A BATALHA DA LIBERTADORES – PARTE 2
E continua nossa análise dos participantes da edição 2015 da Libertadores. Só jogar bem não basta. Tem que por a raça, a tradição e muito mais para ganhar a maior competição da América. Já falamos dos quatro primeiros grupos e agora é a vez de conferir os grupos 5, 6, 7 e 8.
GRUPO 5 | A VOLTA DO GRANDE BOCA
Boca Juniors – O Boca está de novo na Libertadores e, por mais que não viva seu melhor momento, é favorito. Se for por títulos não se discute: seis Libertadores (77/78/2000/2001/2003/2007) e três Mundiais (77/2000/2003) falam por si só. Sempre chega, por mais fraco que o time seja. Para sua 25ª participação, o time abriu os cofres e contratou de uma vez Sara, Perez, Lodeiro, Torsiglieri, Peruzzi, Monzón e Rolin. O time aposta no técnico Arruabarrena, que reformulou o elenco no segundo semestre de 2014, para montar a equipe de forma competitiva. As bases desse time devem ser o volante Gago, o líder do time, e Osvaldo, atacante argentino de cidadania italiana, repatriado do calccio. O grupo deve ajudar os “bosteros” a ir adiante.
Montevideo Wanderers – O Wanderers é o único time uruguaio campeão nacional além da dupla Peñarol e Nacional. Desconhecido fora de seu país, chega a sua sétima Libertadores, sendo que só passou da fase de grupos em 2002. Apesar de cair no grupo do gigante Boca, acabou levando vantagem por estar em um grupo fácil, o que lhe dá chances de avançar novamente. Para aproveitar a chance, o técnico Alfredo Arias vai ter muito trabalho, como já teve para montar o elenco. O time vice campeão uruguaio perdeu seus três principais nomes: Sebastian Eguren, Sergio Blanco e Nícolas Freitas. Agora cabe ao atacante Gastón Rodríguez, a missão de levar o time à segunda fase.
Palestino – Um estranho no ninho nesta Libertadores. Ninguém contava com o Palestino do Chile nessa fase, ainda mais enfrentando o tradicional Nacional de Montevideo na fase pré-Libertadores. Mas o time chileno de origem árabe foram em frente. Em sua quarta competição, o pequeno time chileno espera passar de fase, como fez em 79. Muito dessa classificação se deve ao trabalho do técnico, Pablo Guede, que deu ao time padrão de jogo e competitividade.A sua inesperada volta à Libertas, depois de 36 anos, pegou todo mundo de surpresa e pode continuar pegando, ainda mais pelo desconhecimento dos adversários. Seus destaques são Valencia, Jason Silva e Renato Ramos. Olho nesse time.
Zamora – O time que surgiu em 99 e já é uma potência na Venezuela. Atual bicampeão venezuelano, o Zamora vai para sua terceira Libertadores para ser novamente saco de pancadas. Tem apenas duas vitórias em 12 jogos disputados e deve novamente fazer a alegria dos adversários. Vai lá que o time quase deu sorte e se classificou ano passado, fazendo dois jogos duros com o Galo, mas foi mais um acaso do que potencial. O time que foi campeão venezuelano ainda perdeu o técnico Noel Sanvicente para a seleção e seus dois grande nomes, Pedro Ramírez e Juan Falcón, para o futebol europeu. O rojão sobrou para o técnico Julio Quintero, que terá que levar esse jovem time a jogar um bom futebol. Dá para destacar o meia Arenas e o atacante Pluchino. Só.
GRUPO 6 | VIDA FÁCIL PARA O RIVER
River Plate – 2014 marcou o volta do River Plate aos títulos. Campeão argentino e da Copa Sul-Americana, o time garantiu sua 31ª participação na Libertadores e vai com tudo rumo ao tri. Com o melhor time entre os argentinos, o River volta a Libertadores credenciado pelo recente título da Recopa e com boas contratações. Além do talentoso Gonzalo Martínez e do uruguaio Mayada, o time repatriou seu ídolo Pablo Aimar, que deve estrear um pouco depois, devido a contusão. O craque do time é o atacante Téo Gutiérrez, mas o goleiro Ballobero merece destaque. A verdade é que o time é favorito a repetir as campanhas vitoriosas de 86 e 96, mas goleada sofrida na pré-temporada abalou os comandados do técnico Gallardo. Afinal, apanhar de 5×0 para o Boca atrapalha muito qualquer preparação, ainda mais dos “milionários”.
