Para o torcedor cruzeirense não existe a menor dúvida. Ainda mais depois de vencer seu segundo título mundial. Mas se quisermos fazer uma análise mais fria dos dados vamos ver que não é de todo o exagero. Guardadas as devidas proporções é claro.

Vamos começar com os dados absolutos. A parceria entre o time do Cruzeiro e a empresa SADA – que já tinha uma experiência de investimento no vôlei desde 2006, inclusive com o projeto que não vingou do time de vôlei do Betim – começou em 2010 e se mostrou uma das mais vitoriosas das últimas décadas.

Nesse período foram 23 campeonatos disputados, 21 finais e 17 títulos conquistados, com destaque para a Copa Brasil, o tricampeonato da Superliga, o bicampeonato Sul-Americano e o bicampeonato Mundial. As conquistas colocaram o time celeste ao lado de grandes equipes que marcaram época no vôlei nacional, como o Minas Tênis Clube, o Banespa, a Ulbra e o CIMED/Florianópolis.

A estrutura do SADA/Cruzeiro não é a mais cara do país, uma vez que na própria Superliga, o SESI e o finado RJX chegaram a ter investimentos que chegavam a ser o dobro do time mineiro. Entretanto, a estrutura e o projeto de base fazem diferença. O time celeste investe nas categorias de base e forma jogadores para a equipe de cima, tendo ainda o SADA/Cruzeiro B, equipe que disputa a Superliga B, segunda divisão da competição nacional. Detalhe: venceu as duas divisões.

A nível nacional, só não é mais vencedor que seu arquirrival Minas Tênis Clube e das extintas equipes do Banespa, Pirelli, Botafogo e CIMED/Florianópolis. A nível sul-americano, tem uma forte rivalidade com o UPCN Vôlei Clube da Argentina, com quem disputa a hegemonia do atual vôlei da América do Sul. A nível mundial se tornou a única equipe brasileira e sul-americana a levantar o título do Mundial de Clubes da FIVB.

Em quatro edições disputadas, SADA/Cruzeiro foi a três finais e venceu. Na primeira participação, em 2012, em Doha, os mineiros não foram capazes de impedir o tetra campeonato mundial do Trentino da Itália. Em 2013, em Betim, e com a apoio da torcida os mineiros venceram o inédito título em cima do forte time russo Lokomotiv Novosibirsk. Em 2014, frustração. No Mineirinho o time não passou das semifinais e ainda pedeu o terceiro lugar para o UPCN. De volta a Betim, a coroação da grande fase da equipe.

Com um 3×1 indiscutível, o Cruzeiro superou o Zenit Kazan da Rússia, atual campeão europeu, detentor de meia seleção da Rússia e os destaques da seleção americana e cubana, Leon. Título indiscutível do melhor time do Brasil e da América do Sul. Evidente que não vimos esse time enfrentar os fortes clubes da liga italiana ou da russa, mas vimos esse time vencer o campeão europeu por duas vezes. Por isso, se formos considerar os resultados, já podemos chamar o Sada/Cruzeiro de melhor time do mundo.

De qualquer forma, aplausos para um dos raros projetos de longo prazo do vôlei brasileiro, que já se acostumou a ver grandes equipes surgirem e se extinguirem e alguns poucos anos, ao sabor dos interesses de patrocinadores. Temos aqui uma parceria que desde 2006 mantém viva a esperança de organização e seriedade no vôlei brasileiro.