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SEM CLIMA, MAS COM MERECIMENTO: ENFIM, O BI DO PALMEIRAS NA LIBERTADORES

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Finalmente o Palmeiras conquistou seu segundo título da Libertadores. Finalmente, não só pelo desespero da atual gestão, que parece só ter olhos para a competição e para o Mundial. Usei o termo por achar que já faz tempo que o Verdão merecia. Como a Academia de Ademir da Guia não teve a sua Libertas? Como os anos 90 renderam apenas um título para o clube?

Não quero desmerecer o Santos, que foi um grande rival, mas houve justiça na conquista. O Peixe fez frente a um time com um elenco muito melhor, fez uma campanha de momentos de grande brilho, mas se formos olhar o conjunto da obra, o Palmeiras foi mais constante (exceção feita a você sabe qual jogo).

Quando falei de falta de clima, não era para diminuir a conquista, nem por dor de cotovelo por não ser meu time. Era mais por um incômodo que me acompanha no último ano. Chega a ser deprimente ver esse futebol pandêmico que temos ao nosso dispor hoje em dia. Futebol não me desce da mesma forma com tantas mortes acontecendo, com tanto caos rolando… Essa falta de clima, essa sensação de que tudo está fora de lugar, jogou muito pra baixo minha percepção sobre essa final. E quando eu vi aquele amontoado de convidados então…

Achei o jogo ruim? Achei. Pra falar a verdade, o pior que eu já vi numa decisão de Libertadores. Mas azar o meu. Final tem disso: é pra ganhar, não para dar espetáculo. Quando meu time ganhou o título sobre o Sporting Cristal, num jogo fraco, pergunta se eu achei ruim? Mas o jogo não foi ruim ao acaso. O futebol Brasileiro tá abaixo da média aceitável? Tá. Mas eram dois dos melhores que temos por aqui. Os esquemas deram certo, um anulou o outro e foi isso. Até o rolo do Cuca com Marcos Rocha, o time do Santos esquecer do jogo (como até teve gente na torcida fazendo) e o Palmeiras marcar o gol que parecia que ia preferir mandar lembranças do que dar as caras no Maracanã, tudo levava para os pênaltis. Aliás, uma final numa tarde de verão do Rio de Janeiro… É demais querer que alguém jogue um futebol de espetáculo.

Imagem de torcedores tirando uma selfie no momento do gol do título repercutiu na web.
Imagem de torcedores tirando uma selfie no momento do gol do título repercutiu na web.

Agora, se invertemos a ótica de análise, do ponto defensivo o jogo foi muito bom. Apesar de inferior tecnicamente, como já havia mencionado, o Santos se igualou ao Palmeiras na entrega e na aplicação. Ao contrário das partidas contra o Grêmio e Boca Jrs, em que o futebol ofensivo chamou muito mais atenção, na decisão o Peixe mostrou muita precisão na marcação. Até o fatídico lance do gol. Vale dizer que o Palmeiras também foi perfeito na defesa, talvez pelo impacto da quase improvável eliminação contra o River Plate. Naquele dia, era piscar o olho o River aparecer na cara do Weverton. Na final, o Marinho e o Soteldo foram totalmente anulados. Por falar no goleiro acreano, vamos nos ater a nomes.

Marinho foi eleito o melhor jogador da Libertadores, mas precisamos destacar quatro nomes do Palmeiras. O próprio Weverton (que para mim foi o melhor do time), o Rony (que teve grandes atuações), Gabriel Menino (que parecia veterano no time onde começou a jogar como profissional faz alguns meses) e o Luís Adriano. Esse último cresceu na hora decisiva e graças ao técnico português. Ah, mais um ponto importante dessa história.

 

O técnico português Abel Ferreira chegou com a Libertadores em curso. O Palmeiras fez a melhor campanha da fase de grupos com Luxemburgo, mas não tinha um time confiável. O time era irregular, mas vencia. Não conseguia fluir seu jogo e parecia sofrer demais para fazer qualquer jogada. Com o português o time mudou isso e passou a ser até mesmo um time automático. Sabia o que e como fazer. Como citei, Luís Adriano é um exemplo de jogador que começou a render muito mais com o novo técnico. Esse time, por diversas circunstâncias, deu mais espaço aos jovens, coisa que o Palmeiras da Crefisa praticamente não havia feito antes. E, veja bem, não estou falando que é um segundo Jesus (sem trocadilhos proféticos). Temos que deixar evidente o papel do técnico europeu na melhora desse time alviverde, mas lembrando que ainda é o primeiro trabalho de grande sucesso de Abel.

Abel Ferreira
Abel Ferreira durante a comemoração do título. FOTO: Staff Images/Conmebol

Num ano tão bagunçado e com tanta reviravolta, o Palmeiras foi até regular dentro de tanta irregularidade. Só de pensar que o time teve três técnicos (somando o interino Cebola) e ainda assim nunca deixou de ser favorito. O outro finalista também é exemplo disso, pois chegou à disputa de título mesmo com crise interna atrás de crise interna e com Cuca chegando pra tentar salvar a temporada. Favoritos como o Flamengo e Inter, desmoronaram durante a competição. Cada vez mais, acredito na teoria de que os clubes brasileiros vivem de micro fases. Cada mais micro.

Por falar nessas pequenas fases, os últimos três meses de vida do Breno Lopes devem ter sido uma loucura. De artilheiro da série B com o Juventude, o cara chegou para completar elenco e simplesmente fez o gol do título da Libertadores. Quantos milhões o Palmeiras gastou com atacantes de nome ao longo dos últimos anos para que este atleta, nada badalado, chegasse e resolvesse? Aliás, essa história tem a cara da Libertadores.

 

A lembrança que vou guardar desse título do Palmeiras tem um brilho muito menor que aquela conquista de 99. Mas jamais direi que não foi merecida.

 

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