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HISTÓRIAS DE COPAS | O URUGUAI E O PONTAPÉ INICIAL

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COPA-DO-MUNDO

O que você sabe sobre o começo da Copa do Mundo? Quem teve essa ideia? Por que ela tomou o rumo que levou até onde está hoje? Vamos tentar contar um pouco dessa história.

Antes de ser criada a Copa do Mundo, a FIFA reconhecia o país medalha de ouro de futebol nos Jogos Olímpicos como o campeão mundial. Isso aconteceu até os Jogos de 1928, quando, em uma conferência realizada em Amsterdã, o francês Jules Rimet, presidente da entidade máxima do esporte, anunciou que criaria um torneio à parte. Disputas políticas a parte, no ano seguinte, em uma reunião em Barcelona, ficou decidido que a sede seria o Uruguai, pelo fato de 1930 ser o ano do centenário da independência do país e pela Celeste ser a atual bicampeã olímpica (1924/28).

O pré-Copa

Antes de irmos à competição, é bom contextualizar o mundo naquele momento. Embora o futebol tenha sido oficialmente organizado em 1904, com a fundação da FIFA, foi somente em 1924 com o Torneio Olímpico em Paris que o esporte passou a ser realmente internacional, pois foi a primeira vez que seleções de outros continentes enfrentaram os países europeus. Com isso, o público aumentou e a prática do esporte profissional fez com que a Olimpíada não comportasse toda a demanda do futebol. Entretanto quando se criou a Copa do Mundo, a Europa estava em crise e embora o Uruguai tenha sido escolhido como sede com entusiasmo por todos os países membros da FIFA, muitas nações europeias não gostaram muito da ideia de cruzar o Atlântico em uma viagem longa, que além de cansativa era cara. Além disso, alguns clubes ficariam dois meses sem os seus principais jogadores, o que por incrível que pareça, já dava polêmica naquela época. Por essas razões, várias federações nacionais acabaram desistindo da sua promessa de participar.

Dois meses antes do torneio, nenhuma seleção europeia havia confirmado a sua inscrição. Graças aos esforços de Jules Rimet, que convenceu o governo uruguaio a custear as despesas dos participantes europeus, quatro selecionados viajaram para Montevidéu: Bélgica, França e Romênia no SS Conte Verde, e a Iugoslávia no MS Flórida. A primeira Copa do Mundo da FIFA atraiu apenas 13 nações convidadas, sem eliminatórias, sendo quatro europeias, oito sul-americanas e uma norte-americana.

Estádio Centenário durante o mundial de 30. FOTO: AP
Estádio Centenário durante o mundial de 30. FOTO: AP

Com uma organização modesta, apenas Montevidéu recebeu os jogos e a divisão dos grupos foi feita apenas quando os competidores chegaram ao Uruguai. A Copa contou com apenas três estádios: o Pocitos e o Parque Central, que não abrigavam mais que 20 mil pessoas, e o Centenário, construído especialmente para a competição, com capacidade para 100 mil espectadores.

Estádio Parque Central, que sediou parte das primeiras partidas do Mundial. FOTO: AP
Estádio Parque Central, que sediou parte das primeiras partidas do Mundial. FOTO: AP

Enfim, os jogos!

Agora sim, chegamos aos jogos. Curiosamente, a Copa não teve uma partida de abertura, mas sim duas. Simultaneamente, a França goleou o México por 4×1, no Pocitos, e os EUA venceram a Bélgica por 3×0, no Parque Central. Entretanto, o primeiro gol das copas foi do francês Lucien Laurent. No mesmo grupo, houve a primeira polêmica com arbitragem em mundiais, logo com um brasileiro: Gilberto de Almeida Rego. O juiz brasileiro encerrou o jogo França e Argentina seis minutos antes do tempo regulamentar, com vitória portenha por 1×0.

A Argentina teria ainda outro jogo curioso. O confronto contra o México teve o primeiro pênalti marcado em Copas e veio logo acompanhado de outros quatro, sendo três muito polêmicos. Quem apitou o jogo foi o técnico da seleção da Bolívia (lembrem-se, eram todos amadores).

