Sem dúvida ele é o nome da Eurocopa até agora: Mario Balotelli. Encrenqueiro todo mundo sabe que ele é. Os problemas pessoais e de relacionamento com técnicos saltam as manchetes dos jornais. Mas Balotelli tem muito talento e provou isso no jogo dramático entre alemães e italianos. Depois de duas atuações muito fracas contra Espanha e Croácia, tendo sua vaga na equipe titular contestada, o atacante polêmico tornou-se responsável direto pela classificação da Azurra e, mesmo não sendo unanimidade nem entre os companheiros de equipe, conquistou a confiança do técnico Cesare Prandelli e provou que, quando quer, merece tal confiança.

O jogo já despertava em todos a impressão de que seria um típico ataque contra defesa e que a Itália ia se valer do seu poderio defensivo para segurar o poderoso ataque alemão, ainda mais tendo que escalar Chiellini na lateral ao invés da zaga, por motivo de suspensão de seus titulares. Pelo lado germânico, Joachim Löw armou mais uma de suas sacadas voltando com Mario Gómez e Podolski ao time titular, mas inovando ao substituir Thomas Muller por Toni Kroos.

Num começo fulminante a Alemanha testou a defesa italiana logo aos 5 minutos, quando o zagueiro Hummels finalizou uma cobrança de escanteio todo desengonçado e Pirlo salvou em cima da linha. Na sequência Buffon operou duas espetaculares defesas, dando início ao que seria mais uma de suas partidas épicas.

Foram quase 20 minutos de pressão até que, aos 19, Cassano girou no meio de dois marcadores e fez uma linda jogada na linha de fundo, cruzando para Balotelli cabecear no contrapé de Neuer. Em 15 minutos iluminados o atacante de origem ganesa recebeu um belíssimo lançamento de Montolivo, passou nas costas de Lahm e  disparou um torpedo no angulo do goleiro alemão. Comemorando sem camisa (sabe-se lá se imitando o Incrível Hulk ou num protesto contra o racismo de alguns torcedores poleneses, Balotelli levou um amarelo.

O segundo tempo foi pressão total da Alemanha. Buffon seguia operando defesas espetaculares, enquanto sua equipe se fechou ainda mais para puxar contra-ataques. Mesmo correndo contra o tempo, o ataque alemão ainda mostrava organização e criava oportunidades concretas que esbarravam na forte defesa italiana. Entretanto, desguarnecia a defesa, dando a Itália sistematicamente chances de matar a partida, sendo as mais evidentes as desperdiçadas por Marchisio e Di Natale, que entrou no logar do homem do jogo, Balotelli, poupado.

Para quem achou que o destino da Alemanha estava selado, aos 46 min, num pênalti cometido por Balzaretti ao colocar a mão na bola, Ozil bateu e diminuiu. Nos 3 minutos finais dos acréscimos a Alemanha jogou inteira no campo de ataque, com Neuer jogando no meio do campo e subindo para tentar o gol do empate. Mas não deu.

O jogo era mesmo da Itália. O jogo era de Balotelli. Os alemães encantaram e caíram na semi-final como na Copa do Mundo e a Itália, aos trancos e barrancos, como de costume, chega a mais uma decisão.

ALEMANHA 1 X 2 ITÁLIA

ALEMANHA: Neuer; Boateng (Thomas Muller), Hummels, Badstuber e Lahm; Khedira, Schweinsteiger, Kroos, Ozil e Podolski (Reus); Gomez (Klose). Técnico: Joachim Low.

ITÁLIA: Buffon; Balzaretti, Barzagli, Bonucci e Chielini; De Rossi, Pirlo, Marchisio e Montolivo (Thiago Motta); Balotelli (Di Natale) e Cassano (Diamanti). Técnico: Cesare Prandelli.

GOLS: Balotelli, aos 19 e aos 35 minutos do 1º tempo e Ozil, aos 46 minutos do 2º tempo.

Cartões Amarelos: Balotelli, Bonucci, De Rossi e Thiago Motta (Itália); Hummels (Alemanha)

Local: Estádio Nacional, em Varsóvia (Polônia)

Árbitro: Stéphane Lannoy (França). Assistentes: Frédéric Cano (França) e Michael Annonier (França).