Tigres – Num grupo onde o River destoa dos demais, o Tigres do México pode beliscar uma classificação. O melhor mexicano fora da zona de classificação para a Champions da Concacaf, reforçou-se para a Libertadores com a contratação de Rafael Sóbis, ex-Fluminense e Inter. Além de viajar muito, devido a distância, o time conta com um elenco limitado, que além de Sobis, conta apenas com Arevalo Rios como jogador de renome. No banco, o velho brasileiro Ricardo Ferretti e seu tradicional mal humor parece que deram liga no time do México. Se o Tigres repetir a participação nas quartas-de-final de 2006, a melhor de suas quatro campanhas, já estará de ótimo tamanho.
Juan Aurich – O time de Chiclayo foi vice-campeão peruano e garantiu uma vaga para disputar sua quarta Libertadores, a terceira em seis anos. Muito para um time que chegou a fechar as portas entre 2002 e 2005. Depois de três anos no amadorismo, o time voltou aos profissionais em 2008 e a ganhar um título nacional em 2011. Sem tradição nem dentro de seu país, o Aurich jamais passou da fase de grupos na maior competição sul-americana, mas não dá vexame. Não se espera muito do time do técnico Roberto Mosquera, que tem como destaques o meia Rengifo e o jovem atacante Germán Pacheco, mas não duvide se ele surpreender e se classificar.
San José – O time de Oruru é sempre lembrado pelo triste episódio da morte de seu torcedor no jogo contra o Corinthians, em 2013. Também não há muito o que se comentar. Disputou cinco vezes a Libertadores e na maioria delas foi coadjuvante, incluindo em sua melhor participação, quando caiu nas oitavas de final em 96. Para este ano, o time de Teodoro Cárdenas traz como melhores jogadores o meia Loiaza e o atacante Bustamente, mas a verdadeira arma do time é a altitude. Oruru está a 3.735 metros do nível do mar e ganhar lá é difícil, por mais limitado que seja o San José.
GRUPO 7 | GRUPO COMPLICADO E DIFÍCIL DE PREVER
Atlético Nacional – Atual vice campeão da Sul-Americana, o Atlético Nacional figura como um dos favoritos do grupo. O time que despachou o Galo ano passado, chega para sua 17ª Libertadores na ponta dos cascos, com um esquema bem montado pelo técnico Juan Carlos Osorio, que montou um time ágil e competitivo. Perdeu Cárdenas, Mejía e Cardona, e trouxe Escobar, Palomino e Escobar. Continua forte na defesa com Henríquez e Armani, o paredão colombiano, e tem como principal destaque o recém chegado atacante Pablo Zeballos. O sonho é repetir o título de 89, mas vai depender de muita coisa. Muita mesmo.
Barcelona de Guayaquil – O auge do Barcelona foram os anos 90, onde foi duas vezes vice da Libertadores, em 90 e 98. Depois, a seca brava de 15 anos sem título, que só acabou em 2012. Quase esquecido pelo resto da América, o time de Guayaquil tenta se reerguer em sua 23ª participação. Apesar do vice campeonato do Equador, o time é bem equilibrado e joga o seu melhor futebol. A apoio fora de campo é o técnico uruguaio Rubén Israel, um dos maiores vencedores do futebol paraguaio. Ele aposta no craque do time, o atacante argentino Ismael Blanco.
