial de Pilotos mudou drasticamente várias vezes ao longo de uma corrida esta foi a realidade da Malásia, última corrida realizada. A corrida foi de Rosberg caindo para 17º logo na largada (e com isso Hamilton retomando a liderança e abrindo boa vantagem), fazendo uma corrida de recuperação chegando ao 4º lugar (com Hamilton ainda retomando a liderança, porém abrindo pouca vantagem) e terminar a mesma abrindo 23 pontos de vantagem em relação ao seu companheiro e rival inglês (após a quebra de Hamilton e assim herdar o terceiro lugar na prova). A Malásia pode se revelar futuramente como a corrida que determinou o rumo no Mundial de Pilotos de 2016.
Mas nem tudo está perdido para Hamilton. Ele ainda depende só dele para conquistar o tetra. Se vencer as 5 últimas etapas, Hamilton não dependerá de nenhum resultado dos concorrentes para erguer a quarta taça na Fórmula 1. E como nos últimos dois anos Hamilton venceu no Japão, isto representa um alento para que o inglês possa continuar forte na batalha pelo quarto título na Fórmula 1.
O Japão deverá ser o local onde ocorrerá a confirmação do tricampeonato do Mundial de Construtores da Mercedes. Se não ocorrer nada de anormal, os alemães levam sua terceira taça para casa.
A dobradinha de Ricciardo e Verstappen serviu para confirmar a Red Bull como segundo time desta temporada. Melhor para o australiano que conseguiu segurar o ímpeto do jovem Max e vencer sua primeira corrida nesta temporada. A primeira desde o GP da Bélgica de 2014. Ricciardo se encaminha para confirmar o terceiro lugar no Mundial de Pilotos e ser o melhor do “resto” do grid, logo atrás da dupla da Mercedes.
Aos brasileiros não resta muita coisa a se fazer em 2016. Massa vai cumprir tabela até o final desta temporada para depois definir que rumo vai dar na sua carreira. Já para Felipe Nasr, o objetivo é fazer boas corridas, dentro das possibilidades de sua limitada Sauber e tentar um carro melhor para 2017. Força Felipes!
Resultado do treino classificatório
Horários:
Corrida – 09/10/2016 (domingo), 02:00h (horário de Brasília)
O treino e a corrida serão transmitidos pela Rede Globo. Boa corrida para todos.
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