A NBA, O SHOW E A FORÇA DE UMA MARCA BEM GERIDA
Enquanto o pessoal botava o bloco na rua no carnaval, eu dava uma olhada no All Star Game 2015, que voltou a capital do basquete, New York. O evento é sensacional por si só e mostra todo o espetáculo que o basquete americano proporciona. E aí me ocorreu uma coisa: como é bem gerida essa marca da NBA. Para entender melhor, temos que ver como se organiza a temporada do basquete americano e como ela é vendida.
O sistema é o mesmo das grandes ligas esportivas americanas: trinta franquias separadas em duas conferências e subdivididas em divisões de cinco times. Uma temporada regular, os playoffs e a grande final. A segurança do calendário ajuda muito a vender a solidez da marca e raramente se vê alterações, como acontecido em decorrência da greve no final de 2011.
A marca da NBA é fortíssima nos EUA, uma vez que o basquete é um dos esportes nacionais. Para fortalecer ainda mais a marca fora do país, a liga entrou em um processo de internacionalização, principalmente depois dos anos 2000. Além de trazer jogadores como Dirk Nowitzk, Manu Ginobili, Yao Ming e Paul Gasol, que abriram as portas para uma legião de estrangeiros, a Liga passou a realizar eventos mundo afora. Além de escritórios em locais estratégicos, as equipes realizam pré-temporadas fora dos EUA, que incluem os NBA Global Games, jogos realizados pelas equipes em países estratégicos, como o Brasil, que recebeu nesta pré-temporada o duelo entre Cavaliers e Heat. Ações como essas, além de fazerem a festa dos fãs da NBA mundo afora aumentam o faturamento.
Transmitida em 90 canais, para 215 países, em 47 idiomas, a NBA atrai espectadores pelo mundo e fatura alto. As receitas da NBA, que eram US$ 118 milhões na temporada 1982-1983, atingiram US$ 4,6 bilhões no ano de 2013. No decorrer da temporada a liga ainda realiza ações para públicos específicos. Exemplo disso é o “Noches Éne-Bé-Á”, onde determinados jogos são selecionados para que as equipes joguem com uniformes personalizados com nomes em espanhol. Um prato cheio para o público latino. Outro exemplo foi a homenagem feita ao ano novo chinês, em que Golden State Warriors e Houston Rockets jogaram com o nome em chinês nos seus uniformes. Atendendo a todos os públicos.
O All Star Game é outra grande sacada. Realizado desde 51, o evento na verdade é um fim de semana de festa, que inclui o jogo dos artistas, os torneios individuais (enterradas, bolas de três pontos e habilidade) e o esperado duelo entro leste e oeste. Não vale nada, ninguém joga sério, mas todos se preocupam com o espetáculo. Resultado: casa cheia recordes e uma grande audiência. Na edição deste ano, em New York, quando Zach LaVine imitou a enterrada de Michael Jordan, numa homenagem ao filme “Space Jam”, a NBA obteve audiência média de 6.1 milhões de telespectadores. O próprio Space Jam, foi uma das maiores jogadas de marketing da história da liga, ao juntar Jordan e a turma do Pernalonga nas telas do cinema.
Cada jogo da NBA é um espetáculo a parte e cada franquia pode explorar ao seu modo as ações de arrecadação. Jogando por auto, só com suas arenas, as franquias da NBA devem arrecadar mais que 50% das receitas totais dos times brasileiros. Essa é a prova de que se a gestão de uma competição é feita com eficiência e sua marca trabalhada de forma sólida, não é nada complicado vendê-la. E vendê-la bem. A NBA é um dos bons exemplos, principalmente para as competições sul-americanas, que na maioria das vezes beira o amadorismo.
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