BELA GUTTMAN E A MALDIÇÃO QUE EMPERRA O BENFICA
Na última quarta feira o Benfica empatou em 0x0 com o Sevilla, no Juventus Stadium em Turim, na decisão da UEFA Europa League. Na disputa de pênaltis, o Sevilla venceu por 4×2 e ficou com a taça. Novamente, mesmo com um time melhor e mais futebol que o adversário, os benfiquistas não puderam comemorar um título continental. De quem foi a culpa da derrota? Do goleiro Beto, do Sevilla, ou de algum jogador do Benfica? Nada disso. Para boa parte dos torcedores a culpa é de Bela Guttman.
Guttman é um ex-jogador e técnico húngaro, com passagens pelo Újpest FC, Milan, Porto e até pelo São Paulo, onde foi campeão paulista de 1957. Mas porque a culpa dos fracassos do Benfica seriam desse senhor que faleceu em 1981?
A equipe do benfiquista da década de 60 marcou época e rompeu paradigmas no futebol do velho continente. Numa época de reinado do Real Madrid, o Benfica foi bicampeão da Champions League (na época Taça dos Campeões), dando espetáculo e revelando ao mundo o “Pantera Negra” Eusébio, revelado por Bela Guttman. Sob o comando do técnico húngaro, o Benfica viveu sua melhor fase. Mesmo com todo o sucesso, a diretoria do clube se negou a pagar uma bonificação a Guttman pelos títulos e, como não teve seu salário reajustado o treinador deixou a equipe indignado pelo desprestígio junto aos dirigentes.
Reza a lenda que, na época de sua saída, Bela teria declarado em uma entrevista que nem em cem anos uma equipa portuguesa seria bicampeã europeia e o Benfica jamais ganharia uma Taça dos Campeões sem ele. Em parte ele se enganou, pois o Porto venceu duas Champions, apesar de não serem consecutivas. Em outra ele acertou em cheio. O Benfica vive desde então um duro jejum de títulos continentais, reforçado mais recentemente por dois vice-campeonatos seguidos da UEFA Europa League. Já foram cinco finais de Copa dos Campeões perdidas (1963, 1965, 1968, 1988 e 1990) e três de Copa da Uefa e Liga Europa (1982, 2013 e 2014). Nem uma estátua do técnico, inaugurada no novo Estádio da Luz, em Lisboa, aliviou a chamada “Maldição de Gutman”. Já são mais de 50 anos de seca.
A verdade é que, por bem ou por mal, Bela Guttman ficou para a história dos Águias.
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