PLANEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO E MUITO FUTEBOL: ALEMANHA TETRACAMPEÃ MUNDIAL
Foi uma grande final de Copa do Mundo. Se por um lado, como na maioria delas, o jogo não foi um primor de técnica, por outro mostrou o maior duelo tático da competição até agora. O futebol total de posse de bola da Alemanha de Joachim Low contra a marcação implacável e os contra-ataques da Argentina de Alejandro Sabella. A taça trazida a campo por Puyol e Gisele Bundchen estaria em boas mãos.
E como se esperava o Maracanã viu um jogo muito equilibrado, com uma Alemanha que valorizava a posse de bola contra uma Argentina que marcava demais. Marcava e quando dava saia. Nessa, as falhas alemãs apareceram e Higuain teve um gol bem anulado e perdeu outro incrível depois de falha de Kroos. Só para manter o respeito, a Alemanha mandou uma na trave com Howedes.
O segundo tempo não mudou em nada. A Argentina sentiu a falta de Di Maria e de Messi, que apesar de estar em campo, pouco produziu. Por outro lado a Alemanha não conseguia furar o bloqueio portenho comandado por Mascherano. Ai, a prorrogação foi inevitável. Melhor fisicamente, a Alemanha tomou conta no começo do tempo extra e obrigou Romero a agir para evitar o gol germânico. Para garantir a emoção, Palácio surgiu livre para marcar o gol do título encobriu Neuer mas não acertou o gol. Era digno de um castigo. O desprestigiado Mario Gotze, que por não estar jogando tão bem foi para o banco, entrou e marcou um belo gol, depois de grande jogada de outro jogador que veio do banco, Schurrle. Era uma ducha de água fria na torcida argentina que pintou parte do Maraca de azul.
Quando parecia tudo resolvido, uma falta pôs a bola do jogo no pé de Messi. Ele pôs para fora. Era o tri indo para a linha de fundo. Festa da Alemanha, que por merecimento, conquistou o tetracampeonato da Copa do Mundo.
O melhor time da competição, o maior organizado, com variações táticas e bons jogadores, soube vencer como não havia conseguido até então. O trabalho que vem desde a Copa de 2006, acumulou derrotas e finalmente culminou com uma grande conquista, provando que um projeto a longo prazo, quando bem executado, dá resultado.
Palmas para o “Muro de Berlin”, Neuer, melhor goleiro do mundo, que atua como líbero melhor que metade dos defensores que vemos por aí. Lahm, que viveu como poucos esse ciclo de evolução foi coroado como capitão do tetra, jogando em alto nível, independente da posição. A sólida zaga com Boateng e Hummels, além do falso lateral Howedes, que ainda serve de armadilha tática quando é preciso. Toni Kroos, Khedira, Ozil e Schweinsteiger. Um meio de campo que joga junto há pelo menos seis anos e dá inveja a qualquer seleção. Thomas Muller, simplesmente monstruoso nesta Copa. Jovem, habilidoso e goleador. E Klose. Uma legenda do futebol alemão, que veio para a Copa para marcar dois gols e se tornar o maior artilheiro de todas as edições de mundiais. E ainda outros, como Metersacker, Schurrle e Mario Gotze, o jovem de 22 anos que é o futuro da seleção alemã e que nem era nascido quando o time havia conquistado seu último título. Meu Deus, como esquecer de Podolski, que quase não jogou mas conquistou a torcida brasileira com seu carisma e bom humor.
A Alemanha dosou bem a satisfação de se divertir com a Copa com a obrigação de desempenhar um bom papel na Copa. O resultado todos viram. Sem deméritos para a Argentina, que foi até onde pode, empurrada pela torcida, carregada por Messi e limitada, como um bom vice.
Parabéns Alemanha e obrigado, por salvar a gente de um título argentino no Brasil e por mostrar para o Brasil e para o mundo que o futebol mudou de novo e que existem mais soluções para a vitória do que talentos individuais e tradição.
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