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A IMPROVÁVEL APOTEOSE DO DEFENSA Y JUSTICIA

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Que grande história do Defensa y Justicia! No ano mais tumultuado do século, o clube de Florencio Varela, região sul de Buenos Aires, viveu sua apoteose. Surpreendendo muita gente, os comandados de Hernán Crespo conquistaram o inédito título da Copa Sul-Americana.

A vitória categórica sobre o Lanús representa muito mais do que apenas uma conquista. A dimensão desse título só é compreendida plenamente quando se conhece a dimensão do clube em si.

Jogadores comemoram o segundo gol com o técnico Crespo.
Jogadores comemoram o segundo gol com o técnico Crespo. FOTO: Reuters

O pequeno clube de Florencio Varela

Muita gente não fazia ideia da existência do Defensa y Justicia até o início dos anos 2010. Não é pra menos. A primeira aparição do clube na elite argentina aconteceu apenas em 2014! E, ao contrário do que podia ser a tônica de um pequeno clube que chega à elite, o Defensa firmou-se e começou a incomodar.

Se voltarmos no tempo, dá pra ver que o clube começou com objetivos nada exagerado. Foi fundado em 1935 para estimular a prática esportiva em sua região, de forma amadora e sem muita pretensão. O profissionalismo veio apenas em 1977, com apoio da cidade e enormes dificuldades. O sonho do clube de recreação de uma área pouco destacada da região metropolitana da capital parecia maior do que suas possibilidades, mas a vontade foi maior. Começou na Primeira D Metropolitana daquele ano e foi galgando espaço aos poucos nas divisões de acesso.

Para quem conheceu o clube recentemente, já verde e amarelo, parece estranho pensar que ele era azul e branco até o ano de 1981. A mudança de cor não é meio insólita: veio por causa da empresa de ônibus que patrocinava o clube…

Os anos 90 e 2000 foram de pouco protagonismo, mas de boas histórias nas divisões inferiores do futebol argentino.  Mas a virada na história do clube, como citamos anteriormente, se de em 2014.

El Halcón de Varela

Depois de anos flertando com o acesso, na temporada 13/14, a equipe comandada por Diego Cocca chegou à elite do futebol argentino. Chegou para nunca mais sair. Inclusive conseguiu campanhas destacas como o vice-campeonato em 2018, superado pelo Racing. A regularidade fez com que o Halcón passasse a figurar constantemente em competições da Conmebol desde 2017.

Seu debute continental foi épico, ao derrotando o poderoso São Paulo na Sul-Americana de 2017, caindo depois para a Chapecoense. Em 2018, foi até as quartas da competição, deixando America de Cali, El Nacional e Banfield pelo caminho, até parar no Junior de Barranquilla. Em 2019 sua participação foi tímida, varrido que foi pelo Botafogo.

Foi quando chegou o fatídico ano de 2020 e sua estreia em Libertadores.

A epopeia de 2020

O Defensa caiu num grupo acessível na Copa Libertadores. Santos, Delfín e Olímpia não aparentavam estar no melhor de suas formas e tudo poderia acontecer nesse grupo. Sob comando de Hernán Crespo, um dos maiores goleadores da seleção albiceleste, o clube apresentou futebol veloz, com qualidade ofensiva. Manteve-se na briga pela vaga no grupo até que o mundo foi virado do avesso com a pandemia.

Esse fator mudou drasticamente o contexto do futebol no mundo todo e, como clube pequeno, sofreu bastante. Sentiu bastante a volta das competições e acabou fragilizado na disputa pela vaga nas oitavas, caindo para terceiro e vendo o Delfín (claramente pior tecnicamente) avançar. Cabe ressaltar aqui que, na Argentina, a paralização do esporte foi muito mais respeitada que no Brasil, onde clubes voltaram aos treinos muito antes e inclusive jogos foram realizados em meio ao caos pandêmico.

Num futebol sul-americano tão marcado por micro-fases, não dá para apontar um time regular em toda a temporada. É muito pautado no momento. Então, com tanta coisa mudando tão rápido, deu tempo dos argentinos entrarem nos eixos.

Mas o terceiro lugar na chave levou o Defensa ao encontro da Sula, para sua trajetória histórica. Passando longe de ser apontado como favorito, o clube deixou pelo caminho Sportivo Luqueño, Vasco, Bahia e zebra chilena Coquimbo Unido. Assim, chegou à sua primeira decisão continental, num jogo especial. Numa final em jogo único, disputado em Córdoba, teria um confronto argentino com o Lanús.

Foi uma vitória incontestável no Estádio Mario Kempes. 3×0 e uma taça inesperada levantada categoricamente. Mais um campeão continental que sequer detém um título nacional. A Sul-Americana está se especializando nisso – Chape, Arsenal de Sarandi, Independiente Del Valle… Um time que há pouquíssimo tempo figura na elite de seu país, já pode exibir um título continental. Aliás, inaugura em grande estilo sua sala de troféus de divisões principais.

Há pouco anos, era impensável falar num título do Defensa y Justicia. Agora, pode-se pensar num futuro promissor e voos maiores para o falcão verde e amarelo. Que ele não seja efêmero, como outras histórias de sucesso dos pequenos clubes.

Defensa y Justicia levanta a taça da Copa Sul-Americana
Defensa y Justicia levanta a taça da Copa Sul-Americana. FOTO: EFE
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