ABU DHABI E O DIA EM QUE UM RUSSO AJUDOU UM ALEMÃO
O GP dos Emirados Árabes Unidos, mais conhecido como GP de Abu Dhabi (cidade onde se realiza a corrida) é o local da derradeira corrida da temporada da Fórmula 1 de 2014. É a terceira vez que isso ocorrerá por lá. Em 2009 e 2010 a última etapa do mundial também foi em terras árabes.
E é a corrida de 2010 que será recordada hoje, pois marcou uma quebra de recorde na Fórmula 1: o alemão Sebastian Vettel tornou-se o piloto mais jovem (recorde mantido até hoje) a conquistar um título de campeão mundial de pilotos. Com exatos 23 anos, 4 meses e 11 dias, Vettel “roubou” de Lewis Hamilton o feito obtido pelo inglês em 2008.
Mas a conquista de Vettel só se tornou possível devido, em parte, à colaboração (mesmo que sem querer) do piloto russo Vitaly Petrov. Como? Vamos relembrar alguns detalhes daquela temporada.
Fernando Alonso chegou a Abu Dhabi liderando o mundial de pilotos seguido por Mark Webber e Sebastian Vettel. Lewis Hamilton, em quarto, também tinha chances remotas de ser campeão naquele ano. Alonso precisava de um segundo lugar para conquistar o título. Webber tinha que tirar uma diferença de 8 pontos em relação ao espanhol e Vettel de 15 pontos. Detalhe: Vettel não havia liderado em nenhum momento o mundial de pilotos antes da corrida final daquela temporada.
No treino classificatório Vettel obteve a pole, Alonso o terceiro lugar e Webber o quarto lugar. Na largada Alonso foi superado por Button e caiu para a quarta posição. Era a posição que ele precisava para ser campeão, caso Vettel vencesse a corrida.
Porém, quando parou nos boxes, o espanhol voltou atrás do russo Vitaly Petrov, da Renault. O problema central da pista árabe é que ela revelou-se muito difícil de realizar ultrapassagens entre os pilotos – antes da criação do DRS, mais conhecida como “asa móvel” nos carros da Fórmula 1. Foi como disse Galvão Bueno: “fizeram um circuito maravilhoso, mas colocaram nele uma pista de kart”. Pois é… Alonso tentou, tentou, tentou, mas não conseguiu ultrapassar Petrov. Com isto o espanhol chegou somente em sétimo lugar, com Webber logo atrás, em oitavo.
Enquanto isto lá na frente Vettel não deu “trela para o azar”, liderou a prova quase que de “ponta a ponta”, venceu a corrida e conquistou o primeiro dos quatro mundiais de pilotos que o alemão possui até agora.
Após 4 anos, a última etapa do mundial de Fórmula 1 será novamente realizada em Abu Dhabi. Vettel, que após 4 títulos conquistados, fez uma temporada muito abaixo do esperado e está indo para a Ferrari. Já Fernando Alonso voltará para a McLaren.
Desta vez, os protagonistas na disputa do Mundial de Pilotos em 2014 são os companheiros de equipe da Mercedes, Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Se fosse como ano passado, Hamilton só precisaria de um sexto lugar para ser bicampeão. Porém, com a implantação este ano do sistema de pontuação dobrada na última corrida, o inglês precisa de, no mínimo, um segundo lugar para, independente da posição de Rosberg, levar a taça.
Felipe Massa termina 2014 com um saldo relativamente positivo. Com uma pole e dois terceiros lugares até agora, poderia ter feito uma temporada melhor se não fosse um misto de azar e estratégias erradas da Willians durante a temporada. Vai terminar muito atrás de seu companheiro de equipe Valtteri Bottas que, junto com Daniel Ricciardo, foi uma das revelações desta temporada de 2014. Mas quem sabe em 2015 a sorte do brasileiro muda e a Willians possua um carro em condições de disputar vitórias e títulos. Vamos aguardar.
Outro lembrete: a Caterham, após ficar fora das etapas dos EUA e do Brasil, voltará a correr nesta etapa. A Marussia não corre mais este ano.
O circuito da corrida
O Grande Prêmio dos Emirados Árabes Unidos faz parte do calendário da Fórmula 1 desde 2009. De lá pra cá esteve sempre presente no calendário da principal categoria do automobilismo mundial.
O circuito utilizado é o Yas Marina, localizado na marina da cidade de Abu Dhabi.
O circuito é maravilhoso, principalmente quando anoitece e se acende uma iluminação especial dando um efeito quase surreal a corrida. Não é a toa que Yas Marina é o circuito mais caro construído até hoje para a Fórmula 1.
O circuito também possui outra curiosidade: a saída dos boxes possui um “S” e passa por debaixo da pista aumentando o grau de “surrealismo” do mesmo.
Porém, concordo com a declaração de Galvão Bueno sobre o traçado do circuito. Hermann Tilke caprichou na hora de desenhar o traçado do circuito… Só que não.
São incríveis 20 curvas, muitas das quais lentas. Quem vê o traçado sem conhecer o lugar tem a impressão de que é um circuito de rua de tão travado que o mesmo é. Só não é pior que Hungaroring, entre os circuitos permanentes atuais da Fórmula 1. Antes do uso do DRS, nem nas duas grandes retas se conseguia ultrapassar com facilidade. O traçado, com seus 5.554 metros, pode ser visto na figura a seguir.
Assim como no Bahrein, o circuito foi construído em uma área desértica onde a possibilidade de chuva durante a corrida é quase zero.
