A SEMANA QUE VALEU POR QUINZE ANOS PARA O GRÊMIO
O Grêmio é pentacampeão da Copa do Brasil. Sem dar show, sem fazer alarde, mas sendo muito eficiente. Como a muito tempo não era. Quando ergueu a taça em sua nova arena – a primeira vez à nível nacional – chegava o fim de uma longa fila de 15 anos sem um título nacional.
A Copa do Brasil e o Grêmio são um caso de amor antigo que agora foi retomado. O time que conquistou o tetracampeonato em 2001, ainda sob comando do jovem técnico Tite, não tinha ideia que estava ganhando o título que daria inicio a quinze anos de jejum fora do estado. O time que até então era dominante na competição, nem passou perto de chegar nas finais durante esse período e ainda se viu diante de um vice da Libertadores – sendo surrado pelo Boca Jrs – e de um traumático rebaixamento. Houve o alento da “Batalha dos Aflitos”, mas era um título de série B. Como se a seca já não bastasse, seu rival Colorado foi bicampeão da Libertadores, campeão da Sul-Americana, da Recopa e do Mundial. Foram anos difíceis que fizeram com que o muitos da nova geração não conhecessem o Grêmio copeiro.
Para este ano as coisas pareciam bem sob comando de Roger. Porém de depois de ficar de fora da final do Gaúchão, ser atropelado pelo Rosário Central na Libertadores é ficar longe da disputa do título brasileiro, o promissor e já eficiente técnico foi demitido. E a solução foi voltar com um velho ídolo, Renato Gaúcho, ou Renato Portaluppi, como os gaúchos o conhecem.
A missão era levar o tricolor à Libertadores, fosse pelo Brasileirão ou pela Copa. E com alguns problemas. O Luan já não jogava o mesmo do primeiro semestre depois de voltar da Olimpíada, a defesa era irregular e o time que se arriscava a tomar muitos gols não os fazia com tanta frequência.
Na prática ele não mudou muito nos nomes. Foi fiel ao seu esquema 4-2-3-1 mas mudou drasticamente o jeito do time jogar. O Grêmio parou de manter a posse de bola e rondar a área adversária esperando o melhor momento para chutar. O time passou a recuar, defender com firmeza e subir ao ataque com rapidez, finalizando sem medo. Para defender Ramiro e Maicon eram quase zagueiros, mas na hora de atacar eram opções para Douglas – eleito o melhor jogador da competição – armar as jogadas. Renato queria Luan na ponta, mas por não encontrar um centroavante eficiente, voltou a usá-lo de falso nove, deixando a beirada do campo para Pedro Rocha. Assim o Grêmio foi mortal fora de casa.
Depois de passar num sufoco danado contra o Atlético-PR, quando ainda estava sob comando do Roger, o time do Grêmio teria um desafio gigante contra o Palmeiras, franco favorito ao título. E fez uma atuação gigantesca contra o futuro campeão brasileiro. Arrancou a vaga em São Paulo, com Geromel e Kannemann jogando muito e dando a primeira amostra do que viria a ser a volta do Grêmio copeiro.
Com o time encaixado e a tática garantida, ai veio a parte fácil para Renato Gaúcho, motivação. O técnico convenceu o time de que o título era possível. E jogando exatamente do mesmo jeito, atropelou Cruzeiro é Atlético no Mineirão, com duas atuações históricas que renderam ao tricolor vitórias convincentes, onde o domínio da equipe sobre os rivais foi absoluto. Contra o Cruzeiro, uma aula de precisão de Douglas e Luan. Contra o Galo, uma atuação histórica de Pedro Rocha. Tanto nas semi quanto na decisão, precisou apenas administrar o resultado na sua Arena, quase que numa atividade protocolar. A polêmica perda de mando de campo pela presença de Carol Portaluppi em campo na semi-final e a tragédia da Chapecoense permearam os jogos finais, mas como o destaque aqui é a festa tricolor, vamos dar ênfase a ela. Afinal, para a torcida, coube fazer comemoração que ficou guardade por quinze anos.
A campanha do pentacampeão
Oitavas – Atlético-PR 0x1 Grêmio | Grêmio 0x1 Atlético-PR (4×3 pênaltis)
Quartas – Grêmio 2×1 Palmeiras | Palmeiras 1×1 Grêmio
Semi – Cruzeiro 0x2 Grêmio | Grêmio 0x0 Cruzeiro
Final – Atlético-MG 1×3 Grêmio | Grêmio 1×1 Atlético-MG
E a semana que já era um sonho para o gremista ficou ainda melhor. Na ressaca do título que foi a rodada final do Brasileirão, o tricolor ainda assistiu de camarote a queda do seu maior rival, Inter, para segunda divisão. Para quem vivia uma rotina de ser chamado de “imortal que mais morre” e via o rival se vangloriar de ser “incaível”, a semana se tornou quase o paraíso. 2016 não poderia acabar de uma forma melhor para o Grêmio.
No Comment