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MÔNACO 84: O INÍCIO DO MITO SENNA E O SHOW DE BELLOF

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Nada é mais exótico na Fórmula 1 que a corrida deste final de semana. Em Mônaco tudo é diferente: o pódio e a entrega da premiação são feitos numa escadaria; é a única etapa onde não é percorrida a distância mínima de 305 km durante uma corrida (são somente 260 km, por que se fosse aplicar esta regra, a corrida ultrapassaria o limite de 2 horas de duração); e como bem definiu o tricampeão Nelson Piquet: “Pilotar em Mônaco é como andar de bicicleta dentro de uma cozinha”.

O principado de Mônaco transpira história quando o assunto é automobilismo. A primeira corrida ocorreu por lá em 1929, 21 anos antes da existência da Fórmula 1. De 1950 pra cá, somente não ocorreu um GP de Fórmula 1 entre 1951 e 1954. Os quatro maiores vencedores em corridas de Fórmula 1 por lá somam nada mais, nada menos, que 16 títulos de mundiais de pilotos.

A história de hoje trata do GP de Mônaco de 1984, aonde Senna mostrou ao mundo o que faria ao longo da sua carreira e a história de um alemão que poderia ter conquistado a F1 antes de Michael Schumacher.

Ayrton Senna e Stefan Bellof (de capacete no carro) em 1984: os protagonistas do GP de Mônaco daquele ano FOTO: f1-history.deviantart.com
Ayrton Senna e Stefan Bellof (de capacete no carro) em 1984: os protagonistas do GP de Mônaco daquele ano FOTO: f1-history.deviantart.com

“A corrida começou 45 minutos depois da hora, devido à intensa chuva. Quando começou, ainda sobre imensa chuva, aconteceu uma “carambola” logo na curva Saint Devote, com os Renault de Warwick e Tambay a ficarem “KO”, mais o Ligier do italiano Andrea de Cesaris. A chuva não parava de cair, e o francês Alain Prost, o “poleman”, continuava na frente da corrida, mas o segundo classificado, o inglês Nigel Mansell, no seu Lotus, estava mais rápido que Prost e desejava ultrapassá-lo.

Mais atrás na grelha, dois pilotos começavam a destacar-se: O Toleman nº 19 do brasileiro Ayrton Senna, que tinha partido do 13º lugar, à volta 10 era sétimo. No outro caso, o alemão Stefan Bellof, num Tyrrell, que tinha partido do 20º lugar, também subia posições.

Stefan Bellof: o alemão que poderia ter feito história na F1 antes de Michael Schumacher. FOTO: www.flatout.com.br
Stefan Bellof: o alemão que poderia ter feito história na F1 antes de Michael Schumacher. FOTO: www.flatout.com.br

Na volta 8, Mansell finalmente consegue ultrapassar Prost e distancia-se na liderança. Mas cinco voltas mais tarde, na subida para o Casino, o carro de Mansell foge de traseira e bate nos “rails” de proteção. O inglês continua, mas os estragos são demasiado grandes para poderem ser reparados, e abandona na descida do Mirabeau. Assim sendo, Prost continua na liderança, seguido de Lauda, Arnoux e… Senna! O brasileiro come segundos atrás de segundos.

É aqui que se vê pela primeira vez o talento do jovem brasileiro, campeão britânico de Formula 3 e vencedor do GP de Macau do ano anterior. Com alguma facilidade desembaraça-se de Rosberg e vai em busca dos Ferrari. Entretanto, Alboreto desiste e Senna está em cima de Arnoux, lutando pelo terceiro lugar. Perto da volta 20, Senna já ultrapassou Arnoux e vai para cima de Lauda! Impressionante, mas verdadeiro.

Entretanto, Bellof também faz a sua corrida de trás para a frente. Já está nos pontos, com as desistências de Arnoux e Mansell, e já está perto de Rosberg. No inicio da volta 21, na travagem para St. Devote, Senna passa Lauda e é segundo. A surpresa é total: os todo-poderosos McLaren – TAG Porsche, a serem vulgarizados por um Toleman – Hart Turbo. E para sustentar essa surpresa, Senna faz a volta mais rápida da corrida na sua 23ª passagem pela meta. E nesta altura, Bellof já passou Rosberg e está em cima de Arnoux, na luta pelo quarto lugar!

