DO INÍCIO AO FIM: A HISTÓRIA DA SEXTA CHAMPIONS DO LIVERPOOL
O início de uma era
Quando Jurgen Klopp chegou ao Liverpool, em Outubro de 2015, e deu a polêmica declaração de que se não ganhasse um título em até 4 anos, ele treinaria algum time da Suíça, muitos acharam aquela frase um tanto quanto ousada. Porém, com o passar dos anos e a crescente melhora da equipe, o alemão foi aos poucos mostrando que poderia cumprir sua promessa e tirar o Liverpool do longo jejum de títulos. Depois de uma temporada com dois vices, um deles europeu, Klopp se consolidava com um dos melhores acertos da FSG, atual proprietária do Liverpool, que apostou no alemão como o homem certo para substituir Brendan Rodgers e levar o gigante inglês novamente ao rumo das conquistas.
As frustrações costumeiras foram se multiplicando medida em que os vices iam se acumulando. Derrota para o City nos pênaltis e um vice da Copa da Liga, além do vice-campeonato de Europa League, perdido de virada, após Daniel Sturridge abrir o placar, em Basel, contra o tricampeão Sevilla. Fora que sua primeira temporada completa foi sem disputar nenhuma competição europeia. Entretanto, com a passagem dos anos, Klopp foi fazendo mudanças graduais no elenco (retirando peças menos técnicas e fazendo adições de qualidade ao plantel dos reds).
Melhora e volta à UCL
Klopp então conseguiu um quarto lugar na Premier League e a volta à Champions League depois de mais de 4 anos sem disputá-la. Jurgen então intensificou sua janela de transferências e trouxe a sensação europeia do momento, o atacante Egípcio, Mohamed Salah, que fazia uma bela temporada na Roma. Porém, houve um problema nesse percalço, o atual camisa 10 e melhor jogador do time, Philippe Coutinho, foi seduzido por uma proposta do Barcelona e quase saiu ainda na janela de verão de 2017. Entretanto, Klopp se manteve firme e segurou o ímpeto do brasileiro e conseguiu deixá-lo na equipe por mais meia temporada.
Depois disso, veio a temida janela de inverno e a saída do Pequeno Mágico se tornou algo difícil de evitar. Coutinho partiu rumo ao Barcelona e o Liverpool ficou sem um de seus melhores jogadores, deixando boa parte da mídia fazer o questionamento: “O que será do Liverpool sem Coutinho?”
Na mesma janela, Klopp trouxe Virgil van Dijk, que foi namorado pelos Reds e não obteve a liberação do Southampton, totalizando a maior contratação da era Klopp, cerca de 75 milhões de euros pelo defensor de 27 anos. A partir dali, os Reds ganharam consistência defensiva e conseguiram avançar na UEFA Champions League, quebrando vários tabus, vencendo grandes times, como o atual líder e imparável City de Pep Guardiola.
A Fatídica final em Kiev
Veio a grande e decisiva final da Champions, fase que os Reds não chegavam desde a temporada 2006-07, na qual perdeu para o Milan. Para muitos, Kiev não é o suprassumo da torcida, já que Salah se machucou logo no início do jogo e naquela altura do campeonato, enfrentar o Real Madrid de Cristiano Ronaldo, sem o seu melhor jogador, seria algo inimaginável para a torcida que já havia sofrido tanto. Falhas grotescas de Karius, outra recente aposta de Klopp, após se sair bem no Mainz, fizeram os Reds sucumbirem frente ao Real e serem coroados com o vice da competição, o terceiro de Klopp no Liverpool e a segunda final de UCL perdida pelo alemão.
