O MUNDIAL DA POLÔNIA PARA A POLÔNIA
Temos um novo campeão mundial de vôlei masculino. Ou melhor, a volta de um velho campeão. Depois da longínqua conquista de 1974, a Polônia conquistou seu segundo título mundial, dessa vez com direito a festa em casa e uma campanha de alto nível. Foram 12 vitórias e 1 derrota, com direito a duas vitórias sobre o atual tricampeão mundial Brasil, sendo uma delas na apoteótica virada de 3 sets a 1 (18×25 / 25×22 / 25×23 / 25×22) na grande decisão.
Um dos grandes trunfos dos poloneses foi o “Mar Vermelho” de torcedores poloneses, que transformaram as arenas do torneio em verdadeiros caldeirões. Os poloneses não tinha o melhor time, mas tinha mais vontade. Mariusz Wlasly jogava como a muito um jogador não jogava em competições internacionais. Comandou o time, criou polêmicas, motivou a torcida e foi a grande estrela da constelação campeã. Como já era esperado, para completar a festa, Wlazly foi eleito o MVP do torneio. Ficou também com o prêmio de melhor oposto e anunciou logo depois que encerrava ali a sua carreira equipe nacional. Como fazem os sábios, parou por cima.
A Polônia tambem colocou na selação o segundo central, Karol Klos, que compôs o time ideal do campeonato com os brasileiros Lucarelli e Murilo (ponteiros), o alemães Lukas Kampa (levantador) e Marcus Böhme (1º central), e o francês Jenia Grebennikov (líbero).
Foi o fim da hegemonia brasileira, mas não sem um bocado de mal estar entre a comissão técnica brasileira e a FIVB. Mesmo tendo vencido todos os jogos e garantido a melhor campanha nas duas primeiras fases, o Brasil não teve nenhum benefício na divisão dos grupos da terceira fase, caindo numa chave com Rússia e Polônia (únicas favoritas restantes). Nada que justifique a derrota, mas suficiente para acusações de que a FIVB não quer mais que o Brasil seja soberano no vôlei masculino.
Confusões a parte, o mundial nos trouxe gratas surpresas. Alemanha e França, terceiro e quarto lugares, superaram favoritos e chegaram às semifinais. A Alemanha já vinha apresentando bons resultados, mas a França retomou o caminho do bom voleibol que lhe rendeu o terceiro lugar em 2002.
A Rússia ficou apenas em quinto, muito por culpa do grupo da morte na terceira fase. Pouco para quem era uma das três favoritas. O Irã mostrou que o quarto lugar na Liga Mundial não foi acidente e chegou entre os seis primeiros, melhor colocação do país em Mundiais, bem melhor que o 19º lugar de 98 e 2002. Mérito maior ainda por ter eliminado os EUA, atual campeão da Liga Mundial e favorito ao caneco. Mesmo tendo sido a única seleção a vencer os poloneses na competição, os EUA sucumbiu aos iranianos por terem perdido um jogo inesperado para a Argentina.
Depois do começo colossal, com a abertura realizada no Estádio Nacional de Varsóvia, maior estádio de futebol do país, o Mundial manteve o grande nível até o final. Trouxe a tecnologia para a quadra, com os desafios com tira-teima eletrônico para resolver os empasses em lances polêmicos. Trouxe o público para as arenas, ainda mais na Polônia, onde o esporte arrasta multidões. Sendo assim, nada melhor que deixar a taça na por lá mesmo, depois da grande organização, da grande festa e do ótimo voleibol apresentado. Parabéns Polska!
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