A COPINHA AINDA TEM O MESMO VALOR?
A Copa São Paulo de Futebol Júnior ainda tem o mesmo valor? Bom, depende do ponto de vista.
A Copinha foi criada para servir de celeiro de craques e, colocar em evidência os jovens valores das equipes, numa competição de grande porte. Quase um emulador de Brasileirão para a garotada. O curioso é que a iniciativa veio da Federação Paulista e não CBF, que durante um bom tempo, achou bem conveniente deixar que alguém tomasse a iniciativa por ela. A competição cresceu e passou a ser disputada por equipes de todo o Brasil e, vez por outra, do exterior, como os simpáticos e bem treinados japoneses do Kashiwa Reysol, que participaram da edição deste ano. Ela passou a ser muito observada por imprensa, torcida, empresários e clubes, uma vez que foi considerada a principal oportunidade para se descobrir futuros craques do futebol brasileiro.
Foi infestada de equipes de empresários, que montam e desmontam times a esmo, pensando meramente no lucro com as vendas de jovem talentos. Planejamento nunca foi a prioridade e, agora, a competição passa a ser concorrida pelas competições realizadas pela CBF, como a Copa do Brasil. Os times começam a montar equipes pensando apenas no título, chegando a descer jogadores do profissional que se encaixam na idade de competição, ou contratando (ou aliciando) jovens valores de outros times. A tradição falou mais alto e a Copinha segue viva, aos trancos e barrancos mas viva.
A edição 2014 contou com 104 participante, teve 187 jogos e foram marcados 635 gols. O caneco ficou com o Santos, que pelo segundo ano consecutivo venceu a competição. A boa geração de atletas santistas conquistou a Copa do Brasil Sub-20 e a Copinha, passando por cima de todos os adversários, com destaque para as fortes equipes do Atlético-MG e do Corinthians. A equipe da Vila Belmiro tradicionalmente investe na base para montar seu time e tem colhido bem os frutos.
O campeão Santos comanda lista de destaques da competição, com o seu volante Lucas Otávio, o meia Serginho e a dupla de ataque Diego Cardoso e Stéfano Yuri. Lucas, craque da competição e Diego Cardoso parecem ser os melhores, devendo ser aproveitados no time de cima ainda nesta temporada. O volante é sólido na marcação e tem apurada saída de bola, enquanto Diego mescla velocidade e oportunismo.
Outros dois maestros se destacaram. Zé Paulo, do Corinthians, e Carlos, do Atlético-MG. Zé Paulo ditou o ritmo do meio de campo do Timão e foi decisivo com sua força física e preciso chute de fora da área. Carlos é o cérebro do ataque do Galo, armando e finalizando com maestria, sendo a grande joia da categoria de base alvinegra. Outro garoto que se destacou é Malcon, que mesmo tendo apenas 16 anos, já mostrou bom futebol no time do Corinthians. Um dos artilheiros da competição, Gustavo, do Taboão da Serra, já assinou com o Criciúma. Finalizador nato, vindo da várzea, vai ser lapidado pelo time catarinense para, quem sabe, se tornar um novo Leandro Damião.
A Copinha é inchada, mal dá para ver todos os jogos e, na maioria das vezes serve mais aos empresários do que aos próprios clubes. Mas as revelações, dentre elas as listadas acima, mostram que a competição ainda tem sua importância. Pensando nisso tudo, ela não tem o mesmo valor de outrora, mas é importante e deve ser tratada assim. Valorizada e bem organizada pode dar muito mais frutos ao futebol brasileiro do que um mero troféu para as categorias de base.
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