Volta por cima e eliminações
Na janela de transferências seguinte, Klopp trouxe o melhor goleiro da edição 2017-18 da UCL, o brasileiro Alisson Becker, que estava na Roma, além das boas contratações de Fabinho, Shaqiri e a manutenção da base vice campeã da Europa. Sem ter muito tempo de pensar e perdendo seu parceiro de longa data e conhecido como o cérebro, o auxiliar Željko Buvač, saiu e Klopp teve de se reinventar. Ao contrário do que todos pensavam, o Liverpool produziu sua melhor campanha na era Premier League e brigou no topo durante toda a edição da Liga. Em contrapartida, o que foi produzido na Champions não foi muito bem aceitado, já que a equipe perdeu 3 partidas na fase de grupos e se classificou na bacia das almas para as oitavas de final. De fato o grupo não era um dos mais fáceis (PSG, Napoli e Estrela Vermelha).
Durante este percalço, os Reds ainda foram eliminados pelo Chelsea, na Copa da Liga e para o Wolverhampton, na Copa da Inglaterra.
Campanha no mata-mata
Após se classificar em segundo lugar no grupo, apenas pelos critérios de desempate, eliminando o Napoli, o time de Klopp pegou de cara o Bayern de Munique, decidindo a vaga na casa dos bávaros e sem Van Dijk, que no jogo de ida, levou o terceiro amarelo e foi impossibilitado de jogar a partida de ida.
Em Anfield, depois de um jogo bem morno, o Liverpool conseguiu sair com um 0-0 e decidir a vaga na Allianz Arena. Na volta, já com o elenco completo, os Reds despacharam os atuais campeões da Bundesliga, vencendo por 3-1 e mandando embora o fantasma de eliminações que o Klopp sempre sofria contra os alemães.
Nas quartas, veio um velho conhecido, o Porto, que os Reds já haviam enfrentado na temporada anterior, só que desta vez em uma fase adiante. Depois de vencer a ida por 2-0, na volta o Liverpool aplicou um 4-1, em pleno Estádio do Dragão e se qualificou para enfrentar o Barcelona, em um das semifinais mais épicas da história da Champions.
Virada histórica contra o Barcelona
Jogar no Camp Nou nunca é fácil, principalmente por enfrentar o melhor jogador do mundo, o argentino, Lionel Messi e os Reds foram mais um a endossar a estatística. Depois de entrar com uma escalação um tanto quanto estranha, colocando 3 zagueiros e 4 volantes, o Liverpool acabou perdendo por 3-0, depois de um show de Messi e fez muitos pensarem que a temporada europeia tivesse acabado por ali.
Ledo engano, porém, além do placar adverso, Klopp perdeu Firmino, Keita e Salah, que lesionados, não tiveram condições de jogar a partida de volta. Com toda aquela mística de sempre, ficou a cargo de Origi e Wijnaldum decidirem a favor dos vermelhos, fazendo vir uma das classificações mais gostosas e que credenciou ainda mais o Liverpool a ser hexacampeão.
Segunda final consecutiva
Desta vez com amplo favoritismo, o Liverpool era tido por muitos como a equipe que se credenciou a ser campeã, após chegar novamente na final e despachar o Barcelona da forma em que aconteceu. Entretanto, o adversário era um time bem animado e que chegava em sua primeira final, o Tottenham de Mauricio Pochettino.
Com mais ou menos 50 mil torcedores em Madrid, certo que muitos sem ingresso, o Liverpool foi pra cima dos Spurs e logo no 1º minuto de jogo, a bola tocou no braço de Sissoko e pênalti para os Reds. Salah cobrou e colocou o Liverpool na frente no placar. A partir dali, o time de Klopp apenas administrou o resultado, segurou bem a pressão, botou o Alisson pra testar toda a sua elasticidade e ampliou o marcador no fim do jogo, com um gol do talismã, o belga, Divock Origi, que em alguns jogos da temporada nem no banco de reservas figurava, mostrado que o título era épico e tinha endereço certo.
Foi a primeira taça europeia de Klopp e a sexta do Liverpool, fazendo os vermelhos se consagrarem como o terceiro maior vencedor da competição e coroando uma temporada que terminou com o vice da Premier League, após brigar até a última rodada com o Manchester City. Foi uma conquista merecida e que coloca o alemão na prateleira dos maiores técnicos da história vitoriosa do Liverpool Football Club.
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