CRUZEIRO X RIVER PLATE – UM CONFRONTO GIGANTE
Quando se definiram as oitavas de final entre Cruzeiro x São Paulo e Boca x River, e que os que passassem dos duelos domésticos fariam uma das quartas de final da Libertadores, apenas uma única coisa ficou bem clara naquele momento: teríamos pelo menos um semifinalista de peso nesta edição.
Quando times deste porte se digladiam, ficar fazendo prognóstico é pensamento a ser analisado no divã de um psicólogo. Não é grande sinal de sanidade cravar que este ou aquele comemorará no final. Camisas que envergam o varal e que podiam muito bem ocupar os quatro postos de semifinalistas disponíveis para a competição não são muito afeitas a análises frias e ansiosas.
E além do peso no cenário sul-americano destes times, falamos também de confrontos que têm sido notados pela repetição e pela contundência dos resultados obtidos. Senão vejamos o histórico recente dos embates entre Cruzeiro e São Paulo, que desde a final da Copa do Brasil de 2000 têm tomado um contorno de grande rivalidade entre os clubes; inclusive com freguesias dos mais variados tipos, em estatísticas que cada torcedor puxa para seu time. Quanto ao duelo porteño, o poeta diria que “clássico é clássico e vice-versa”, o que, por si, já basta.
Quis o destino que o Cruzeiro eliminasse o São Paulo, não apenas avançando às quartas de final, como também aposentando o grande desafeto celeste Rogério Ceni, com aqueles requintes de crueldade que quem se sai bem adora. As comparações das imagens do mito tricolor naquela final em 2000 e após a disputa de pênaltis 15 anos depois é de deixar o sorriso abobalhado nas feições dos torcedores celestes.
Já o River, chega após uma batalha e meia disputada contra o arquirrival, com mais vontade do que futebol, efetivamente (se é que entendem o eufemismo para a pancadaria solta dos confrontos). Batalha imbecilmente interrompida pelos xeneizes, em agressão ridícula aos jogadores do River na lendária La Bombonera. Mesmo que o término não tenha sido da maneira esperada, eliminar o primeiro colocado geral na fase de grupos, ainda mais quando este é seu arquirrival, ainda por cima sendo o Boca dentro de La Bombonera, não é um feito a ser deixado de lado.
Portanto, tanto Cruzeiro quanto River Plate chegam para esta grande decisão em sintonia com a torcida e com o moral elevado pelos feitos conseguidos na fase de oitavas de final. O que torna ainda mais esperado o embate entre estes dois gigantes. Porque mesmo que não se classificassem como classificaram, o simples fato deste confronto já ter decidido três títulos continentais já daria a dimensão do naco de história que começa a ser escrito esta noite. A grande final de Libertadores protagonizada pelos dois no longínquo 1976, já demonstra a grandiosidade do confronto; ainda falta somar a final da Supercopa (torneio que somente campeões continentais disputavam) de 1991 e a decisão da Recopa (título então decidido entre o campeão da Libertadores e o campeão da Supercopa) de 98, todos confrontos em que cruzeirenses comemoraram. Como podemos ver abaixo, o Cruzeiro se saiu melhor em todos os confrontos contra o River pelas mais diversas competições continentais, mas que fique claro todo o mérito cruzeirense nos encontros passados, pois um confronto deste tamanho não pode ter a história apagada, muito menos o futuro decidido de véspera.
Estes dois gigantes da América, com suas imensas torcidas, seus grandes estádios pulsantes de vida, a história grandiosa das duas camisas e o atual momento de bicampeão brasileiro de um e de campeão da Sulamericana do outro, dão à Libertadores um confronto de um tamanho que já há algum tempo não acontecia. Este confronto gigante, do jeito que a Libertadores merece, escreve mais uma vez, a história do futebol sulamericano.
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