Libertad – O time se aproveitou da queda de rendimento de Oímpia e Cerro nos últimos anos e se consolidou como uma das forças paraguaias. Além de ser campeão paraguaio 10 vezes de 2002 para cá, o Libertad chegou a semifinal da Libertadores em 2006 e em quatro quartas-de-final seguidas, entre 2010 e 2012. O melhor momento em suas 15 participações. Mas o grupo deste ano é difícil e os comandados do técnico Pedro Sarabia, ex-zagueiro da seleção paraguaia, terá que jogar muito mais do que fez nos títulos do Apertura e Clausura de 2014. O melhor do time é o atacante Rodrigo López, mas olho no seu parceiro de ataque, Santiago Tréllez.
Estudiantes – Tetracampeão da América (68/69/70/2009) o Estudiantes não vive sua melhor fase. Apesar de golear o Independiente Del Valle na pré-Libertadores, o time tenta sair de uma crise econômica tensa e deve jogar mais com a camisa do que com a qualidade de seus jogadores. O time se reforçou com o uruguaio Álvaro Pereira (ex-São Paulo) e tem como melhor jogador o jovem atacante Guido Carillo. Os maiores destaques estão fora de campo: o técnico Maurício Pellegrino, que remontou o time com jogadores da base, e o presidente Juan Sebastián Verón. Isso mesmo. “La Brujita”, um dos maiores ídolos do time, preside o clube e tenta leva-lo de volta às glórias. Pena que não pode ajudar dentro de campo.
GRUPO 8 | NIVEL BAIXO AJUDA O RACING
Racing – Depois de encerrar um longo jejum de 13 anos sem títulos nacionais, o Racing volta a Libertadores depois de 12 anos. Em sua sétima participação, a “Academia” tenta repetir o feito de 67, quando levantou o caneco e foi campeão mundial. Forte na defesa e rápida no contra golpe, o time terá que superar a perda de Centurion, que foi para o São Paulo. O dono do time é Diego Milito, que depois de anos na Europa voltou para comandar a equipe para o caminho das vitórias e, aos 35 anos, vai tentar sua primeira Libertadores. Ao lado do técnico Diego Cocca, que promoveu uma revolução tática no time, ele tentara reerguer o Racing à nível sul-americano, como fez na Argentina.
Guarani – Daqui na espere muita coisa. “El Legendário” tem uma reputação apenas interna e, fora do Paraguai, não mete medo em ninguém. Não ganha uma partida em Libertadores há 16 jogos. O único destaque do time é o zagueiro e capitão do time, Júlio Cáceres, em meio a um elenco limitado, que não oferece muitas opções ao técnico Fernando Jubero. Talvez seja a equipe mais fraca do grupo em sua participação, não deve nem chegar perto das semifinais, que alcançou em 66 (quando elas eram disputados com dois grupos de 4 times), seu ápice em 14 participações em Libertadores.
Sporting Cristal – O time que chegou ao vice da Libertadores em 97 pode servir de inspiração para o time atual, que se não é dos melhores, tem um grupo perfeito para se classificar. Depois de conquistar seu 17º título peruano, o Cristal vem com time agressivo, reforçado pelo atacante argentino Cesar Pereyra (ex-Belgrano) e com seu grande ídolo, o volante Lobatón, que é até um dos artilheiros do time. Seu comandante fora de campo, Daniel Ahmed, está apenas no seu segundo ano no clube, mas prepara o time para ir longe na sua 31ª participação em Libertadores. Convenhamos que o grupo ajuda.
Deportivo Táchira – Apontaria facilmente como saco de pancadas, mas depois de eliminar o Cerro Porteño da pré-Libertadores, devemos ter mais respeito. O Táchira é o time venezuelano com mais participações na Libertadores, com 17, e já conseguiu ir até as quartas de final em 2004. Entretanto, vamos ser realistas. O técnico Daniel Farías terá que fazer quase que uma bruxaria para levar o time a repetir o feito de 11 anos, quando seu irmão César era o técnico. Dentro de campo Orozco, Cesar Gonzalez e Jorge Rojas dão experiência ao time, que se apoia no seu grande nome, o atacante Gelmin Rivas, para tentar alguma coisa.
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