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RALLY DAKAR: A MAIOR AVENTURA DO MUNDO

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Embarcar numa corrida por ambientes muitas vezes inóspitos, por vontade própria e apenas para satisfazer sua adrenalina e espirito competitivo.  Essa é a essência da maior prova de automobilismo off-road do mundo.

Uma verdadeira loucura. A prova teve a sua primeira edição entre 1978-79, com a largada acontecendo em 26 de Dezembro de 1978 – isso mesmo, passaram o reveillon correndo no deserto! A ideia veio um ano após o motociclista francês Thierry Sabine se perder no deserto da Líbia, quando participava do rali Abidjan-Nice e perceber que o percurso no deserto seria único para um rali de regularidade. Sabine cunhou também seu lema para a prova “Um desafio para aqueles que vão, um sonho para aqueles que ficam para trás”. Na primeira edição, os pilotos partiram de Paris rumo a Dakar, no Senegal. Dos 170 participantes, apenas 69 chegaram ao destino.

Thierry Sabine é conhecido o pai do Dakar. FOTO: Reuters
Thierry Sabine é conhecido o pai do Dakar. FOTO: Reuters

Durante décadas 0 rali partia sempre de Paris e terminava em Dakar, interrompendo-se a prova por um dia para fazer a travessia do mar do Mediterrâneo. A tradição era tamanha que o seu nome original era Paris-Dakar, pois o trajeto nunca era mudado. Contudo, devido a razões políticas, de patrocínios e principalmente de segurança dos pilotos, a prova teve seu trajeto alterado inúmeras vezes à partir dos anos 90.

Largada do Rali Dakar em 79. FOTO: DPPI
Largada do Rali Dakar em 79. FOTO: DPPI

A primeira confusão veio na prova de 1994, quando o rali foi de ida e regresso a Paris. Como a mudança de trajeto gerou a queixas do prefeito de Paris, o local de chegada teve de ser alterado, da Avenida Campos Elíseos para o parque da EuroDisney. A coisa se estabilizou de novo entre 95 e 98, com a largada e a chegada tradicional voltando ao programa do evento. Porém em 99 o rali foi disputado de Granada (Espanha) à Dakar e em 2000 de Dakar ao Cairo (Egito). Com tantas mudanças, em 2001 foi a última vez que vimos o rali partir de Paris à Dakar.

Entre 2002 e 2007 o rali teve várias sedes diferentes para sua largada: Arras, Marselle e Clermont Ferrand, na França, Barcelona, na Espanha, e Lisboa, em Portugal. Em 2003, o rali largou de Marselha, na França, e passou pela Espanha, Tunísia e Líbia até chegar em Sharm El Sheikh, às margens do rio Vermelho, no Egito. Ou seja, ficou bonito, mas virou bagunça mesmo.

Mas em 2008 piorou tudo. Após o assassinato de quatro cidadãos franceses e três soldados mauritanos nos dias anteriores à partida e respondendo à forte recomendação do Ministério de Relações Exteriores francês de não ir para a Mauritânia, a edição de 2008 do rali foi cancelada, em 4 de janeiro. Apesar do choque dos concorrentes, três semanas depois (sexta-feira, 1 de Fevereiro), um ataque terrorista no coração de Nouakchott confirmou a prudência da aplicação do princípio da precaução. Vários jornais chamaram o cancelamento de uma “sentença de morte” para a corrida. Ficou claro que o deserto era perigoso mais por questões sócio-políticas do que naturais e que na África não seria possível continuar. Chile e Argentina se ofereceram para sediar o evento, assim como a República Tcheca e a Hungria.

Thierry sabine atravessa o deserto em sua moto. Anos mais tarde isso não seria mais possível. FOTO: DPPI
Thierry sabine atravessa o deserto em sua moto. Anos mais tarde isso não seria mais possível. FOTO: DPPI

A ASO, organizadora do evento, decidiu estabelecer a competição Dakar Series (marca registrada do Rali) que realizou seu primeiro evento em 2008 mesmo, com o Rali da Europa Central (Hungria-Roménia), entre 20 de abril e 26 de abril. E então se definiu que o Rali Dakar sairia da Europa e da África, passando a ocorrer na América do Sul.