Na volta 24, Lauda despista-se na curva do Casino e abandona. As condições continuam difíceis, e Prost, sempre cauteloso, faz sinais aos comissários para interromperem a corrida. Entretanto, Senna ganha três a cinco segundos por volta! É a corrida da vida dele, e o mundo começa a conhecer o génio deste estreante de 24 anos. E nesta altura, Bellof passa Arnoux na curva Mirabeau, subindo para terceiro. É o bodo aos pobres, sem dúvida…

Na volta 30, Senna já vê Prost à sua frente. Mas o director de corrida, Jacky Icxx, decide que é altura de parar com a corrida de vez. Decisão que toma à volta 32, quando Senna já está em cima de Prost. É uma decisão polémica: Icxx toma a decisão sem consultar a FISA e é multado em seis mil dólares. O rumor que correu na altura era que, como era piloto da Porsche, marca que equipava os McLaren, estes não podiam passar o vexame de ver os seus motores, os melhores da altura, a serem humilhados por um ridículo motor Hart…

Assim sendo, Prost é declarado vencedor, na primeira das suas quatro vitórias no Mônaco. Contudo, somente são atribuídos metade dos pontos da vitória. E isso vai custar-lhe caro no final, quando perder o campeonato no Estoril, pela mais curta diferença de sempre: 0,5 pontos! Acompanham-no Senna e Bellof, decididamente os heróis daquela tarde. Mas algumas semanas depois, quando a então FISA descobre que os Tyrrell têm lastros nos seus carros, são desclassificados, e todos os pontos ganhos até então são retirados. Iria ser o único pódio de Bellof na carreira. (Texto retirado do blog Continental Circus).

Senna, à esquerda e Bellof, a direita durante o GP de Mônaco de 1984. FOTO: www.flatout.com.br
Senna, à esquerda e Bellof, a direita durante o GP de Mônaco de 1984. FOTO: www.flatout.com.br

O renomado jornalista inglês Nigel Roebuck traçou um exercício de ‘futurologia’ sobre o talento germânico. “Se Bellof iria vencer Grandes Prêmios? Não tenho dúvida nenhuma. Aliás, acredito que ele seria o primeiro campeão do mundo alemão. Ele tinha habilidade para isso. E, embora a Ferrari nunca tenha confirmado, não restam muitas dúvidas que ele seria o parceiro de Michele Alboreto na equipe em 1986. A sua morte foi uma perda horrível para o esporte e ainda maior para aqueles que o conheciam”. (Texto retirado do site “Contos da Fórmula 1”).

Porém “Stefan Bellof não teve tempo de mostrar na F-1 todo o seu talento. Em 85, quando defendia o título mundial de Esporte-Protótipos em Spa-Francochamps, sofreu um espetacular acidente que lhe tiraria a vida. Ao tentar ultrapassar Jackie Ickx (sim, ele mesmo) na perigosa Eau Rouge, por fora, Bellof perdeu o controle de seu Porsche e voou por sobre o guard-rail. O alemão havia ido longe demais.

O futuro é sempre incerto, mas o momento durou para sempre. Nas ruas de Montecarlo, naquele ano de 1984, Ayrton Senna e Stefan Bellof tornaram-se eternos.” (Texto retirado do site “autoracing.com.br”)

No vídeo a seguir podemos ver os momentos de destaque desta histórica corrida.

Em Mônaco tudo pode acontecer. Em uma pista aonde vale muito mais o acerto aerodinâmico do que a potência final do motor é onde geralmente vemos resultados inesperados como o da corrida relatada aqui hoje.

O circuito da corrida

Vista aérea do de parte do Principado de Mônaco. Em destaque o traçado do circuito de rua onde se realiza desde 1950 o GP de Mônaco. FOTO: www.quiencorrehoy.com.
Vista aérea do de parte do Principado de Mônaco. Em destaque o traçado do circuito de rua onde se realiza desde 1950 o GP de Mônaco. FOTO: www.quiencorrehoy.com.

3340 metros. 19 curvas, sendo que a Grand Hotel Hairpin é a curva mais lenta de todos os circuitos da Fórmula 1. Uma reta dos boxes “encurvada” em um circuito de rua à beira mar extremamente travado onde uma ultrapassagem “limpa” é quase impossível por causa da pista estreita onde um erro do piloto pode levá-lo a sair da corrida em função de uma colisão com as proteções que delimitam o desenho do circuito. Isto é Mônaco meus amigos.

