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NO TEMPO EM QUE EU GOSTAVA DOS ESTADUAIS

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Quem me conhece hoje, falando que não assisto jogos de estaduais, mal imagina que houve uma época em que eu me interessei muito por essas competições.

As primeiras lembranças que eu tenho dos campeonatos estaduais são de um jogo entre Araçatuba x Palmeiras, que vi num dia em que visitava uma tia minha que morava em Betim, e outro entre Montes Claros x Cruzeiro, que vi com meu tio numa tarde de sábado. Isso foi em meados dos anos 90, provavelmente em 1996.

Era o auge do meu período de criança/adolescente “fritado” por futebol, que via tudo que é jogo que passava na TV e escutava tudo o que era veiculado no rádio. Via clássicos e, em especial, os jogos com equipes do interior. Como na época, era comum que as TVs transmitissem os jogos predominantemente realizados no interior, eu me fascinei pelos campos acanhados do interior. E foram anos assim, “colecionando” a estima por novos campos. Castor Cifuentes, Israel Pinheiro, Antonio Lins Ribeiro Guimarães, Hermínio Ometto, Ulrico Mursa, Ferreirão, Rua Bariri, Conselheiro Galvão, Cambará, Vermelhão da Serra e por aí vai… Quem acompanhava os estaduais dos anos 90 vai reconhecer todos eles.

Mais do que ver estádios (que eu inclusive desenhava), o que me chamava atenção era ver aqueles jogos espremidos e nem sempre de boa qualidade me ganharem pela verdade que eles tinham. Eram os pequenos do interior lutando para vencer os grandes. Eram times que se identificavam com a cidade acima de tudo.

Lá pela virada dos anos 2000, os estaduais tinham jogos incríveis. Aquela volta do Raí para ajudar o São Paulo a ganhar do Corinthians, ou o jogo da treta do Edílson entre Palmeiras e Corinthians. O inesquecível Cruzeiro e Villa do maior público do Mineirão ou as goleadas nas finais entre Cruzeiro e Atlético (a do Fábio de Costas ou as do duplo 5×0). O Botafogo e Vasco da rebolada do Edmundo, o Fla x Flu da barriga do Renato, o Vasco x Flamengo do golaço do Pet… Tem muito jogo incrível que rolou em estaduais.

E olha que na minha época era só TV aberta e muitas vezes eram só jogos do Rio, São Paulo e, claro, de Minas.

Era muito bom. E eu nem me preocupava com a importância que eles tinham, que era enorme. Principalmente para os interioranos que citei.

Aliás, recomendo ver o vídeo do Canal Que História! que fala muito sobre a importância dos estaduais para as rivalidade.

Mas depois da virada dos anos 2000 para os 2010, os estaduais minguaram. Os Campeonatos que tinham a essência de agradar quem estava nos estádios, passaram a ter que agradar o público da TV. Chegamos a ter todos os jogos transmitidos e pouquíssimas pessoas interessadas em ver. Quando os clubes passaram a negociar as transmissões de seus jogos como mandantes, chegamos a ter jogos que não eram transmitidos e isso impressionou muita gente. Ah, os jovens que não viveram os anos 90.

Times de aluguel, montados apenas para disputar o torneio; times vendendo mando campo ou até mesmo jogando fora de suas cidades; regulamentos bizarros; times grandes jogando com equipes reservas e até juvenis… No fim os estaduais perderam o encanto. Nível baixo, sem encanto, afasta o interesse.

Assim, nos últimos anos, a chama dos estaduais apagou em mim. Parei de ver, com raríssimas exceções. Mas as lembranças ficaram. E com elas a saudade.

Em 2023, tive a impressão de que os estaduais estão tentando se reerguer. Espero que consigam e, principalmente, que se remodelem. Não sou doido de querer que voltem no formato do passado, mas que mantenham seu espaço e de uma forma que seja sustentável. Principalmente pra quem é pequeno.

Espero que essa impressão se mostre uma tendência e que eu não precise ficar só na saudade de um tempo em que jogar jogo de estadual era coisa séria, que lotava estádio.

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