COLO COLO 0x0 GALO – DIÁRIO DE UM ATLETICANO NO CHILE
E a história que vamos contar hoje é uma das várias que a Libertadores propicia. Na última quinta-feira, dia 10/03, o Atlético-MG arrancou um empate em 0x0 no Chile com o Colo Colo e encaminhou sua vaga para a próxima fase da Libertadores.
Nosso amigo Rafael Portugal, que já é o nosso correspondente internacional desde o All Star Game em Toronto, nos contou como é a vida de torcedor visitante em Santiago, mais especificamente em dia de jogo no Monumental, diante dos hinchas do Colo Colo.
Para qualquer torcedor deve ser uma emoção especial acompanhar seu time numa partida em território adversário. Não seria diferente com o nosso correspondente, que, como bom atleticano, não deixaria passar a chance de ver o Galo em terras chilenas.
A parte cacique dos chilenos demonstrou um certo rancor do futebol mineiro. Como Rafael nos contou, “os colocolinos não gostam muito dos mineiros, não. São dos maiores fregueses do Cruzeiro e o Galo ainda os eliminou da Libertadores no ano passado”.
No fim de semana que antecedeu o jogo foi dia de visitar o Estádio Nacional de Santiago, onde o Brasil levantou a taça do Mundial de 1962 com o eterno time de Nilton Santos, Pelé, Zito, Didi, Vavá e… Garrincha! Curiosamente, era dia de clássico entre Colo Colo e Universidad Católica, mas em outro estádio, o Monumental, do Colo Colo. Rafael teve uma amostra da festa da torcida blanca y negra no caminho para o estádio, dentro do metrô.
Na segunda-feira pela manhã, Rafael viu que a pressão do time da casa começa antes do jogo, já na compra de ingressos no Monumental, onde foi com seu amigo e colega de trabalho Gustavo Cavalieri, mais um atleticano fanático vivendo do outro lado da Cordilheira dos Andes. “Os colocolinos ficaram rindo da gente na fila do ingresso. Ela é feita com uma grade muito alta dos dois lados de um corredor muito estreito. Não dá para andar normal. Você vai batendo de um lado para o outro das grades. O segurança do estádio falou para chegar ao menos duas horas antes do início do jogo, ir olhando ao redor do caminho, tomar cuidado e, nas palavras dele, ‘para quedarsen vivitos’…”
Rafael pode ainda ver um pouco do CT do rival: “Engraçado é que, chegando ao Monumental, fomos procurar a bilheteria e fomos pelo lado errado, chegando na entrada do clube, no campo de treinamento. Dá para ver o time treinando pelo portão de entrada. É muito perto da rua”.
De ingresso na mão, era hora de conferir o que imprensa chilena falava sobre o jogo. “Aqui, parte da imprensa está bem preocupada com Robinho, carrasco da seleção chilena, e com o Pratto, que costumava marcar contra o Colo Colo quando jogava pela Universidad Católica e marcou também ano passado pelo Galo”. E é claro, tinha que se reunir com os outros atleticanos para ir ao jogo. “Tem atleticano que já comprou ingresso na torcida do Colo Colo (…) O comboio de vans da ‘massa’ vai sair do mercado central daqui umas 19h, para chegar ao Monumental duas horas antes do início do jogo. Ainda não sei, mas devem ser pelo menos umas cinco ou seis vans e parece que vai ter ônibus também”.
Bom, aí veio o dia do jogo. E como o próprio Rafael nos contou, foi tenso. “Demorou 2 horas para chegar e, no caminho, já perto do estádio, tacaram pedras no ônibus, mas não foi na janela. Depois, fecharam o portão de entrada do setor da arquibancada que é para torcida visitante. Vários atleticanos não conseguiam entrar no Monumental. O grupo em que eu estava teve que entrar por outro portão. Só conseguimos porque um policial do batalhão de choque mandou os caras do estádio deixarem a gente entrar. Entramos e já tinha 30 minutos do primeiro tempo.” Dentro do estádio, no setor Magallanes, Gustavo e Rafael viram de perto a pressão dos chilenos. “Me contaram que no início do jogo, jogaram pilhas na nossa torcida. Vi provocações mútuas, com gestos, xingamentos e cusparadas… “
Finalmente, o que mais importa, o jogo. Sem Robinho, que ficou de fora por causa de uma picada de um inseto, o Galo teve bons momentos no primeiro tempo, com Cazares em campo. “No segundo, o jogou foi bom até o Dátolo se machucar. Ele quase fez um golaço. Depois o Galo passou aperto.” E foi verdade. O primeiro tempo foi bem equilibrado, mas no início do segundo, com a entrada de Dátolo, o time alvinegro de BH tomou as rédeas da partida. Porém, quando o argentino saiu machucado, o Galo recuou e tomou muita pressão. Erazo foi seguro lá atrás, Luan correu por dois, mostrou muita vontade. Pratto esteve apagado e Hyuri entrou bem. Victor salvou o time novamente com boas defesas e o Colo-Colo perdeu um gol incrível.
Era pressão do time e da torcida, claro. “Achei a torcida deles muito mais intimidadora contra a gente na chegada e dentro do estádio do que contra o time em campo. Eles se incendiaram mesmo umas duas ou três vezes durante o jogo. Os colocolinos ao lado da nossa torcida pareciam bem agressivos. Batiam e chutavam as grades. Se penduravam nelas e as balançavam como se fossem derrubá-las. Os carabineros da polícia de choque reagiam, batendo os cacetetes nas grades.”
Para a sorte do nosso aventureiro, seu amigo Gustavo e dos demais atleticanos, o jogo terminou em 0x0 e todos saíram inteiros, vivitos. Quase infartaram com o gol que o argentino Martín Tonso perdeu no finzinho, mas saíram todos ilesos. Quanto ao resultado, melhor para o Galo, que saiu líder e com dois jogos em casa para confirmar a classificação.
Agora vai rolar a volta amanhã, no Independência. A pressão muda de lado e como o próprio Rafael disse, o Horto é “mais caldeirão”. Vamos ver no que vai dar. Por hora ficamos por aqui, com esse relato de um jogo de Libertadores que, como dizem, é sempre uma guerra. Deu para perceber que não é de todo errado afirmar isso.
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