Grand Hotel Hairpin: curva mais lenta de todos os circuitos da Fórmula 1. FOTO: www.motorilive.com
Grand Hotel Hairpin: curva mais lenta de todos os circuitos da Fórmula 1. FOTO: www.motorilive.com

Nada é mais exótico e difícil de pilotar que este circuito localizado no bairro de Monte Carlo aonde os treinos livres ocorrem na quinta-feira, enquanto nas demais corridas eles ocorrem na sexta-feira. De 1929 pra cá, não se mudou muita coisa neste circuito da Fórmula 1. Em situações normais, os pilotos deverão fazer este traçado por 78 vezes para que se, conheça o vencedor da etapa monegasca da Fórmula 1.O traçado do circuito, pode ser visto na figura a seguir.

Circuito de Rua de Monte Carlo onde se realiza o GP de Mônaco, desde 1950. FOTO: ra-gmr.blogspot.com.br.
Circuito de Rua de Monte Carlo onde se realiza o GP de Mônaco, desde 1950. FOTO: ra-gmr.blogspot.com.br.

Pilotos e equipes sempre devem ficar atentos, pois a chuva pode aparecer durante os treinos e a corrida o que pode gerar grandes espetáculos, mas também vários acidentes e situações inusitadas, como a histórica corrida apresentada neste post.

Dados históricos

Nas 62 edições realizadas até agora do GP de Mônaco desde 1950 (ocorreram períodos neste espaço de tempo em que a corrida não foi realizada lá ou não valeu para o campeonato daquele ano), 33 pilotos diferentes venceram lá. O argentino Juan Manuel Fangio foi o primeiro vencedor.

O maior vencedor do GP de Mônaco é o brasileiro Ayrton Senna (o “Rei” de Mônaco) com 6 vitórias, seguido pelo alemão Michael Schumacher e pelo inglês Graham Hill, com 5 vitórias cada. Por equipes, quem mais venceu até agora foi a McLaren com 15 vitórias, seguida pela Ferrari, com 8 vitórias .

A pole mais rápida foi feita por Sebastian Vettel pela Red Bull em 2011 com o tempo de 1min 13s 556 (com os carros com motores V8) e a volta mais rápida foi feita por Michael Schumacher em 2004, pela Ferrari com o tempo de 1min 14s 439 (com os carros com motores V10).

Expectativa para a corrida

Há muito tempo não se via uma expectativa tão grande em torno de um GP de Mônaco. Principalmente após os fatos ocorridos no GP da Espanha, corrida anterior a esta. Basta lembrar que na “terra de Fernando Alonso”, Hamilton e Rosberg bateram na primeira volta, houve a troca de pilotos entre Red Bull e Toro Rosso, com Kvyat voltando para a STR e Max Verstappen promovido para a RBR e… Max fazendo história ao se tornar o vencedor mais jovem da história da Fórmula 1.

As rivalidades internas estão mais que elevadas nas principais equipes (Mercedes Ferrari e Red Bull) da atual temporada. Em Mônaco Hamilton tentará por “a casa em ordem” e impedir a quarta vitória seguida de Rosberg no principado. Vettel tem que confirmar que é o principal piloto da Ferrari para 2016 e Ricciardo mostrar para Max “quem é que manda” na Red Bull.

Vai ser um teste interessante para Max, pois foi justamente em Mônaco aonde ele cometeu o mais grave erro na sua curta história na Fórmula 1 ao bater na Lotus de Romain Grosjean na corrida do ano passado após uma manobra de ultrapassagem mal calculada.

Em Mônaco serão utilizados pela primeira vez os pneus “ultramacios”. De banda com coloração lilás, estes são os compostos mais rápidos da temporada de 2016, porém de durabilidade menor.

Nos treinos livres realizados Ricciardo fez o melhor tempo do dia. Será que a Red Bull poderá entrar de vez na disputa por vitórias e dos títulos da temporada de 2016?

Já Felipe Massa e Felipe Nasr continuarão a tentar melhorar alguma coisa. O que parece difícil. Enquanto a Williams não parece ter carro para disputar as primeiras posições em 2016, a Sauber se “arrasta” em uma temporada que promete ser um desastre para o time suíço.

Max Verstappen vence e faz história no GP da Espanha, com Kimi Raikkonen em segundo e Sebastian Vettel em terceiro. FOTO: formula1.com
Max Verstappen vence e faz história no GP da Espanha, com Kimi Raikkonen em segundo e Sebastian Vettel em terceiro. FOTO: formula1.com

Horários:

Classificação – 28/05/2015 (sábado), 09:00h (flashs serão exibidos após o treino na TV aberta) (horário de Brasília),

Corrida – 29/05/2015 (domingo), 09:00h (horário de Brasília)

O treino (flashs) e a corrida serão transmitidos pela Rede Globo. Boa corrida para todos.

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