Dados históricos
Foram realizadas até agora cinco edições do GP dos Emirados Árabes Unidos, desde 2009. O alemão Sebastian Vettel foi o primeiro vencedor desta etapa e também é seu maior vencedor, com três vitórias. Lewis Hamilton e Kimi Raikkonen venceram uma corrida cada. Por equipes, quem mais venceu até agora foi a Red Bull, com três vitórias seguida, pela McLaren e Lotus com uma vitória cada.
A pole mais rápida foi feita por Sebastian Vettel, pela Red Bull, em 2011, com o tempo de 1min 38s 481 (com os carros com motores V8). A volta mais rápida também é dele, só que em 2009, com o tempo de 1min 40s 279 (também com os carros com motores V8).
Expectativa para a corrida
É pessoal chegamos ao final desta temporada. A primeira em que atuo como editor do Blog Start Sports. Agradeço ao Bruno por ter me dado à oportunidade de escrever sobre este esporte apaixonante, mas que foi relegado por muitos brasileiros nos últimos 20 anos, desde a morte de Ayrton Senna e em virtude da falta de títulos por parte dos pilotos brasileiros, somados à ocorrência de episódios ridículos como o ocorrido com Barrichello na Áustria em 2002 e Massa na Alemanha em 2010.
Agradeço a todos os leitores, que são a razão da existência deste blog, peço desculpas se errei em alguma informação ou demorei a passar as notícias e espero continuar com este belo trabalho em 2015, lembrando que ainda tem a crônica sobre esta última corrida no domingo.
Assistimos nesta temporada a supremacia da equipe Mercedes, que foi aquela que soube aproveitar melhor as mudanças no regulamento para esta temporada e fez um carro com o qual conquistou 17 poles e venceu 15 das 18 corridas realizadas até agora neste ano. E conquistou o mundial de construtores com três corridas de antecedência. Vimos a RBR sair muito atrás em relação à Mercedes, mas que melhorou ao longo da temporada e obteve três vitórias com o “abusado” Daniel Ricciardo que, junto com Valtteri Bottas, da Williams, configuram-se como as revelações desta temporada.
A Red Bull conseguiu garantir o vice-campeonato no mundial de construtores. Mas vimos também um Vettel que após quatro títulos seguidos, não se acertou nesta temporada e está de partida para a Ferrari, onde o compatriota Michael Schumacher fez história.
Como ferrarista, fiquei muito triste com a temporada feita pela equipe de Maranello em 2014. A dupla de campeões mundiais Fernando Alonso e Kimi Raikkonen não renderam o esperado junto com o carro da equipe. Principalmente Raikkonen, que após uma boa temporada na Lotus ficou muito atrás de Alonso durante praticamente toda a temporada. Para a Ferrari só resta agora tentar tomar o terceiro lugar do mundial de construtores da Willians.
Aliás, a equipe de Sir Frank Willians foi a que mais evoluiu em relação à temporada anterior. Após uma temporada pífia em 2013, onde somou somente cinco pontos e terminou apenas à frente das nanicas Marussia e Caterham, a Willians “renasceu”, conseguiu fazer um bom carro onde subiu ao pódio sete vezes, sendo que duas vezes em segundo lugar. Para fechar com chave de ouro, caminha para conquistar o terceiro lugar no mundial de construtores nesta temporada.
Felipe Massa poderia ter aproveitado melhor este bom carro da Willians. Porém acidentes e erros da Willians colaboraram para deixar o piloto brasileiro bem atrás do seu companheiro de equipe, Valtteri Bottas. Mas quem sabe a sorte muda em 2015.
Agora vamos destacar a disputa pelo título do Mundial de Pilotos. Chegamos a Abu Dhabi com a disputa do título ainda em aberto. Isto se deve, em parte, ao sistema de pontuação desta corrida, que terá pontuação dobrada em relação às corridas anteriores. O vencedor receberá 50 pontos (são 25 em uma etapa comum) o segundo colocado 36 (são 18 nas outras etapas), o terceiro 30 e assim por diante até o décimo colocado que receberá dois pontos.
Os dois postulantes ao título são os companheiros de equipe Lewis Hamilton e Nico Rosberg da Mercedes. Desde o início da temporada ficou evidente que o título do Mundial de Pilotos ficaria com um dos dois.
Rosberg venceu na Austrália enquanto Hamilton não pontuou. Nas quatro corridas seguidas Hamilton venceu sempre com Rosberg em segundo e assumiu a liderança após a vitória na Espanha.
Com direito a polêmica no treino classificatório, Rosberg venceu em Mônaco e reassumiu a liderança. Com duas vitórias pra cada lado e dois abandonos de Hamilton, um de Rosberg e três vitórias de Ricciardo, Rosberg segurou a liderança até o GP de Cingapura, quando abandonou a corrida e viu Hamilton vencer e assumir novamente a liderança. Após 5 vitórias seguidas de Hamilton, Rosberg voltou a vencer na última etapa no Brasil e está 17 pontos atrás de inglês.
Há múltiplas possibilidades, mas pelo “andar da carruagem” as principais possibilidades são as seguintes:
- Hamilton garante o título se chegar em segundo em Abu Dhabi;
- Para Rosberg, a melhor possibilidade de ser campeão é vencer e torcer para que Hamilton seja no máximo terceiro colocado na corrida.
E aí leitores: quem levará a taça: Hamilton ou Rosberg? Façam as suas apostas!
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