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A VOLTA DO CRUZEIRO COPEIRO

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O Cruzeiro conquistou o penta da Copa do Brasil. Mas para mim fez muito mais que isso. Devolveu ao seu torcedor o Cruzeiro copeiro que marcou época nos anos 90. Portanto se prepare, pois este é um post clubista.

Quando o Diego partiu para a bola e parou nas mãos do Fábio, foi como voltar no tempo. O Cruzeiro não jogou bem contra o Flamengo, estava sem atacantes, sem criatividade e pior: sem coragem de atacar. No Mineirão lotado, preferiu decidir nos pênaltis, como fez com o Grêmio nas semifinais. E venceu. Venceu como fazia nos anos 90. Pode escolher: Supercopa, Copa do Brasil, Recopa ou Libertadores. O Cruzeiro sabia jogar as Copas. E essa campanha do penta retomou essa tradição.

Como eu disse, na hora em que Fábio espalmou o pênalti de Diego, foi como voltar às defesas de Dida nas inúmeras disputas de pênaltis que o clube celeste disputava nos anos 90. O sentimento de apreensão constante e de jogar sempre no limite – se possível sem exagerar – combina demais com as copas. E o torcedor cruzeirense viu o time distante dessa realidade por muito tempo.

Pós 2000, o time celeste praticamente não teve boas experiências em copas, a exceção da Copa do Brasil de 2003 – vencida com sobras – e a Libertadores de 2009 – se é que aquilo foi uma boa experiência. Dizem que houve uma final de Copa do Brasil em 2014, mas sinceramente não me lembro. O período recente da história do clube coincidiu com uma fase de ótima adaptação aos pontos corridos. No Brasileirão foram três títulos – todos conquistados com sobras – e um vice, além de um dos melhores ataques da competição. Os mais novos se acostumaram com um clube que era muito bom em pontos corridos e muito irregular nas copas.

Longe de mim reclamar dos pontos corridos – do qual sou defensor de primeira ordem – mas preciso deixar explicito que sentia falta de uma campanha como essa do penta da Copa do Brasil. A emoção do mata-mata não é e nem nunca foi descartável. Sempre terá seu lugar.

A campanha do penta

Que regulamento esdrúxulo. Se vamos copiar as copas europeias, que façamos direito. Se as duas primeiras fases da competição vão ser em jogo único, que seja sem vantagem ora essa. Quem empata na primeira fase jogando fora de casa elimina o mandante? Que palhaçada. Bom, foi só em desabafo. O Cruzeiro passou pelo Volta Redonda fora de casa por 2×1. Confesso que fazia tanto tempo que até achava que o jogo era da edição do ano passado.

Depois veio o 6×0 sobre o São Francisco-PA, no Mineirão. Rafael Sobis “lavou a égua” e marcou quatro vezes num jogo que ficou marcado pelo caso do desodorante. Isso mesmo.

FOTO: reprodução Twitter
FOTO: reprodução Twitter

 

Depois vieram mais dois jogos contra o Murici-AL. 2×0 fora e 3×0 no Mineirão. Sóbis marcou seu último gol nessa partida. Depois de ficar cinco fases (10 jogos) sem marcar, ele ainda terminaria artilheiro com cinco gols.

Ai foi a coisa ficou séria. Na fase em que apenas cinco times sobrariam, veio o clássico contra o São Paulo. Numa atuação irrepreensível no Morumbi, uma vitória por 2×0. Num jogo tenso no Mineirão, uma derrota por 2×1, que quase compromete a campanha. Mas o time passou. Agora vinham os times da Libertadores.

Num duelo estranho com a Chapecoense, uma vitória em casa por 1×0 – num jogo em que futuramente vamos nos perguntar o motivo do time jogar com reservas – e um empate no sufoco em Chapecó por 0x0. Vale lembrar que esse jogo de volta foi a estreia do goleiro Fábio na Copa do Brasil. Até então, Rafael tinha guardado – e muito bem –  a meta do time celeste.

Ai veio o Palmeiras. Para muitos, seria o limite do time celeste. Mas nem de longe. O primeiro tempo do jogo de ida terminou 3×0 para o Cruzeiro, em pleno Allianz Parque. Mas o Cruzeiro queria emoção. Levou o empate com 15 minutos do segundo tempo e ainda levou 1×0 com mais de 20 minutos do segundo tempo do jogo de volta! No aperto absurdo, empatou em 1×1 em se classificou por causa dos gols marcados fora. Aliás, empatou com um gol do lateral esquerdo Diogo Barbosa num cruzamento de atacante… Veja bem!

A prova de fogo seria a semifinal com o Grêmio. O mesmo que o eliminou na temporada anterior, na mesma fase. Num jogo fraquíssimo na Arena, perdeu de 1×0 numa falha de Fábio. Quem diria. No jogo de volta, com cara de final, uma vitória por 1×0 e a classificação nos pênaltis, depois do Grêmio parar na trave duas vezes e de Fábio – agora no seu tradicional papel de herói – pegando a cobrança do craque Luan.

Na final, dois empates com o Flamengo e pouquíssimo futebol. 1×1 no Maracanã com gol irregular do rubro-negro devidamente recompensado com a falha grotesca do goleiro Thiago, que terminou em gol de Arrascaeta.

Para volta, o cruzeiro só tinha um atacante, Raniel, que saiu lesionado com 3 minutos de jogo. O Flamengo só tinha um goleiro, Muralha, que não tinha confiança de ninguém – talvez nem a sua – mas tinha uma direção certa para pular nas cobranças de pênaltis. O resto da história todos sabem. Festa para as mais de 60 mil pessoas que foram ao Mineirão e para toda a torcida celeste que se reencontrou com um título de Copa.

E mais uma vez ressalto: foi uma volta aos grandes momentos do Cruzeiro copeiro. Um time que várias vezes te irrita por não jogar bem e até mesmo por não querer sequer jogar. Que alterna momentos exuberantes com momentos de puro raça, superação e até mesmo sorte. E quem sabe esse não é um bom sinal para a Libertadores, onde o Cruzeiro é “La Bestia Negra” – porque assim o apelidaram, não por um auto-apelido. Se o clube voltou a ganhar em âmbito nacional, por que não relembrar seus momentos de triunfo continental? Ano ano que vem a Libertadores terá de volta um Cruzeiro “copero y peleador”.

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