A primeira edição sul-americana do rali foi no Chile e na Argentina, entre 3 e 18 de janeiro de 2009. Sua nova roupagem parece agradar à maior parte das marcas e pilotos, por oferecer um trajeto mais diverso, difícil e, principalmente, seguro. A forte presença de público ao longo das etapas também é um diferencial. Desde a mudança, a competição passou, além de Argentina e Chile, por Peru, Bolívia e Paraguai.

Os belos cenários da América do Sul recebem o Dakar. FOTO: DPPI
Os belos cenários da América do Sul recebem o Dakar. FOTO: DPPI

Mas aí você pensa que ficou todo mundo feliz, né? Claro que não. A mudança não foi consensual e ainda tem quem defenda o seu regresso às suas origens. Por isso, um grupo do off-road mundial, que conta com o ex-campeão do Dakar, Jean-Louis Schlesser, criaram a África Eco Race, uma nova competição que recria Rali Dakar pré-2008. O evento ainda não possui envergadura suficiente para rivalizar com o Dakar.

E o Dakar seguiu escrevendo sua história, cada vez mais fascinante, unindo perigo, beleza e aventura pelas trilhas da América do Sul… até 2019. Depois da série de edições sul-americanas, em 2020 o rali foi levado para a Arábia Saudita, num acordo de cinco anos. A Arábia se tornou opção após a recusa dos países sul-americanos em pagar os valores pedidos pela ASO e da impossibilidade de voltar com o evento para a África, devido a Eco Race.

OS HERÓIS DO DAKAR

A MISS DAKAR

A alemã Jutta Kleinschmidt, estreou no Dakar na prova de motos em 1988, tornou-se a primeira mulher a vencer uma etapa do rali, 1998. Em 2001 ela escreveu seu nome na história ao ganhar o título, desta vez ao volante de um Mitsubishi.

Jutta Kleinschmidt ficou conhecida como Miss Dakar. FOTO: Getty Images
Jutta Kleinschmidt ficou conhecida como Miss Dakar. FOTO: Getty Images

PETERHANSEL, O REI DAS VITÓRIAS

O francês Stéphane Peterhansel escreveu seu nome na história da prova. Tornou-se o maior detentor de títulos do rali, com seis títulos nas motos (1991, 1992, 1993, 1995, 1997, e 1998) e mais sete nos carros (2004, 2005, 2007, 2012, 2013, 2016 e 2017).

Stéphane Peterhansel e o presidente do Paraguai Horácio Cartes Jara, na edição 2017 do Dakar. FOTO: Florent Gooden / DPPI
Stéphane Peterhansel e o presidente do Paraguai Horácio Cartes Jara, na edição 2017 do Dakar. FOTO: Florent Gooden / DPPI

CURIOSIDADES

  • O primeiro campeão do Rali Dakar foi o francês Cyril Neveu, que cruzou a linha de chegada na prova de motos em 1979. Ele conquistaria seis títulos do rali.
  • O Dakar recebeu o apelido de “rali da morte” após a traumática edição de 1983. Durante a passagem pelo deserto de Ténéré, os pilotos enfrentaram uma forte tempestade de areia que resultou na morte de 40 competidores. Além dos que morreram, outros ainda ficaram perdidos durante vários dias no deserto até que conseguissem voltar para o percurso.
  • Em 1986, o Rali da Morte vitimou seu próprio pai. Um acidente de helicóptero tirou a vida do seu criador, Thierry Sabine, além do cantor francês Daniel Balavoine, da jornalista Nathaly Odent, do piloto François-Xavier Bagnoud e do operador de rádio Jean-Paul Le Fur. As cinzas de Thierry foram espalhadas sobre o deserto e seu pai, Gilbert, auxiliado por Verdoy Patrick, assumiu o comando do Rally.
  • O recorde de inscritos no rali ocorreu na edição de 2005, quando 695 pilotos participaram da prova.

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