O primeiro jogador expulso foi o peruano Plácido Galindo, na derrota de sua seleção para a Romênia por 3×1. O primeiro jogo no Centenário só aconteceu cinco dias depois da abertura do torneio, pois as obras de construção do estádio atrasaram (conhecem essa história?). Com direito a uma cerimônia prévia o Uruguai estreou o estádio com vitória sobre o Peru, por 1×0. Outra curiosidade da primeira fase foi a seleção dos EUA, que era composta de por um ex-profissional britânico e jogadores imigrantes de várias nacionalidades. Apontada como surpresa, a seleção americana se classificou vencendo Bélgica e Paraguai, com direito ao primeiro hat trick em Copas, marcado por Bert Patenaude, no jogo contra os paraguaios (marca homologada apenas décadas mais tarde).

O Brasil

O Brasil teve uma participação modesta. Por causa de uma briga de cartolas, a seleção enviou um time quase só de cariocas, sendo Araken Patuska o único paulista do selecionado. Na estreia, jogando de branco, o Brasil perdeu para a forte Iuguslávia por 2×1, cabendo o ao multi-atleta do Fluminense, Preguinho, a honra de marcar o primeiro gol. Depois contra a Bolívia uma vitória fácil por 4×0, com direito aos dois times jogarem o primeiro tempo com as camisas da mesma cor (relevem novamente do amadorismo).  Não foi suficiente para se classificar e a vaga ficou com a Iuguslávia, que se juntou a Uruguai, Argentina e EUA.

Preguinho marcando o primeiro gol brasileiro em Copas. FOTO: FIFA
Preguinho marcando o primeiro gol brasileiro em Copas. FOTO: FIFA

As camisas bolivianas

Antes de falar da fase final, não custa nada contar uma boa história. Os bolivianos chegara para jogar com camisas brancas e o goleiro de preto, cada um com uma letra estampada, formando a frase “Viva Uruguay”. Mas na hora de tirar a foto faltou um jogador e foi justamente o da letra “u”. No jogo contra o Brasil, deu impasse: as duas equipes só tinham um jogo de camisas, justamente brancas. No sorteio deu Brasil e os uruguaios não pensaram duas vezes e emprestaram as camisas celestes para os bolivianos.

As bucólicas camisas bolivianas e a foto sem o camisa "u".
As bucólicas camisas bolivianas e a foto sem o camisa “u”.

A fase final

As duas semifinais terminaram com o placar de 6×1. Os argentinos eliminaram os EUA, com direito a um golaço do meio de campo de Monti, e os uruguaios tiraram os iuguslavos de virada, no reencontro das equipes depois do duelo pelos Jogos Olímpicos de Paris (1924).

A decisão foi a reedição da final dos Jogos Olímpicos de Amsterdã, 1928. Duelo do Plata, entre Uruguai e Argentina. Até que se prove o contrário, não houve disputa de 3º lugar, apesar de haverem rumores de um jogo vencido pela Iuguslávia, por 3×1. No dia 30 de julho 93 mil pessoas foram ao Centenário para a decisão, com o estádio recebendo lotação máxima ao meio-dia, três horas antes da partida. Por causa de uma briga por conta da bola do jogo, a FIFA decretou que cada tempo seria jogado com a bola de uma das seleções, pois não havia bola oficial. Depois de estar perdendo por 2×1, os uruguaios viraram e venceram por 4×2, consagrando-se como os primeiros campeões mundiais.

Foto da decisão entre Uruguai e Argentina. FOTO: FIFA
Foto da decisão entre Uruguai e Argentina. FOTO: FIFA

O dia seguinte foi de feriado no Uruguai e de ataques ao consulado uruguaio em Buenos Aires. A Copa do Mundo, que mais tarde se chamaria Taça Jules Rimet, foi entregue aos uruguaios com grande festa. A artilharia ficou com o argentino Guillermo Stábile, autor de 8 gols em quatro jogos. Conhecido como “El Infiltrador”, ele foi titular do time apenas a partir da segunda partida.

Seleção uruguaia campeã do mundo. FOTO: Getty Images
Seleção uruguaia campeã do mundo. FOTO: Getty Images

E aí pessoal, gostaram? Para encerrar, vamos aplicar o vídeo oficial da FIFA para o Mundial de 1930, com as raras imagens daquela competição.

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